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eSocial: empresas, gestores e trabalhadores devem se preparar para profundas mudanças na cultura organizacional das empresas.

O eSocial já é considerado o mais complexo dos projetos do Sped, pois irá mudar a maneira como empregadores de todo Brasil lidam com suas obrigações legais.

01/08/2016 15:07

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eSocial: empresas, gestores e trabalhadores devem se preparar para profundas mudanças na cultura organizacional das empresas.

Muito se tem falado nos últimos anos sobre o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) , em especial após a Lei complementar 150/2015, conhecida como Lei dos trabalhadores domésticos.

Desde então empregadores e até alguns empregados vem perdendo noites de sono imaginando com será suas vidas com a implantação deste grandioso projeto do governo federal, no âmbito das empresas.

Por todo país vem acontecendo eventos diversos abordando o tema e visando a qualificação e preparação dos profissionais envolvidos, quais sejam: profissionais de Recursos Humanos (RH) e Departamento Pessoal (DP), Técnicos em Segurança do Trabalho (TST), Médicos e Engenheiros do Trabalho, Contadores, gestores e empresários em geral.

Tanta preocupação e eventos visando a qualificação dos profissionais e empresários se deve ao fato de que mesmo diante da postergação da implantação deste grandioso projeto, frente as dificuldades que o próprio governo vem enfrentando para concluir os testes e superar as dificuldades estruturais, as empresas, seus gestores e profissionais de DP, RH e contábeis, bem como os envolvidos com segurança e medicina do trabalho não devem deixar de se prepararem para o maior e mais audacioso projeto do governo no âmbito da legislação trabalhista e previdenciária. 

Acredito que todos de uma forma em geral já compreendem quão grande é este projeto e a necessidade de que as informações fornecidas ao governo sejam corretas, precisas, objetivas e principalmente tempestivas. O que muitos destes profissionais e empresários ainda não compreendem é algo muito simples e essencial: o eSocial não traz consigo novas leis e novas obrigações, mas sim, o cumprimento de uma legislação que todos já conhecemos e que de diversas formas e por variados artifícios insistimos em burlar.

Ou seja, o eSocial traz em sua essência uma quebra de paradigmas e mudanças culturais profundas na forma de ser das empresas e dos profissionais envolvidos.

Com a implantação do eSocial, as obrigações continuarão as mesmas, pois não estamos diante de um projeto para alteração de leis, mas sim de um projeto que exigirá a aplicação das leis já existentes, algo que já sabemos, contudo poucas empresas observam.

Portanto, as empresas terão que se reorganizar para cumprir tempestivamente as obrigações, pois a fiscalização agora será online, averiguando e multando automaticamente as infrações cometidas. 

O governo assim define o eSocial: trata-se de um projeto do governo federal que vai unificar o envio de informações de todos empregadores em relação aos seus empregados.

O projeto é resultado de uma ação conjunta de órgãos e entidades do governo federal, formando um consórcio. Os órgãos participantes, são: Caixa Econômica Federal (CEF), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) , Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). O Ministério do Planejamento também participa do projeto, promovendo assessoria aos demais entes na equalização dos diversos interesses de cada órgão e gerenciando a condução do projeto, através de sua Oficina de Projetos.

Segundo Rezende, Silva e Gabriel (2016) o objetivo deste projeto é unificar as informações enviadas pelos empregadores centralizando estas em um ambiente que possa ser consultado por todos órgãos participantes do consórcio. O governo tem a missão de implementar um projeto ousado que visa reduzir a burocracia, e ao mesmo tempo facilitar a fiscalização das obrigações trabalhistas, previdenciárias, tributarias e fiscais.

Este projeto não surgiu sozinho e não existe de forma isolada, na verdade ele faz parte de um projeto muito maior que é o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) o qual foi instituído pelo Decreto 6.022 de 2007, tornando-se um avanço na informatização entre o fisco e os contribuintes. Com o Sped o governo aumentou o controle, agilidade e eficiência na fiscalização de informações contábeis e fiscais de empresas, já que estas passaram a ser prestadas via meio eletrônico, padronizando o compartilhamento de informações contábeis e fiscais, como parte integrante do Sped podemos citar: Escrituração Contábil Digital (Sped Contábil), Escrituração Fiscal Digital (EFD), Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) entre outros.

O eSocial já é considerado o mais complexo dos projetos do Sped, pois irá mudar a maneira como empregadores de todo Brasil lidam com suas obrigações legais. Se antes estes empregadores enviavam cada um das obrigações ao Fisco individualmente à cada ente (CEF, MTPS, RFB...), com a implantação do eSocial tais informações serão enviadas através de único portal.

Segundo Rezende, Silva e Gabriel (2016) este portal receberá informações de variadas formas de trabalho contratadas no Brasil e permitirá a eliminação, com o tempo, de uma série de informativos que hoje são enviados a órgãos do governo como a Guia de Recolhimento de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações a Previdência Social (GFIP), o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) , a Guia da Previdência Social (GPS) e a Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf) .

As expectativas com a implantação do eSocial não são das melhores, diferente de todas as demais obrigações acessórias o eSocial exigirá um esforço a mais de todos os envolvidos para que os seus objetivos de fato sejam alcançados, trata-se de um desafio gigantesco para empregadores, trabalhadores e governo, entre as criticas que o projeto recebe estão o excesso de informações, prazo para implantação e a complexidade de nossa legislação trabalhista, a qual dificulta e muito a vida dos empregadores.

Percebe-se que o governo vem se esforçando para que problemas estruturais do projeto sejam superados, contudo cada empresa deve entender e compreender a magnitude deste projeto e criar equipes multidisciplinares para encarar mais este desafio. As constantes dilatações de prazos para implantação do programa e dificuldades que o governo vem enfrentando para implementar esta ferramenta não podem ser desculpas para inércia dos empregadores, todas as empresas precisam fazer, e bem feito, o dever de casa.

Com o eSocial será possível: que as organizações revisem processos internos, integrando equipes, podendo trabalhar de forma planejada e reduzindo a burocracia; as organizações poderão se adequar a legislação, reduzindo seu passivo trabalhista e previdenciário; haverá simplificação dos cumprimentos das obrigações principais e acessórias; haverá ainda a possibilidade de acompanhamento de suas obrigações fiscais e trabalhistas em único canal. (REZENDE; SILVA; GABRIEL, 2016)

O eSocial trará grandes mudanças, uma vez que, afetará a cultura das organizações de todos os segmentos e tamanhos, e sabemos que a resistência a mudança é algo inerente a natureza humana, porém ficar na zona de conforto é sinônimo de fracasso, desta forma é necessário que as organizações diuturnamente estimulem seus profissionais a analisar as ameaças e oportunidades para que assim estejam sempre preparadas para as inovações e consigam superar todas as dificuldades, assim como o eSocial traz consigo ameaças traz boas oportunidades, caberá as organizações escolherem qual ponto irá explorar.  

Desta forma, entende-se que o e-social vem com intuito de acabar de vez com a cultura do "jeitinho brasileiro", no que tange a legislação trabalhista e previdenciária, em todas as organizações, desde MEI à Multinacional. Pretende-se com este projeto por fim ao aviso prévio retroativo, férias concedidas porém não gozadas, dar entrada no seguro desemprego e continuar trabalhando, entre outras artimanhas que todos os gestores de RH e DP, bem como empregadores e empregados em geral conhecem bem. Deixemos de lado discussões do tipo, alta carga tributaria, má distribuição de renda, baixa remuneração dos trabalhadores, legislação trabalhista arcaica e onerosa entre outros, que sempre são elencados como motivos para os já citados "jeitinho brasileiro" e foquemos nesta nova ferramenta a serviço do Fisco, pois o eSocial nada mais é que o governo fechando o cerco e fazendo com as leis sejam cumpridas a risca, sejam estas complexas ou não.

Portanto cabe a cada empresa, cada profissional contábil, profissionais de RH e DP, TST, Médicos e Engenheiros do Trabalho se prepararem, se qualificarem e se organizarem para cumprir mais esta obrigação do governo, que mais cedo ou mais tarde será imposta a todas as empresas.

Em suma, como a implantação do eSocial não irá alterar nenhuma legislação e sim a forma de envio e apresentação das informações ao Fisco, as organizações devem ajustar seus processos internos, verificarem o quanto estão atendendo a legislação, promover a integração das áreas contábil, segurança e medicina do trabalho e RH, visando adequar-se, caso contrario estarão mais vulneráveis às multas e passivos de modo geral, diante de uma fiscalização que se tornará muito mais rápida e eficaz, com cruzamento de dados para identificar possíveis erros e falhas no cumprimento das obrigações principais e acessórias.

 

Bibliografia:

 

REZENDE, Mardele Eugênia Teixeira; SILVA, Marilene Luiza; GABRIEL, Ricardo Alexander. E-social: prático para gestores - São Paulo: Érica, 2016.

https://www.esocial.gov.br/Default.aspx

http://sped.rfb.gov.br/

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