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Empresas adiam emissão de debêntures

Volume de emissões este ano será menor que o de 2013. Maior parte do mercado espera que as transações sejam retomadas em 2015, mesmo num cenário de crescimento fraco

19/11/2014 08:58

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Empresas adiam emissão de debêntures

Empresas adiam emissão de debêntures

A emissão de debêntures este ano vai ficar bem abaixo do volume registrado em 2013. O baixo crescimento da economia, queda da atividade e o período eleitoral, são alguns dos fatores que fizeram as empresas decidirem por adiar planos de investimentos e, consequentemente, buscarem o mercado para se capitalizar. Para 2015, entretanto, a expectativa é de retomada dos negócios.

Segundo informações do site da Comissão de Valores Mobiliários, o volume de emissões este ano, via oferta pública e esforços restritos, está em R$ 8,69 bilhões até a semana passada, bem abaixo do total de R$ 24,42 bilhões verificado em todo o ano passado.

Em outubro, as ofertas de debêntures integralmente distribuídas somaram R$ 1,5 bilhão, o volume mais baixo de todo o ano de 2014, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de capitais (Anbima). A participação dos ativos emitidos sob a Lei 12.431/11 — Sistema Anhanguera-Bandeirantes e Guarulhos, ambos com vencimento em doze anos — elevou o prazo médio das ofertas no mês para 9,1 anos, o mais alto entre os meses de 2014. Este resultado, contudo, não foi suficiente para reverter a tendência de queda de prazo do total das debêntures, que está em 5,1 anos até outubro, ante 6,1 anos alcançados em 2012. Esta queda ocorre a despeito da realização de operações com prazos bastante distendidos em 2014, a maior parte delas de debêntures incentivadas, como a série da Vale de 15 anos e as recentes ofertas da Ferreira Gomes Energia e Transmissora Sul Brasileira.

Para o superintendente de gestão da Mapfre Investimentos, Carlos Eduardo Eichhorn, as dúvidas e os desafios encontrados ao longo do ano geraram incertezas em relação ao custo financeiro da dívida, o que influenciou o volume de emissões. “Quem captou com taxa pós-fixada em CDI teve um custo maior. Muitos emissores preferiram aguardar um cenário de acomodação de renda fixa, principalmente, de juro soberano, para buscar o mercado”, diz, ressaltando que a captação impacta diretamente o custo da empresa e que existem setores que têm retorno mais baixo. Portanto, a taxa na qual a dívida é financiada é um fator relevante na hora de decidir sobre a colocação ou não do papel.

Eichhorn ressalta que a grande maioria das emissões foi feita em IPCA ou CDI. Neste cenário, ele lembra que nem nas piores projeções feitas durante 2013 para este ano, imaginou-se que o IPCA iria superar a meta de inflação de 6,5% ao ano em 12 meses, mesmo que por um período pequeno, ou que a taxa de juro iria subir em ano eleitoral. “Quem estava indexado em IPCA, passou calor. A alta da Selic também foi uma surpresa. Quando a taxa começou a subir, as empresas começaram a fazer as contas e muitas, e as dúvidas sobre onde ia parar, resolveram adiar suas operações”, diz.

O sócio da área de mercado de capitais da TozziniFreire, Alexei Bonamin, também concorda que 2014 foi um ano atípico e que muitas empresas podem ter preferido esperar “uma janela melhor, com melhores taxas”. Para Bonamin, a grande sinalização para o investidor vir a mercado é o anuncio dos nomes que irão compor a nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff. “Esse é um grande indicador. Vai ter mais ou menos investidor vindo para cá”, diz. Ele ressalta que o seu escritório já recebeu duas novas operações de debêntures incentivadas em infraestrutura, na área de eólica e de energia renovada. “Muita coisa ficou represada este ano e deve começar a desovar aos poucos”, avalia. O profissional lembra que alguns clientes que emitem dívida todo o ano preferiram esperar uma melhor oportunidade.

Para o vice-presidente da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello, a queda da atividade econômica acabou afastando as companhias. “A empresa emite porque quer captar para crescer. Se a atividade está fraca, provavelmente não haverá necessidade de captação, a empresa reduz a emissão de de dívida e IPO (oferta pública)”, avalia.

Bonamin, da TozziniFreire, acredita que em 2015 o número de emissões deve ser superior ao verificado este ano e, num cenário menos otimista, se igualar ao de 2014. “Um bom indicativo de que o ano que vem deve ser melhor é que já há debênture de infraestrutura sendo estruturada. Esse é um importante, mesmo com todos os ajustes que o governo precisa fazer. Ninguém vai nadar de braçada, mas as perspectivas de emissões são mais positivas. Ou, no mínimo, iguais”, avalia, ressaltando que além das dificuldades macroeconômicas, este foi um ano atípico, com Copa do Mundo e eleição, o que levou a um número menor de dias úteis. “Muitos projetos foram represados este ano e devem vir a mercado em 2015. Várias empresas que fizeram empréstimos ponte vão precisar ir a mercado”, lembra.

Eichhorn,da Mapfre Investimentos, também espera um 2015 melhor. Para ele, deve haver uma definição melhor do cenário de juros e, a partir daí, as empresas que querem emitir irão a mercado. Ele acredita que o setor de infraestrutura, especialmente, energia transporte e logística, irá impulsionar o mercado de emissões. “Há muitos projetos em fase de financiamento e em fase de prospecção”, diz.

O executivo ressalta que embora o cenário para a economia ainda não seja muito promissor, os projetos são de longo prazo, 10 a 20 anos, e devem acontecer, já que são menos suscetíveis a flutuações de curto prazo. “Se você tem possibilidade de aguardar o melhor momento e ter uma condição mais preponderante, a empresa espera. O que é mais importante, a eleição ou os quatro anos de governo? Isso foi considerado este ano. Quem queria investir, por exemplo, no segundo semestre deste ano, preferiu esperar até 2015 para uma emissão com expectativa melhor”, avalia.

Já o vice-presidente da SulAmérica Investimentos está menos otimista. Mello acredita que o próximo ano será uma fotografia de 2014, ou seja, o do fraco crescimento da economia deve se repetir. “Independentemente da equipe econômica, o cenário será o mesmo. O ajuste vai ter que acontecer. As emissões de 2015 devem ficar no mesmo patamar de 2014, que já foi inferior ao nível de 2013. Não vejo volume robusto”, avalia.

Fonte: Brasil Econômico

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