x

Contábil

É possível fazer contabilidade direto pelo sistema financeiro do cliente?

Se o preço caiu e a velocidade aumentou, para o empresário, alheio aos problemas do contador, tudo são flores, correto? A resposta para essa pergunta é, como sempre, um sonoro DEPENDE!!!

16/05/2018 09:49:35

  • compartilhe no facebook
  • compartilhe no twitter
  • compartilhe no linkedin
  • compartilhe no whatsapp
É possível fazer contabilidade direto pelo sistema financeiro do cliente?

É possível fazer contabilidade direto pelo sistema financeiro do cliente?

Nos últimos anos, com o advento do SPED e suas ramificações, diversas novas obrigações surgiram, levando contadores e empresas a se adaptarem às novas regras impostas pelo governo.

Felizmente, junto com estas obrigações, vieram as soluções, mas não de quem impôs as demandas e, sim, de contadores e empresas de softwares, que agora, junto com as antigas, tinham que “se virar” com as novas regras e cumprir todos os apertados prazos estabelecidos.

Mas de todo atrito surge uma nova forma e, aos poucos, estas soluções passaram a facilitar a vida do contador, na ocasião dos fechamentos contábeis, possibilitando maior velocidade de elaboração da parte fiscal e da folha, além de abrir espaço para a integração de todos os lançamentos financeiros do cliente com a contabilidade, o que, certamente, tem diminuído todo o maçante e indesejado retrabalho.

Porém, como vida de contador nunca foi e nunca será fácil, com a facilitação dos meios, veio um novo problema: A GUERRA DE PREÇOS.

Com os insumos dos serviços mais baratos, algumas empresas resolveram apostar em preços muito abaixo dos até então praticados no mercado e uma guerra começou, com fortes representantes de ambos os lados.  Surgiram então soluções híbridas, com preços médios mais baixos, porém, com a promessa de uma melhor qualidade e atendimento mais humanizado.

Mas se o preço caiu e a velocidade aumentou, para o empresário, alheio aos problemas do contador, tudo são flores, correto? A resposta para esta pergunta é, como sempre, um sonoro DEPENDE!!!

Depende do tipo e do porte da empresa, depende do tamanho da necessidade ou da importância que ela dá aos seus demonstrativos contábeis, depende do quanto ela precisa de auxílio de um contador para ajudá-lo no dia-a-dia e, principalmente, depende se este sistema financeiro está preparado para a complexidade existente nos diversos tipos de demonstrações contábeis.

O problema é que, mesmo aqueles contadores que prometem atenção de contabilidade tradicional e velocidade de contabilidade online, o que temos visto hoje são empresas que estão, simplesmente, deixando de lado alguns importantes princípios contábeis, trazidos pelos CPCs, principalmente os mais recentes, como o CPC 47 e 48, de contratos com clientes e instrumentos financeiros, vigentes desde janeiro de 2018, além do novo CPC 06 (R2), que versa sobre Leasings e entrará em vigor em janeiro de 2019, ou sequer o CPC-PME, que deveria ser o guia das Pequenas e Médias Empresas, para fazer uma contabilidade baseada quase que exclusivamente em caixa e no que o cliente, que não é contador, lança no seu financeiro.

Ou seja, embora o mundo contábil esteja indo pelo caminho da simplificação e rapidez, há de se tomar cuidado para que os princípios que nortearam a profissão contábil ao longo do tempo não se percam no desejo de agilizar tudo, sem se preocupar com os detalhes, criando aberrações contábeis.

A contabilidade também vem mudando e se modernizando, com a famigerada “forma” dando lugar a ilustre “essência” dos contratos e isso, muitas vezes, não é refletido no regime de caixa e nem mesmo na contabilidade tradicional.

Uma empresa que prestasse um único serviço de janeiro a março, emitisse sua NF em abril e recebesse em maio, teria, formalmente, seu melhor mês como abril, na emissão da Nota e maio, caso esta mesma empresa levasse em conta somente o caixa. Porém, na essência, a empresa trabalhou de janeiro a março e, portanto, foi este seu melhor período, onde a empresa produziu mais e de onde surgiu o direito ao recebimento.

A depreciação linear de uma máquina que produziu dez mil unidades em um mês e dez milhões em outro também não condiz com a verdade econômica da máquina, mas muitos contadores ainda preferem optar pelo princípio fiscal para não precisar depois se preocupar em conciliar valores no LALUR. Isso para não mencionarmos a mensuração da ociosidade de máquinas, pouquíssimo utilizada por empresas e contadores, mas que poderiam mudar de forma significativa os resultados de uma empresa.

Ainda há muito o que se modernizar na contabilidade, já que o mundo dos negócios está em constante transformação, dificilmente acompanhada por leis que se movimentam tão vagarosamente. Porém, ainda estão guardados na contabilidade os principais indicadores da saúde financeira da empresa, bem como a determinação de seu fluxo de recursos, passado, presente e futuro.

Menor burocracia, maior informatização e melhores preços dos insumos e serviços podem ser a chave para um futuro melhor para a contabilidade, desde que estejam sempre acompanhados da manutenção dos conhecimentos adquiridos ao longo dos séculos por quem sempre teve a função de transformar a realidade da empresa em números.

O contador do futuro precisa se valer de todos os meios de obtenção de informações rápidas e detalhadas, a fim de oferecer a seus clientes uma gama ainda maior de serviços, capazes de aumentar sobremaneira o valor percebido por seus usuários.

O futuro chegou e ele é promissor para contadores que se preocupam com a qualidade das informações prestadas, bem como em ajudar seus clientes a entenderem a importância de seu trabalho. Buscar informações direto na fonte é certamente o meio mais rápido de se obter os dados necessários para a elaboração dos demonstrativos contábeis, desde que o contador, real conhecedor da matéria, acompanhe todo o processo, orientando seus clientes a fazer as inserções da forma correta e aplicando, posteriormente, seus conhecimentos e os princípios que norteiam a profissão para fechar este novo ciclo com chave de ouro.

 

Leia mais sobre

O artigo enviado pelo autor, devidamente assinado, não reflete, necessariamente, a opinião institucional do Portal Contábeis.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS

ARTICULISTAS CONTÁBEIS

VER TODOS

O Portal Contábeis se isenta de quaisquer responsabilidades civis sobre eventuais discussões dos usuários ou visitantes deste site, nos termos da lei no 5.250/67 e artigos 927 e 931 ambos do novo código civil brasileiro.