Infelizmente, assim como os advogados, os juízes de futebol e os políticos, os profissionais da contabilidade ainda são mal vistos por uma boa parte da sociedade brasileira, especialmente pelas pessoas mais leigas, que não conhecem a verdadeira função dos contabilistas para o desenvolvimento econômico-social da nação.
O bom empresário entende a importância do contador para o desenvolvimento dos seus negócios. Afinal, é a contabilidade que produzirá as informações necessárias para a tomada de decisões em sua empresa, demonstrando, por exemplo, se houve lucro ou prejuízo, se a empresa apresenta uma situação financeira adequada para as suas operações, ou mesmo se o retorno sobre os investimentos está dentro do esperado.
O contabilista é o profissional que mais deve conhecer a empresa na qual atua, pois todos os dados relativos à produção, comercialização, administração e operacionalização passam por seu olhar técnico. Poucas profissões arcam com uma responsabilidade tão grande dentro da empresa quanto a do contador.
Mesmo nas pequenas empresas, apesar de ainda encontrarmos uma grande resistência por parte de um grupo considerável de empresários deste porte que ainda não enxergaram os benefícios da contabilidade completa para o seus empreendimentos (atendo-se exclusivamente ao cumprimento das exigências fiscais), já estamos, aos poucos, conseguindo mostrar nosso potencial como parceiros estratégicos, assessorando os usuários da contabilidade na tomada de decisão.
Ainda assim, fora do mundo empresarial, a maioria das pessoas só houve falar do contador quando lê uma notícia no jornal sobre algum caso de fraude ou sonegação, o que contribui ainda mais para a depreciação da imagem de nossa classe.
Nesse sentido, é dever de todo contabilista adotar uma postura ética em sua prática profissional, de modo a reverter esse juízo de valor negativo que ainda acompanha a nossa profissão. É uma tarefa árdua, mas que, aos poucos, temos alcançado com êxito.
Por sua vez, as entidades de classe também devem atuar ativamente para que a sociedade passe a enxergar os nossos profissionais contábeis com o respeito que eles merecem e não com a imagem negativa e antiética alastrada por algumas poucas exceções.
Exemplos recentes dessa atuação foram as notas emitidas por diversos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC) de todo o Brasil à Rede Globo, demandando uma retratação quanto ao tratamento que estava sendo dado à imagem dos contadores retratados na novela “Guerra dos Sexos”.
Em vários capítulos exibidos no início deste ano, os contadores foram chamados de “especialistas em falcatruas”, “maquiadores de balanços”, “fraudadores” e outras denominações pejorativas.
Mesmo se tratando de obra de ficção, uma novela transmitida nacionalmente por uma emissora líder em audiência não deixa de ser uma formadora de opiniões, de modo que as entidades de classe acertaram ao expressar sua indignação com a forma através da qual o profissional contábil vinha sendo retratado.
Ainda assim, a verdade é que a melhor arma que temos a favor da nossa imagem é continuarmos realizando nossas atividades profissionais com responsabilidade ética, atuando de forma íntegra e contribuindo para o desenvolvimento da sociedade.
Obviamente, seria utópico acreditar que poderíamos ter uma classe contábil 100% ética e honesta. Em toda profissão, sempre irão existir os maus profissionais, que se utilizam de técnicas antiéticas para obter ganhos pessoais. O mais importante é que essas exceções sejam punidas e que nós, contabilistas responsáveis e comprometidos com a nossa integridade profissional, continuemos a fazer nosso trabalho de maneira honesta. Com isso, aos poucos, passaremos a ser vistos com o respeito que a nossa classe merece.
