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O Mito do Medo do Dinheiro

Ainda hoje há quem pense que ter dinheiro equivale a ter problemas, ou ainda condiciona ter dinheiro a ser infeliz no amor ou nas relações afetivas. Este conceito do medo da riqueza pode e deve ser combatido para o bem de toda a sociedade.

23/10/2014 08:00:21

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O Mito do Medo do Dinheiro

“Miséria é miséria em qualquer canto

Riquezas são diferentes...”

Esta frase, da música Miséria, dos Titãs, serve para começar a discutir um dos medos mais introjetados e ocultos das pessoas no que tange a dinheiro – o medo do dinheiro, de sua fartura e presença. Pode parecer anacrônico e mesmo paradoxal, mas há muita gente que tem verdadeiro pavor da possibilidade de ter dinheiro. E, tendo dinheiro, precisar administrar não só o dinheiro em si, mas também suas relações pessoais neste cenário de riqueza.

Ouço ainda hoje pessoas dizendo que “ter muito dinheiro é um problema”. O apoio desta frase está calcado em crenças que misturam dogmas religiosos do tipo “pobres vão para o céu mas os ricos não” até mesmo a falta de tempo para viver rico. Há também as frases “sem dívida o país não cresce”, e “quando tem pouco é que a gente se mexe”. Ambas inspiram a pessoa a realmente ter pouco dinheiro para evitar problemas.

E quando se trata da relação social? Nesta hora parece que ser próspero e rico é conspirar contra os amigos, tornar-se melhor que eles ou ainda perder os verdadeiros amigos e ficarem somente os interesseiros. Ora, será que os verdadeiros amigos vão se incomodar porque você é bem sucedido profissionalmente? Eles inclusive podem aprender com seu exemplo e se inspirar para conseguir o mesmo progresso. 

Na relação conjugal – pasme! – há quem credite o fim ou início de novas relações por conta da interferência do dinheiro em quantidade. Será que o dinheiro em bom volume não desencavou os ocultos problemas que se arrastavam pela falta de recursos, e agora poderiam ser sanados? Um casal em crise pode ter diversos motivos para problemas, mas se há o interesse mútuo em manter o casamento ambos irão vencer os desafios, e o dinheiro pouco irá intervir quando existe o desejo de serem felizes juntos. Tanto quando o dinheiro é pouco quanto quando o dinheiro é muito.

Há quem diga ainda que dinheiro à vontade estimula o ócio. Não é isso que vemos na sociedade: muita gente abastada, que não precisaria trabalhar por gerações, continua na lida por motivos que vão desde querer aumentar seu patrimônio até a realização pessoal, este sim o grande sal da vida. Ter mais dinheiro permite mais escolhas, mas não é um eliminador de atividades – pelo contrário, gera mais oportunidades de trabalho para toda uma sociedade.

O mito de que ter dinheiro equivale a ter problemas tem sua origem num passado de dominação e controle social. Pobres eram tutelados por seus “donos”, e estes “donos” – feitores, feudalistas e outras modalidades de exploração do trabalho – decidiam pelos pobres até porque consideravam os pobres sem intelecto. Controlavam seus atos, palavras e mesmo pensamentos. Á medida que a sociedade foi se tornando mais dinâmica, aberta e com mobilidade social, a riqueza foi sendo expandida, capaz de ser alcançada por muito mais gente do que há pouco mais de um século. O dinheiro não é um volume com um fim; pelo contrário, é algo que se multiplica constantemente numa sociedade mais equilibrada. Portanto, não pense que sua riqueza fará alguém desconhecido mais pobre. Todos têm potencial para enriquecer, na medida que desejarem partindo de um controle melhor sobre o recurso financeiro. Sua riqueza não irá empobrecer ninguém, se for ética e lícita. Pense nisso.

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