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Investimentos estão atrasados por falta de apoio ao setor de máquinas

Alegação é da associação dos fabricantes de bem de capital, que revela uma defasagem de 40% nos últimos 12 anos nos níveis de aporte no Brasil e projeta queda nas importações neste ano

31/10/2014 08:40

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Investimentos estão atrasados por falta de apoio ao setor de máquinas

São Paulo - A taxa de investimento no País com relação ao Produto Interno Bruto (PIB) acumulou uma defasagem de 40% nos últimos 12 anos. E um dos motivos para isso é a desaceleração nos investimentos em bens de capital, principalmente no que diz respeito à importação.

De acordo com estimativas do professor Otto Nogami, consultor econômico da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), é esperada uma queda de cerca de 6% na compra de bens de capital - no acumulado de 2014 até agosto está em 7,3% -, com destaque para máquinas e equipamentos. Ao mesmo tempo, a taxa de investimento deve fechar, novamente, no patamar de 17% do PIB, como vem acontecendo há mais de uma década. "O ideal seria ter uma taxa de investimento de mais de 20% [para acelerar o crescimento econômico]", disse o professor, durante evento realizado ontem pela Abimei.

Em valores financeiros foram negociados no setor US$ 31,9 bilhões nos primeiros oito meses de 2014 ante US$ 34,4 bilhões em igual período do ano passado. O segmento representa 20,7% da pauta geral de importações do Brasil de janeiro a agosto; no mesmo acumulado de 2013, a participação foi de 21,44%.

Outro aspecto que já aponta esta tendência é que, segundo dados também divulgados ontem pela Receita Federal, a arrecadação de impostos pelo setor de máquinas e equipamentos apresentou queda de 10,80%, para R$ 9, 108 bilhões no acumulado do ano até setembro ante igual período de 2013. Se levar em conta o recolhimento de PIS e Cofins - atrelado ao faturamento - no segmento, houve retração de 6,55%, para R$ 162 milhões, na mesma base de comparação.

"Essa redução na importação de máquinas e equipamentos está atrelada à própria queda do cenário econômico, não tanto quanto ao do setor industrial especificamente. No período que vivemos, de quase uma recessão econômica, em termos de importação, a representatividade das máquinas não é tão significativa como peça e acessórios. Ou seja não estão investindo em maquinário novo, mas sim em peças novas, o que explica essa defasagem (na taxa de investimento). Se a economia começa a sinalizar crescimento, começa crescer máquinas e equipamentos. Essas importações irão permitir criar o desenvolvimento tecnológico interno e garantir a competitividade", entende Nogami.

Estudo

Conforme levantamento do professor, partes e peças para bens de capital para a agricultura e maquinaria industrial são os segmentos mais atingidos pela queda nas importações, com percentuais negativos de 19,5 e 17,3, respectivamente, e volumes negociados US$ 175,9 milhões e US$ 9,1 bilhões. De janeiro a agosto do ano passado, os valores negociados foram, respectivamente, US$ 218,6 milhões e US$ 11,08 bilhões.

De fato, os únicos segmentos com variação positiva são equipamentos fixos para transporte (+16,3%) e partes e peças para bens de capital para a indústria (+4,5%). Em volumes financeiros, esses segmentos movimentaram, respectivamente, US$ 299,9 milhões e US$ 5,72 bilhões nos oito primeiros meses de 2014 ante US$ 257,8 milhões e US$ 5,47 bilhões em igual período do ano passado.

Perspectivas

"É de se esperar que o novo governo tente reverter à tendência de investimento no setor produtivo, se nós quisermos resgatar o processo de crescimento da economia. Há deterioração da nossa produção. A exportação de manufaturados vem caindo e perdendo espaço na pauta de exportações, privilegiando as commodities agrícolas. Daí uma necessidade mais do que urgente de adequar as condições de produção", conclui o professor Nogami.

Segundo o presidente da Abimei, Ennio Crispino - reeleito para mais dois anos de mandato -, ainda é cedo para fazer estimativas ao setor de bens de capital, especificamente de máquinas e equipamentos com relação ao ano que vem. "Sabemos que haverá continuidade das políticas que viam sendo empregadas, Se será um ano melhor, na verdade, achamos que será muito difícil isso ocorrer. Qualquer possibilidade de retomada, sendo otimista viria no segundo trimestre. Já realista, seria no segundo semestre, mesmo assim insuficiente para compensar as perdas dos últimos dois anos e meio, de 40% a 50%, a depender do tipo de equipamento", aponta.

Na avaliação dele, a primeira medida que o novo governo deveria tomar é resgatar a credibilidade do mercado. "É muito importante transformar o discurso de reforma tributária em prática, mas gostaríamos também que houvesse a desoneração de qualquer investimento em bens de capital.Não seria revogar Imposto de Importação, mas sim ICMS, por exemplo. Qualquer investimento em meios de produção é fator gerador de emprego e produção mais barata e competitiva e isso vai trazer mais investimento externo. Não acho tão difícil de ser atendido, os reflexos seriam quase que imediatos", sugere.

Por Fernanda Bompan

Fonte: DCI-SP

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