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Leitor: Faça a sua Parte!

16/08/2006 00:00:00

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Leitor: Faça a sua Parte!

Caro leitor, o que você pode fazer por um mundo melhor? Começo esse artigo como essa interrogação uma vez que tenho percebido que a maioria das pessoas com quem converso não acredita mais nas atitudes individuais que podem fazer em busca de um mundo melhor. Tanta corrupção, tanta roubalheira na vida pública, são CPI´s de "Sanguessugas" (e por falar em CPI, cadê os resultados das CPI´s dos "Correios" e do "Mensalão"?) entre outros grandes exemplos tristes que têm tirado a esperança das pessoas e as mesmas passam a se achar impotentes e inertes frente às mudanças necessárias.

Infelizmente, o noticiário diário estampa muito mais coisas ruins do que boas. Isso tem um efeito nefasto na qualidade de vida das pessoas. A corrupção aliada à impunidade que impera no nosso País contribui e muito para o subdesenvolvimento sócio-econômico. Uma parcela cada vez maior da população vai mergulhando na pobreza e até na miséria, ficando à margem do consumo mínimo para sua sobrevivência. Por outro lado, uma pequena parcela vai se tornando cada vez mais rica às custas da nação como um todo. E não é somente a parcela podre dos administradores do dinheiro público que se beneficiam da conjuntura, mas também as instituições financeiras, representadas pelos bancos, pelas financeiras e por todos os demais agiotas que vem se aproveitando da política monetária de juros altos. Para confirmar tal observação, basta conferir a evolução dos lucros recordes de alguns bancos divulgada recentemente. Esses são apenas alguns exemplos que desanimam e fazem as pessoas desacreditarem em si mesmas como agentes modificadores da realidade atual.

É bem verdade que as mudanças macroeconômicas como o combate à corrupção e à impunidade, a recuperação da saúde e da educação pública, a restauração das estradas, o combate à violência e a recuperação da segurança pública entre outras que se fazem urgentes não acontecerão de uma hora para outra pois requerem medidas estruturais e de médio e longo prazo. Para tal, um planejamento integrado entre as esferas municipal, estadual e federal é necessário. Mas enquanto isso não acontece, precisamos acreditar que as nossas atitudes individuais são importantes. Certo dia, uma conhecida minha disse que podemos não mudar o mundo, mas podemos torná-lo melhor.

E que exemplo de medidas individuais podem ser tomadas? Caros leitores, a partir do momento que economizamos água, através do uso racional, estaremos preservando esse recurso natural para as futuras gerações. Quando colocamos no prato apenas o que vamos comer, estamos diminuindo o desperdício de alimentos, pois o que sobra no nosso prato, falta no de alguém que se encontra passando fome, como afirmou um ex-aluno meu. Quando economizamos energia elétrica, a nossa conta vem mais baixa e com isso sobram recursos que poderão ser destinados a outras despesas. Quando temos consciência do padrão de vida que levamos e procurarmos gastar o que a nossa renda permite, a nossa saúde financeira se fortalece e podemos passar a poupar para fazer face a imprevistos e crescer de patrimônio.

Quando respeitamos as diferentes opiniões dos que nos cercam, estamos dando um enorme passo para uma sociedade mais harmoniosa e com isso, menos violenta. Quando paramos um pouco de pensar exclusivamente nos nossos problemas e despendemos um pouco a atenção para escutar alguém que está precisando de uma palavra de conforto e amenizamos os seus sentimentos tristes estaremos dando uma oportunidade dessa pessoa voltar a ter a alegria de viver (e quantos suicídios já foram evitados pelo simples fato de pessoas, no auge da sua angústia, encontrarem um ombro amigo para desabafar). Quando separamos o lixo orgânico do não-orgânico (plástico, papel, papelão etc.) e o encaminhamos aos catadores de material recicláveis estamos contribuindo para diminuir a poluição bem como estamos colaborando com o sustento de pessoas que não encontram emprego no mercado formal de trabalho e fazem do lixo um luxo. Quando exigimos o troco correto (mesmo que seja apenas 1 centavo) estamos valorizando o nosso dinheiro honesto. Quando paramos de reclamar pelos bens que não temos e valorizamos o que temos, somos mais felizes.

Enfim, caro leitor, faltariam linhas para enumerar atitudes que podemos começar a tomar agora, em busca de um mundo melhor. Conclamo a você que não se acomode, por mais que o mundo queira isso. Não leve uma vida "morna". Acredite que você é igual a um jardineiro e plante uma semente na cabeça de cada pessoa com quem você convive. Comece pela sua casa e estenda aos vizinhos, aos colegas de estudo e de trabalho. Na semana passada assisti a um filme chamado "Corrente do bem", que tratava exatamente do tema central desse artigo, ou seja, do efeito multiplicador positivo das nossas atitudes individuais benéficas, ou seja, como aquelas pessoas que recebiam um benefício passavam a fazer o bem para outras pessoas e assim sucessivamente.. Vale a pena assistir.

Finalizo esse artigo dando uma sugestão: pare um pouco, pense com tranqüilidade e anote dez coisas que você pode fazer por um mundo melhor e comece a praticá-las. Talvez, no início você não perceba a diferença, mas à medida que o tempo vai passando e essas medidas passam a virar hábitos cotidianos você vai perceber um mundo melhor a sua volta. Saiba que você pode não mudar o mundo, mas com certeza o tornará um pouco melhor. E já pensou, se muitas pessoas passarem a agir assim. E aí, quem sabe, algum dia, aquelas medidas macroeconômicas estruturais, mencionadas no início do texto, possam ser alcançadas.

Fernando Antônio Agra Santos é Doutor em Economia Aplicada e Professor Universitário em Juiz de Fora - MG ([email protected])

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