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A premissa essencial da erradicação da miséria

Lançado recentemente, o Relatório Anual 2013 do Banco Mundial (BIRD), que teve pouco destaque na mídia brasileira, apresenta como foco um tema da maior importância: a meta de reduzir para 3%, até 2030, o índice de pessoas que vivem ...

06/12/2013 11:48:30

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A premissa essencial da  erradicação da miséria

Lançado recentemente, o Relatório Anual 2013do Banco Mundial (BIRD), que teve pouco destaque na mídia brasileira, apresenta como foco um tema da maior importância: a meta de reduzir para 3%, até 2030, o índice de pessoas que vivem com menos de US$ 1,25 por dia. Seu conteúdo alerta para a necessidade de se promover a melhoria de rendimentos dos 40% mais pobres, enfatizando que nenhum país saiu da condição de economia de renda média mantendo níveis elevados de desigualdade.

O trabalho salienta, por outro lado, que nas últimas três décadas o quadro mundial melhorou, pois o percentual de pessoas que vivem em pobreza extrema em 2013 é menos da metade do que era em 1990. Porém, mais de um bilhão de indivíduos ainda está desamparado e a curva da desigualdade e da exclusão social parece estar recrudescendo em várias nações. Por isso, é necessário vencer muitos desafios urgentes e complexos para manter o recente impulso de redução da miséria.

A recuperação econômica do mundo permanece frágil em 2013, cinco anos após a eclosão da crise internacional, observa o relatório do BIRD, salientando que os países desenvolvidos lutam contra o alto desemprego e a fraca expansão de seus PIBs, enquanto as nações em desenvolvimento estão crescendo mais lentamente. Nesse cenário, o processo de mitigação da pobreza torna-se mais difícil.

Uma das prioridades apontadas é tornar os Estados mais eficientes e capazes de prestar serviços públicos de qualidade. Muitos governos, contudo, não conseguem atender às demandas. Em decorrência disso, cerca de 7% da população não têm acesso a água potável e 20% dos latino-americanos ainda carecem de serviços de saneamento básico. A insegurança é outro problema grave. Os custos com segurança e cuidados de saúde chegam a quase 8% do PIB na América Central, 5% no Brasil e 3,7% na Jamaica.

O trabalho cita o nosso país, assim como os demais, em exemplos pontuais como esse relativo aos gastos orçamentários. Sabemos, porém, que o Brasil, a despeito do grande movimento de inclusão socioeconômica dos últimos anos, ainda tem cerca de 16 milhões de pessoas a serem resgatadas da miséria, segundo dados oficiais. Independentemente das análises e ações de caráter internacional, somente venceremos esse desafio se cumprirmos com eficácia algumas tarefas primordiais para a retomada de um ciclo de crescimento econômico mais substantivo.

Em caráter de urgência, é necessário sanar problemas que estão provocando desconfianças e suscitando o ceticismo dos investidores quanto à economia nacional. Refiro-me aos resultados negativos da balança comercial e das transações em contas correntes em 2013 e à deterioração do balanço fiscal do governo, que vai se tornando indisfarçável. E, por mais redundante que seja, é preciso insistir na premência das reformas tributária, previdenciária e trabalhista, segurança jurídica e menos burocracia no ambiente de negócios.

Programas como o Bolsa Família, o aumento do salário mínimo e outras medidas com as quais o Estado atende os mais pobres são importantes, porém insuficientes ante as dimensões da miséria. A premissa essencial para erradicá-la é o crescimento econômico sustentável, que promove a inclusão social e a distribuição de renda por meio do trabalho.

*Antoninho Marmo Trevisan é o presidente da Trevisan Escola de Negócios, membro do Conselho Superior do MBC (Movimento Brasil Competitivo) e do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República).

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