Sabe qual é o ponto nevrálgico da rotina das pessoas, não importa o grau acadêmico ou poder financeiro, gênero ou país de origem? Aquilo que tira a atenção e gera um bom estresse? O imprevisto, seja um ou sejam muitos.
Imprevistos tiram todo o seu planejamento, e há quem diga que planejar não é tão importante porque sempre haverá algo vindo inesperadamente atrapalhando (ou facilitando, em certos casos) o cotidiano. É o que mais se usa como desculpa para justificar o conceito de “deixar as coisas rolarem e depois ver o que vai dar”. No entanto, empreendedores e profissionais bem sucedidos sabem que é preciso entender a linguagem dos imprevistos e se antecipar a eles – além de ter clareza que eles, os imprevistos, ou inesperados, são os motores da mudança e melhoria contínua.
Nossa cultura administrativa, sobretudo brasileira, foi por anos pautada pelo conceito de ordem e controle; daí que muitos profissionais e mesmo empresários que se guiam por ter tudo em ordem e arrumado como símbolo do sucesso de seu negócio. No entanto, para que a venda aconteça vai ser necessário “desarrumar”, mexer e movimentar – pois o que importa é o resultado: a venda concluída e negócios acontecendo. Nesta analogia conseguimos já entender um pouco de como lidar com os imprevistos que, salvo raríssimos casos, são totalmente previsíveis:
1. Empreendedor, seja uma águia e olhe seu negócio além das fronteiras – enxergue além da concorrência imediata e analise o que vem vindo na sociedade como um todo. O melhor exemplo desta visão é a migração das empresas de mobilidade que passaram a usar apps de celular para o transporte urbano. Para alguns empresários isso mexeu de forma inesperada e para outros foi a novidade inesperada que abriu oportunidades, como as locadoras de automóveis que criaram facilidades para este novo mercado. Na área contábil hoje temos profissionais ensinando marketing para fidelizar clientes, expandir negócios e agir além do universo dos trâmites contábeis para empresas diversas. Esta postura de observação maior que a fronteira faz com que a mudança seja bem recebida, principalmente no momento atual com Inteligência Artificial cada vez mais em voga.
2. Observe o quanto você é indispensável, e mude isso imediatamente! – um exemplo de coisa indispensável no trabalho é energia elétrica, e até pouco tempo uma falha no fornecimento significava tempo perdido e negócios idem. Diversas crises tanto de energia quanto de fornecimento de água mostraram que sim, é possível contornar e estes monopólios perceberam que embora sejam fundamentais, não são mais indispensáveis, pois há alternativas no mercado (embora ainda sejam caras). Esta máxima vale para você: cuidado se você traz toda a centralização dos negócios para as suas mãos. Isso parece com o malabarista que equilibra diversos pratos e tem de ficar o tempo todo monitorando tudo: só que ele tem um tempo determinado para o show e logo encerra, diferentemente de você que faz isso há meses ou anos. O estresse gerado aumenta o risco dos imprevistos que podem fazer grandes estragos, piores que ficar sem eletricidade ou sem água: deixar você sem qualquer energia para produzir o mínimo que seja. Como ficam os negócios neste caso?
3. Considere a redundância como importante e não como um desperdício – imprevistos acontecem de toda natureza. Lembra do onze de setembro em Nova York, com a grande destruição? Muitas vidas foram perdidas, algo irreparável; já os dados e informações foram recuperados por existir a redundância, que é uma cópia de tudo em ambiente seguro externo. Este conceito de redundância pode e deve ser estendido para a sua atividade profissional, seja você funcionário ou dono de negócio. O seu trabalho tem redundância? Você pode operar se não tiver como ir para o trabalho por conta de uma enchente? Se precisar se deslocar tem alternativas além do seu carro ou do transporte público comum? Se um fornecedor importante falhar e uma nova demanda aparecer você tem como cumprir suas obrigações? Tudo isso é redundância que minimiza os efeitos de imprevistos. Reservas financeiras também integram este rol de redundâncias. Analise criteriosamente o que pode falhar na sua logística e crie planos de contingência – que são protocolos de como fazer o trabalho fluir se algo inesperado interromper.
4. Seu emocional é fundamental para evitar descontrole – por vezes as condições de redundância existem e o que acaba afetando a produtividade do negócio é a instabilidade emocional de sua liderança. Líderes sabem que inesperados fazem parte do cotidiano e entendem que tudo pode ser contornado desde que com ética e assertividade: crises precisam ser trabalhadas com clareza sobretudo com seus clientes e público em geral. Uma fraca inteligência emocional na liderança acaba transmitindo insegurança para os colaboradores, e no caso de um funcionário que lida mal com imprevistos porque não separa a si ou os outros dos problemas é fundamental que seu líder seja firme mantendo o foco na questão, sem estender para outros aspectos que tem pouco ou nada a ver com o problema gerado pelo inesperado. Exemplificando: se há uma questão de atraso na entrega para clientes o foco deve ser na solução para a pontualidade, e não entrar em discussões intermináveis sobre o comportamento dos clientes colocando-os como vilões e a empresa como vítima.
Imprevistos são os principais “removedores de zonas de conforto”, podemos dizer. Saber lidar com eles é desafio constante e no cenário atual que a tecnologia traz com avanços em contraste com despreparo do capital humano é o que faz os líderes de sucesso, sejam empreendedores ou não. Pense nisso!
