Na contabilidade de custos existem três formas de se avaliar os custos dos estoques em uma entidade. São eles: o PEPS – Primeiro que Entra, Primeiro que Sai, UEPS – Ultimo que Entra, Primeiro que Sai e o Custo Médio ou Média Ponderada Móvel.
De forma resumida, o PEPS orienta que para a apuração de CMV – custo da mercadoria vendida, CPV – custo do produto vendido ou CSP – custo do serviço prestado, as unidades que deverão ser vendidas primeiro (sair primeiro da empresa) devem ser aquelas que entraram primeiro no estoque (foram adquiridas primeiro que as outras).
O UEPS orienta que, para esta apuração, o preço dos bens vendidos deve ser mensurado com base nas ultimas compras efetuadas para fins de apuração, onde, o ultimo que entra (ultimas compras realizadas, últimos produtos que entraram no estoque) deverá ser o primeiro a sair (as ultimas unidades deverão ser vendidas primeiro).
Já o Custo Médio ou Média Ponderada Móvel, prevê que deve ser efetuada a média dos valores constantes no estoque com base nas unidades que serão vendidas. Assim, seria investigado o preço médio do período e o mesmo seria aplicado no momento da apuração dos custos de venda.
Sim, temos três formas para realizar a mensuração do preço do produto, mercadoria ou serviço com o qual iremos trabalhar no ambiente empresarial. Mas, apenas dois métodos são autorizados pela nossa legislação fiscal. A empresa deverá escolher um destes dois métodos e adota-lo à realidade de sua apuração. Os métodos autorizados são o PEPS e o Custo Médio.
Sim, mas, porque o UEPS não pode ser realizado pelas empresas brasileiras?
Com a conversão às Normas Internacionais de Contabilidade, muitos procedimentos contábeis foram adaptados e modificados. Mas, o nosso próprio sistema inflacionário explicaria com maestria a razão pela qual o método UEPS não é eficiente. Isso porque a inflação se caracteriza pelo aumento dos preços em determinado período. Imagine: como o UEPS prevê a venda primeiramente dos bens que entraram por ultimo nos estoques, consequentemente, o preço destes bens seria mais elevado com relação aos demais existentes no ativo das entidades.
Consequentemente, o CMV, no caso do custo das mercadorias vendidas, seria maior, e o estoque final menor. O resultado do período ficaria subavaliado perante a DRE – Demonstração de Resultado do Exercício apurada. Por isso, o RIR – Regulamento de Imposto de Renda não permite a sua adoção para fins fiscais/contábeis nas empresas do Brasil.
Para fins de exemplificação, SANTOS e VEIGA demonstraram três DREs construídas com base nos métodos citados acima de acordo com o seguinte exemplo baseado nas atividades desenvolvidas por uma empresa no período de X1:
Data |
Histórico |
Quantidade |
Custo Unitário |
Custo Total |
1º/4/X1 |
Estoque Inicial |
10 |
100,00 |
1.000 (saldo de 31/3/X1) |
2/4/X1 |
Compras |
10 |
150,00 |
1.500,00 |
3/4/X1 |
Vendas |
16 por 200,00 cada |
|
|
4/4/X1 |
Compras + Frete sobre Compras |
10 |
100,00 |
1.000,00 + frete sobre compras de 810,00 por nossa conta |
5/4/X1 |
Vendas |
12 por 250,00 cada |
|
|
8/4/X1 |
Devolução de Vendas |
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2 do dia 5/4/X1 |
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Adaptação da tabela da página 118, SANTOS e VEIGA 2014.
Na comparação realizada entre os resultados dos métodos, encontramos uma discrepância entre o CMV e Estoque Final do método UEPS com relação aos demais métodos:
|
PEPS |
CUSTO MÉDIO |
UEPS |
VENDAS |
6.200,00 |
6.200,00 |
6.200,00 |
(-) DEVOLUÇÃO DE VENDAS |
(500,00) |
(500,00) |
(500,00) |
= VENDAS LÍQUIDAS |
5.700,00 |
5.700,00 |
5.700,00 |
(-) CMV |
(3.586,00) |
(3.650,00) |
(3.910,00) |
= LUCRO BRUTO |
2.114,00 |
2.050,00 |
1.790,00 |
ESTOQUE FINAL |
724,00 |
660,00 |
400,00 |
Tabela da página 122, SANTOS e VEIGA 2014.
Percebe-se que as vendas líquidas e a quantidade no estoque final não se alteraram, mas, o CMV, o estoque final e o resultado do período/Lucro Bruto, apresentaram variações importantes em cada caso estudado.
Assim, mesmo com a utilização dos métodos PEPS e Custo Médio, percebemos variações importantes. Mas, no UEPS, a diferença foi infinitamente maior que nos outros métodos. Devida inflação que ocorreu no período apurado. Tal fato mascara as informações que podem ser obtidas por meio da DRE e dificulta a apuração dos custos. Por esta razão, o método UEPS não é autorizado.
Referência Consultada
SANTOS, Fernando de Almeida; VEIGA, Windsor Espenser. Contabilidade: Com Ênfase em Micro, Pequenas e Médias Empresas. 3 ed. São Paulo. Atlas, 2014.