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A importância da manutenção do Fluxo de Caixa para a gestão financeira e as consequências de más decisões

Este artigo explica um pouco sobre a importância da elaboração e manutenção do controle financeiro de direitos e obrigações para o sucesso de qualquer negócio.

01/10/2015 10:45:49

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A importância da manutenção do Fluxo de Caixa para a gestão financeira e as consequências de más decisões

Muitas pessoas me procuram para conversar sobre os problemas que vêm enfrentando nos seus negócios ou mesmo na sua vida pessoal em virtude de falta de dinheiro acarretado, na maioria das vezes, pela falta de controle dos valores recebidos em direitos (o dinheirinho nosso de cada dia) e das obrigações (o que torna as contas correntes em saldos negativos). Claro que, quando tratamos de finanças, devemos entender, que grande parte da população não teve uma educação financeira na infância ou adolescência, a fim de que na fase adulta os frutos fossem colhidos para a bonança pessoal. Mas essa ausência de conhecimento pode ser revertida com o mínimo de esforço pessoal, dedicação e esforço. Por isso, sempre nessas conversas, a fim de ser extremamente objetiva e nem um pouco cansativa, eu explico um pouco sobre a existência de uma das mais importantes peças na gestão financeira: o fluxo de caixa financeiro.

O fluxo de caixa financeiro é o acompanhamento de todas as entradas (receitas) e saídas de recursos (despesas), num período de tempo, determinado pela necessidade particular de cada um ou de cada negócio. Claro que há recomendações de tempo em virtude de boas práticas, mas nada impede que você ajuste a sua peça de acordo com a sua necessidade. As entradas de recursos são os valores relativos a direitos a receber que representam os saldos positivos da “demonstração”. Cabe registrar, que coloquei a palavra demonstração entre aspas em virtude de que estou me referindo à demonstração gerencial, e não à demonstração contábil do Fluxo de Caixa. A demonstração contábil segue o regime de competência e possui uma estrutura definida por normas contábeis específicas, enquanto que a demonstração financeira segue o regime de caixa. Claro que se trata de uma demonstração gerencial e que, portanto, não é publicada em conjunto com as demais demonstrações contábeis. Esta demonstração gerencial é base para a estratificação da situação financeira pela qual a empresa vive e viverá em dias, semanas, meses e anos. Assim, como já explicamos anteriormente, em dedução às entradas, vem as saídas. As saídas de recursos são justamente as obrigações as quais devemos possuir recursos suficientemente para liquidá-las. Ora, se temos um conceito tão simples sobre entradas e saídas, porque ainda sim temos tantos problemas com as nossas empresas e com a nossa vida financeira pessoal? Deixem-me ilustrar com uma estória real.

Pois bem! Um dos meus grande amigos, um brasiliense muito gente fina, formado em administração de empresas, decidiu largar o seu emprego para abrir uma sorveteria no bairro em que morava. O negócio ia muito bem, uma vez que ele tinha apenas que gerenciar o consumo do sorvete, administração de estoque e o custo com pessoal e de administração da loja. Certa vez, em virtude da obtenção de resultados muito positivos com as vendas, ele decidiu expandir o seu negócio e também implementar uma cozinha de massas e petiscos. Fomos conversar à respeito da necessidade de investimento que ele teria e que isso seria muito perigoso, uma vez que ele não havia nem completado 1 ano de sorveteria e já queria mudar o seu negócio. Ele não tinha a menor noção dos gastos que teria, mas achava que os pseudo lucros que obtinha com a sorveteria iriam cobrir todo o investimento necessário para o restaurante. Conversei também sobre a necessidade de implementação de um modelo de fluxo de caixa para o levantamento à logo prazo dos gastos que ele teria com a sorveteria e mais os custos com o restaurante, para obter uma prévia de quanto seria necessário para pelo menos ter lucro zero, mas não ter prejuízos até que as coisas fossem se ajeitando. Acontece que ele não fez o fluxo de caixa nem antes e nem depois da abertura do serviço de restaurante. Não quero me prolongar muito, mas o resultado foi o seguinte: ele vendia com cartões de crédito e o giro de recebimento era bem inferior ao giro de pagamentos. Ou seja, após um longo prazo fazendo as chamadas “engenharias financeiras” ele quebrou com uma dívida de mais de R$ 500 mil reais, uma vez que não tinha mais o controle sobre os valores realmente disponíveis para a realização dos pagamentos. O fluxo de caixa é voltado justamente a esse controle do que vai entrar e do que vai sair. Trazendo o caso prático para as finanças pessoais num cenário onde os saques de poupanças têm sido assaz volumosos, caso tenhamos que complementar as nossas contas com essa reserva, não é inteligente sacarmos todo o saldo da poupança, mas sim, aquela parcela suficiente para cobrir o saldo negativo do fluxo de caixa. O restante das reservas devem continuar na conta poupança para completar  mais aniversários e gerar mais rendimentos financeiros.

É difícil imaginar como uma má gestão pode chegar num resultado tão ruim assim, mas à partir do momento em que você não conhece as suas próprias contas o resto é somente consequência da má gestão. Quando não temos ciência do que temos e do que está no porvir, podemos fazer como esse meu amigo e acabar dando passos maiores que as nossas pernas podem dar. 

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