Eles têm dívida de R$ 35 mil com ao menos três bancos e operadoras de cartão de crédito; 41 a 50 anos e trazem no currículo curso superior. São pessoas que perderam o emprego, passaram por situações de descontrole financeiro ou viram a renda diminuir com o agravamento da crise econômica neste ano. Esse é o perfil dos "superendividados" que recorreram ao programa de apoio e ao núcleo de tratamento do superendividamento da Fundação Procon SP.
São consumidores que tinham prestações maiores do que o seu salário comprometeram muito mais do que os 30% da renda, percentual recomendado pelos especialistas e tiveram ajuda gratuita dos técnicos do órgão para conseguir renegociar débitos e colocar o orçamento em dia.
"O superendividado é o devedor pessoa física, de boafé, que não consegue pagar suas dívidas atuais e futuras em um tempo razoável, com a capacidade atual de renda e patrimônio", diz a diretoraexecutiva do órgão, Ivete Ribeiro. Desde janeiro deste ano até sextafeira (26), 1.477 consumidores foram atendidos e receberam ajuda do Procon, que levará, a partir da segunda quinzena de julho, esse e outros serviços de orientação gratuito para comunidades carentes paulistanas como Paraisópolis e Heliópolis.
Em agosto, o serviço para superendividados de todo o Estado de São Paulo será feito pela internet. Uma plataforma que permitirá esse serviço está em desenvolvimento pela área de tecnologia do órgão e em breve o acesso poderá ser feito do computador do consumidor. Hoje, ele tem de ir pessoalmente à sede do Procon na Barra Funda (SP).
"Com a piora da economia, o aumento pela procura de ajuda foi de 20% a 30% no ano em relação ao mesmo período do ano passado", diz a diretora do órgão.
O núcleo de tratamento existe desde 2012, mas ainda é pouco conhecido da população. Para ser atendido no programa, o consumidor deve ir à sede do órgão em São Paulo e levar documentos, contas de despesas básicas (como água, luz, aluguel, gás, telefones, recibos de aluguel, prestações, média dos gastos com alimentação, transporte, saúde e educação) e comprovantes da renda individual, complementar (como pensão, aluguel) e familiar (como auxílio dos familiares no pagamento de despesas básicas).
Para entrar em contato com credores, os técnicos terão de avaliar os documentos referentes às dívidas contratos, extratos da conta corrente, carnês, últimas cinco faturas de cartão de crédito.
Somente após entrevistado e ter seu orçamento avaliado, ele será encaminhado para fazer cursos e assistir palestras de prevenção de problemas financeiros, para, na última fase, receber ajuda de técnicos que renegociam dívidas. "Não há perdão de dívida", diz a diretora do Procon.
"A renegociação é feita para que o devedor consiga honrar os seus compromissos, pagar as parcelas e para sair dessa situação que o leva a ser humilhado e até passar por constrangimento por não conseguir quitar suas dívidas", completa. Os horários de funcionamento e mais detalhes sobre o programa podem ser obtidos no site do órgão ou pelo telefone 151. Para evitar constrangimento ao endividado, o núcleo funciona em um endereço exclusivo para o serviço.
Fonte: Folha de São Paulo