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Fique Sabendo: Lutadora Brasileira do UFC é Contabilista

Antes de se tornar lutadora a brasileira nunca tinha praticado qualquer arte marcial até três anos atrás e teve carreira meteórica no MMA.

29/08/2014 12:08:41

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Fique Sabendo: Lutadora Brasileira do UFC é Contabilista

Quem vê Bethe Correia indo para a sua terceira luta no UFC, com um cartel invicto de oito vitórias, dificilmente imagina que há três anos a brasileira nunca tinha praticado qualquer tipo de arte marcial. Formada em contabilidade e com uma rotina pacata morando no Rio Grande do Norte, a paraibana procurou uma academia de kung fu na época para entrar em forma e acabou participando de algumas competições amadoras de boxe chinês, antes de ser apresentada ao MMA e ver a sua vida dar uma reviravolta. Neste sábado, ela enfrenta a americana Shayna Baszler pelo card principal do UFC 177, em Sacramento, nos EUA.

- Eu faço parte dos chamados "fenômenos do esporte". Nunca tive vínculo nenhum com luta, trabalhava em outra área, me formei em contabilidade, não conhecia nada de arte marcial. Há três anos, se você me perguntasse o nome de um lutador eu diria Mike Tyson. Se você pedisse mais um, eu pensaria muito para dizer Popó. Não conhecia mais nenhum. Eu tinha já a personalidade de lutadora, pois sou competitiva e não gostava de perder, era brava, sempre fui muito instigada. Quando comecei a treinar, demonstrei uma agressividade acima do normal, mas não queria lutar artes marciais mistas, só queria aprender - contou em entrevista ao Combate.com.

Depois que passou a praticar MMA para aprender mais sobre o esporte, Bethe foi descoberta pelo peso-pena Patricio Pitbull enquanto treinava numa academia em Natal.

- Ele achou que eu tinha talento e me convidou para fazer um teste na Pitbull Brothers. No dia seguinte, apareci na academia, fiz um treino duro de MMA com os profissionais e já queria saber quando eu estrearia. Um mês depois, eles marcaram a minha estreia e, logo depois de lutar pela primeira vez, eu já decidi que era isso que queria fazer. Tive uma carreira muito precoce, muito relâmpago. A maioria das meninas nasce no tatame, treina há muito tempo, e no meu caso foi diferente. Tive sorte.

Quando eu tomei a decisão, as pessoas falavam de mim nos bares: 'Ah, sabe a Bethe? A louca quer ser lutadora'. E todo mundo ria. Meus amigos de faculdade diziam que a probabilidade de eu entrar no UFC um dia com a minha história e o meu tempo de carreira era de 1%"
 

Quando decidiu abandonar a carreira anterior e virar lutadora de MMA, Bethe encontrou uma resistência muito forte por parte dos amigos e familiares:

- Deixar a sua vida toda para trás e começar uma vida nesse estilo é assustador para um pai. A criança nasce, e o sonho do pai é que sua filha seja bailarina, médica, advogada. A reação da minha família foi tudo isso que eu falei, só que pior, porque eu não estava começando a minha vida, eu já tinha uma vida. Eu trabalhei em banco, na Receita Federal, então as pessoas riam de mim, virei piada. Quando eu tomei a decisão, as pessoas falavam de mim nos bares: "Ah, sabe a Bethe? A louca quer ser lutadora". E todo mundo ria. Meus amigos de faculdade diziam que a probabilidade de eu entrar no UFC um dia com a minha história e o meu tempo de carreira era de 1%. Os mais otimistas diziam que era de 5%. Imagina qual foi a reação deles quando, de repente, com dois anos de treino e um ano como atleta profissional, fui chamada para a maior organização do mundo no esporte. Quantas brasileiras estão ai tentando há muito tempo e não conseguem chegar até aqui?.

Ao contrário da maioria dos atletas, que se inicia no esporte através de algum tipo de arte marcial e acaba migrando para o MMA posteriormente, Bethe nunca se especializou em um tipo só de luta, o que possibilitou que ela pudesse se desenvolver no esporte de uma forma mais tranquila e rápida. A paraibana, no entanto, revela que a sua parte favorita do esporte é quando consegue conectar socos e chutes na adversária:

- Antigamente, a época do vale-tudo começou mais para provar qual era a melhor arte. Valia de tudo, mas cada um queria mostrar que o seu estilo era melhor, fosse ele boxe, muay thai, etc.. Hoje não, as academias abrem aulas de MMA, os adolescentes já começam praticando um pouco de tudo. Eu acho que faço parte dessa nova geração. Me adequo a todas as situações que o MMA exige, mas não tenho a arte em si. O que eu gosto mesmo é de meter a mão. Eu sou uma lutadora de sentir a mão entrar. Gosto disso, mão ou chute. Eu noto que eu me adapto melhor em pé, mas eu treino de tudo.

Orgulhosa de sua trajetória e das escolhas feitas até aqui, a lutadora diz ter se adaptado bem à realidade da nova carreira, mas confessa que um dos pontos negativos dessa fase tem sido a dificuldade de estabelecer relacionamentos amorosos duradouros:

- Não vou mentir, desde que comecei a lutar não tem um dia que eu vá dormir sem sentir dor em algum lugar. Todas as noites tem alguma coisa que dói. É  um novo estilo de vida, um novo tipo de convivência e de pessoas ao seu redor. Convivo a maior parte do tempo com homens, então até para me relacionar ou arrumar um namorado fica difícil. A minha prioridade é o meu treinamento e a minha evolução, e os homens geralmente não entendem. Perguntam: "Mas vai treinar de novo? Você já não treinou hoje?". São coisas que eles não conseguem absorver se não forem do esporte - finaliza.

Fonte: Canal Combate - Globo

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