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Evolução na Análise Contábil dos Capitais

24/08/2006 00:00:00

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Evolução na Análise Contábil dos Capitais

Inequívoca é a evolução de metodologia na análise das empresas, assim como na doutrina científica atinente a conduta do capital.

Como por natureza tudo o que se investe para exercer uma atividade tende a sucessiva transformação, de há muito se agravou o problema derivado da insuficiência na simples leitura de um balanço patrimonial para fins de entendimento sobre a conduta da riqueza.

Tal realidade fez com que os estudos contábeis passassem gradativamente a se dedicar muito mais à "dinâmica" que à "estática patrimonial".

Desde as primeiras décadas do século XX um alerta se fez sentir nas obras de diversos autores alemães, principalmente na de Eugenio Schmalenbach, no sentido da necessidade de uma visão evolutiva, ligada às influências externas sobre as empresas.

A exigência acentuou-se nos fins do século referido a fim de que a escolha de alternativas ágeis se tornasse factível.

Maior passou a ser o empenho exigido do profissional da Contabilidade no que tangia a orientações tempestivas e lépidas.

Se por um lado os computadores se tornaram magníficos auxiliares, por outro um apoio doutrinário se fez igualmente necessário.

O foco dos estudos passou, então, a ser não apenas o dirigido à condição do momento presente ou de um passado próximo, como a tradição consagrara, mas, também quanto ao "futuro da atividade".

A pressão derivada da concentração empresarial nos mercados e a da abertura destes fez cada vez mais competitiva a luta pelos espaços e tal evento abalou alguns modelos clássicos.

São exemplos exuberantes os relativos aos custos em bases históricas e aqueles dos elementos previsores dos "fluxos".

Chegou-se a conclusão de que o comportamento do resultado das empresas tinha que sofrer modificações para atender a uma realidade diferente.

Atendeu-se a vocação das ciências humanas, como a Contabilidade, a Administração, que é a de seguir a evolução do homem e tudo a ele pertinente.

Surgiram, então, os modelos sobre os denominados "custos de conveniência", "custos de oportunidade" e os "fluxos" relativos a situações futuras.

Quem tomar em mãos uma obra contábil dos fins do século XIX e uma do início deste XXI poderá perceber a nítida diferença, caracterizada pela sofisticação imposta e ampliação de visão atada ao método holístico (como o apresentou o Neopatrimonialismo).

Os estudiosos da "economia aziendal", da escola italiana de Pisa, no inicio da segunda metade do século XX já advertiam seriamente sobre o que denominaram como "critérios de conveniência", uma apologia das "alternativas" de decisões, e, anos mais tarde, surgiram matérias que tratavam de uma denominada "Contabilidade Estratégica".

Posso discordar, como deveras discordo da infelicidade conceitual que passou a ser implantada, mas, adoto a tese de que os modelos de comportamento do patrimônio precisam considerar não só as influências internas, mas, também, de forma relevante, as externas, de forma holística.

Admito, igualmente, que o fator "continuidade dos empreendimentos" é questão vital a ser considerada e que a observação não se pode confinar a limites convencionais de tempo, apenas, como o de um "exercício".

Tudo o que influi para movimentar o capital deve ser alvo de preocupação quando a meta é a prosperidade.

Sendo a referida uma seqüência de eficácia no tempo, se neste se forma, neste deve ser considerada para fins de análise.

Embora o futuro longínquo venha-se tornando cada vez mais incerto, não é de todo inviável que pelo menos um próximo se possa ponderar.

Os modelos, os orçamentos que abrangem períodos de muitos anos, no campo dos investimentos, só em raríssimos casos comprovaram-se satisfatórios em face da instabilidade econômica, do expressivo avanço tecnológico, da própria vida interna dos empreendimentos ou de fatores aleatórios.

Também o progresso acelerado em razão do que se investe em pesquisas, oferece alternativas de consumo que vêm contribuindo para mudar, significativamente, a cada momento, as preferências e opções de uso e com isto o próprio comportamento dos mercados.

Fato é que a moderna análise contábil das situações dos capitais já não se pode confinar em um só exercício, necessitando, ainda, visão sob o método do holismo, ou seja, este que no campo das ciências humanas prioriza o entendimento integral dos fenômenos, em oposição ao procedimento da consideração apenas de tempos e espaços isolados.

Tais mudanças metodológicas, por sua vez, adicionalmente implicam visões acerca de riscos progressivamente maiores sobre os investimentos e a das mudanças significativas pertinentes.

Maiores cuidados, portanto, passam a requerer estudos contábeis sobre dois sistemas de função da riqueza: 1) o que protege a empresa contra o risco (invulnerabilidade) e 2) o que destaca a necessidade de vitalidade (economicidade).

Na prática, todavia, ainda, não se promoveu em Contabilidade um desenvolvimento informativo compatível com as amplas necessidades da análise dos riscos que envolvem as reintegrações do capital em uso.

Ou seja, destacam-se os valores da estabilidade (que o balanço patrimonial evidencia), os dos lucros ou perdas (que a demonstração de resultados mostra), os da circulação (que as demonstrações origens de aplicações e recursos, mesmo deficientemente, acusam), mas, não se cuida ainda de evidenciar competentemente os sistemas dos riscos e da economicidade, em suas plenitudes.

As transformações constantes do ambiente que cerca o patrimônio, todavia, requerem hoje, mais que nunca, estudos acurados sobre os sistemas do risco (invulnerabilidade) e da vitalidade (economicidade) no que tange a interação entre estes.

O aleatório, a vitalidade são fatores de alta relevância que não só atingem as estruturas dos capitais, mas, notoriamente, a dinâmica destes, a presença que no mercado a empresa precisa ter, comparecendo com preços competitivos derivados de valores convenientes.

O fenômeno da formação de um custo adequado, ao sabor do mercado, sempre foi uma preocupação, mesmo na Antigüidade, pois, nunca deixou de ser uma realidade; assim já o era quando em 1655 Bastiano Venturi denunciava a importância de tais aspectos, em uma obra que entendo tenha sido a pioneira em Contabilidade para a gestão.

Antônio Lopes de Sá

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