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Região registra superoferta de mão de obra qualificada

Empresas não têm procura suficiente por profissional com Ensino Superior; 50% atuam fora do Grande ABC

18/08/2014 08:53

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Região registra superoferta de mão de obra qualificada

Região registra superoferta de mão de obra qualificada

A demanda das companhias da região é pequena para a oferta disponível de profissionais com Ensino Superior completo que residem nas três cidades, apontam especialistas. A afirmação, aparentemente, contraria queixas do setor privado de que falta mão de obra qualificada para suprir a demanda das empresas instaladas na região. No entanto, esse descompasso entre o que dizem as empresas e o que o mercado oferece pode ser visto de outra maneira, com base em algumas pesquisas de emprego referentes a Santo André, São Bernardo e São Caetano. 

Considerando apenas empregados que moram nos três municípios e que já completaram o Ensino Superior, cerca de 50% não atuam nas empresas instaladas. O resultado é fruto de cruzamento de informações da Pesquisa Socioeconômica do Inpes/USCS sobre os trabalhadores formais e informais que moram nas três cidades com o recorte da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) 2012, do Ministério do Trabalho e Emprego, que apresenta as informações sobre os profissionais que atuam nas empresas instaladas nesses municípios. 

Oportunidade para quem pretende se qualificar não falta nas cidades. Santo André, São Bernardo e São Caetano contam com, aproximadamente, 100 cursos de Ensino Superior nas áreas Humanas, Exatas, Biológicas e Tecnológicas, ditribuídos em cerca de 25 instituições. E, claro, todo ano muitos se formam nas carreiras. De acordo com dados do MEC (Ministério de Educação), entre 2010 e 2012, em média, cerca de 20 mil pessoas por ano se formaram nas três cidades, ou seja, só no período, 60 mil concluíram o Ensino Superior.

ANÁLISE - Para o gestor do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Prearo, o percentual de trabalhadores formados residentes nas cidades que não atuam em empresas instaladas nos mesmos municípios é imagem de que não falta mão de obra qualificada.

“Nos estamos falando sim de uma demanda que não comporta toda a oferta de mão de obra qualificada disponível na região”, observa. Ele destacou que o resultado disso, principalmente por causa dos problemas de mobilidade urbana, é a redução na qualidade de vida dos moradores. “Um profissional que se desloca para a Capital leva entre uma e duas horas para chegar no trabalho, é muito tempo desperdiçado apenas no trânsito.”

Para Prearo, para que essa conta fique mais equilibrada, ou seja, para que as empresas da região absorvam a mão de obra disponível local, seria necessário estímulo, por parte do setor público, para que mais empresas se instalassem na região.

O professor de Economia da FSA (Fundação Santo André) Volney Gouveia destaca ainda que há diferença expressiva de remuneração para os trabalhadores contratados na Capital e no Grande ABC, principalmente no que diz respeito às empresas de serviços. “Aqui, as indústrias, que têm grande presença e representatividade nos maiores salários pagos na região, têm maior demanda para profissionais técnicos, e não com Ensino Superior”, acrescenta Prearo.

Gouveia lembra que até o começo dos anos 1980 até o começo dos anos 1990, o Grande ABC tinha situação particular de ser um atrativo para os moradores de São Paulo, principalmente por causa da forte presenta da indústria. “Mas na medida que o setor de serviços foi se desenvolvendo, e as empresas instaladas na região começaram a se descentralizar, na década de 1990, o movimento começou a ser o inverso”.

DEMANDAS - A conversa entre as universidades, empresas e governo seria a principal base para que a mão de obra qualificada local mais bem aproveitada pelo setor privado instalado em Santo André, São Bernardo e São Caetano.

O gestor do Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano, Leandro Prearo, destaca que, atualmente, a maioria das instituições de ensino instaladas na região não atende à demanda das empresas, mas sim dos alunos. “Até porque a maioria é privada”, pontua.

O professor de Economia da FSA (Fundação Santo André) Volney Gouveia concorda e vai além. “Os empresários têm uma parcela de razão no que eles falam. É preciso saber o perfil do recém-formado morador da região. A maior oferta das instituições é de administradores ou de engenheiros? Qual é o perfil que as companhias precisam? De um administrador ou de um engenheiro?”

O projeto do Nais/ferramentaria (Núcleo Avançado de Inovação Setorial em ferramentaria do Grande ABC) é um início de utilização do capital humano qualificado disponível na região.

Esta iniciativa é uma parceria entre a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, das empresas por meio do APL (Arranjo Produtivo Local) ferramentaria, o Instituto Mauá de Tecnologia e a UFABC (Universidade Federal do Grande ABC).

Além de ter a intenção de contribuir para o segmento empresarial, há incentivo à formação de acadêmicos especialistas nesta área, tendo em vista que o Nais tem como previsão disponibilizar bolsas para doutores, mestres e pesquisadores, na UFABC, e fornecer estágios a estudantes do Instituto Mauá. Ainda de forma tímida, é exemplo de que a conversa entre administração pública, setor privado e instituições de ensino pode contribuir para a capacitação, oferta e absorção de mão de obra local com direcionamento à demanda das empresas. 

Por Pedro Souza

Fonte: Diário do Grande ABC – SP

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