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Como conseguir emprego após os 40 anos

Profissionais 'balzaquianos' atraem o interesse do mercado e veem no empreendedorismo uma alternativa

01/11/2016 11:03:28

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Como conseguir emprego após os 40 anos

Sabe aquela velha história de que o mercado de trabalho dá preferência aos profissionais jovens, recém-saídos das faculdades, ágeis e cheios de ideias, enquanto os mais experientes e analíticos sofrem até conseguirem uma recolocação? Atualmente, não é bem assim que as coisas estão funcionando. Com a economia combalida e com perspectivas tímidas de melhoria, as empresas voltaram a perceber a importância de contratar profissionais rodados, com facilidade de adaptação e que não exigem uma imersão completa nos negócios para começarem a trazer resultados.

"Quem se encontra na faixa dos 40 anos pode tornar a experiência uma arma no seu currículo", argumenta o coordenador do curso de CST em Recursos Humanos da Faculdade Pitágoras de Guarapari, Fernando Botelho. Essa hipótese é válida se, e somente se, esses profissionais forem capazes de permanecerem antenados com as mudanças comportamentais e tecnológicas. "Um profissional acima dos 40 com experiência e devidamente ambientado no mundo digital pode ser um excelente candidato a qualquer vaga", diz.

A coach, consultora e professora universitária Bernadete Pupo publicou, em 2009, o livro Empregabilidade acima dos 40 anos, que atualmente está esgotado. No entanto, ela própria reconhece que houve mudanças significativas no mercado e nos profissionais nos últimos sete anos. "Com o aumento da expectativa de vida e melhoria da qualidade de vida em geral, a idade se tornou algo relativo. Há até pouco tempo, uma pessoa com 40 anos era considerada experiente; hoje, uma pessoa nessa faixa etária é bastante nova e consegue trabalhar a pleno vapor", afirma.

A reconfiguração cultural não atingiu apenas o interesse das empresas, mas principalmente os profissionais, que já não estão mais em busca da outrora sonhada estabilidade – lembrando que é nessa faixa etária que se encontram os primeiros representantes da Geração Y. "As pessoas estão despertando para a busca de uma carreira com propósito e que lhe proporcione felicidade independente da idade de começar ou recomeçar", explica a especialista em desenvolvimento humano Monica Motta. Trata-se de uma mudança também no conceito de trabalho, da crescente necessidade de transformá-lo em algo com significado e relevância. Passar oito horas do dia lançando notas fiscais em sistemas já não é uma opção de carreira a longo prazo.

'Oceano azul' da experiência

Ser, ao mesmo tempo, experiente e adaptável é uma combinação cobiçada, mas não é tão rara quanto se imagina. De acordo com um estudo anual da consultoria AON, há uma tendência global que indica que, quanto mais experiente, maior o engajamento do profissional. De acordo com a consoltoria AON Hewitt no relatório Tendências Globais de Engajamento dos Funcionários, "o engajamento cresce com a maturidade. Até os 29 anos de idade do profissional, seu percentual é, em média, de 68%. O índice sobe para 75% ente os 30 e 65 anos e atinge 90% depois dos 66 anos", informa o relatório.

No entanto, quando a experiência do profissional não é acompanhada pelo lado da empresa por meio de capacitação, autonomia e senso de realização, o engajamento tende a se deteriorar de forma ainda mais acentuada do que o aperfeiçoamento. "Colaboradores engajados, mas não-empoderados estão sob risco de frustração, esgotamento, desengajamento, produtividade subaproveitada e rotatividade", aponta o relatório referente ao ano de 2014.

"Para um momento de recessão, o mais importante para as empresas que precisam reduzir seus quadros é optar por aqueles que entregam mais em menos tempo e que estão mais engajados", conta Mônica Motta. "Uma pessoa com 40 anos já viveu períodos difíceis, com inflação, mudanças de moedas e de planos econômicos, e com isso adquiriu um conhecimento valioso, o que os torna também mais equilibrados emocionamlmente e resilientes. É uma vantagem competitiva", ressalta.

Por outro lado, especialistas são reticentes quanto à possibilidade de recolocação profissional no atual momento econômico. Em geral, a dica é: se puder, continue onde está. "Considero o processo de recolocação uma via de mão dupla, o mercado precisa oferecer oportunidades, mas o profissional também precisa estar preparado para esse processo. Na atual perspectiva, o processo de recolocação pode ser mais demorado, o que não quer dizer impossível", acredita Monica. Para ela, o profissional deve fazer uma análise crítica sobre seus próprios comportamentos ao invés de culpar o mercado de trabalho, recessão ou idade.

Renato Bernhoeft, presidente da Hoft Consultoria, alerta que é por volta dessa idade que o profissional vai sentir o peso das escolhas pretéritas. E as empresas vão perceber se esse profissional foi capaz de manter uma relação equilibrada. "Não basta ter sido um profissional brilhante tendo fracassado nos demais papéis da vida. O saldo desta trajetória deverá apresentar sua “cobrança” a partir da meia-idade", alerta.

Fonte: administradores.com

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