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Contabilidade Rural

No Brasil, o agronegócio possui um papel importantíssimo na economia, sendo responsável por, pelo menos, 1/3 do Produto Interno Bruto - PIB.

04/05/2012 09:29

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Contabilidade Rural

Desde o início das civilizações, o homem já dependia do plantio e cultivo da terra para sobreviver, retirando da natureza tudo o que, espontaneamente lhe oferecia. Sendo que as propriedades rurais produziam várias culturas e criações diferentes para sua autoexistência.

 Passada a época da autoexistência, veio a evolução da agricultura, com avanços tecnológicos. O ser humano viu-se obrigado a administrar com coesão sua propriedade. Então, o conceito primário sobre a agricultura deixou de ser apenas rural, passando a depender de vários outros serviços, tais como: máquinas, insumos, armazéns e de infraestruturas diversas.

Durante esse período, a população começou a sair do meio rural, procurando os grandes centros urbanos e quem continuava em suas propriedades rurais, cada dia mais precisava de todos esses avanços tecnológicos para sua produtividade.

Com esses avanços, houve grandes índices de produtividade na agropecuária, fazendo com que as propriedades passassem a ser constituídas como empresas, obtendo a visão de lucro e não mais de autossuficientes para a sobrevivência. As grandes mudanças ocorridas em razão da globalização e impulsionadas pela tecnologia transformaram de maneira significativa as propriedades rurais.

O produtor rural, além de implementos agrícolas, passa a precisar de ferramentas importantes para o gerenciamento de seus negócios, necessitando de um método contábil específico, devido as suas necessidades e particularidades, precisando planejar e controlar sua produção agrícola, devendo conhecer as condições climáticas, sazonalidade, safra, entressafra, fatores biológicos e mercados futuros. 

O grau de gerenciamento faz com que haja o sucesso da empresa rural, através de conhecimento racional dos recursos à disposição, como: terra, implementos agrícolas, animais e o essencial, informações para tomar as decisões, garantindo o lucro e a existência da empresa. Assim, as propriedades têm que procurar maximizar seus lucros, através de treinamento adequado para maior produtividade e qualidade em seus serviços.

O administrador rural tem a função de planejar, controlar, decidir e avaliar os resultados, além de conhecer os fatores externos, acompanhando e analisando o comportamento do mercado, uma vez que seus produtos são commodities (que não têm marca) e seus preços dependem exclusivamente da lei da oferta e da procura. Sobre os fatores internos, tem que haver um controle direto, conhecendo bem para ter o maior proveito, acompanhando e analisando a sua capacidade de produção e prestação de serviços.

O administrador, nesse caso, irá precisar de ferramentas para colocar todas essas informações em práticas. Assim, o papel do contador é de extrema valia, para dar suporte a todos esses assuntos, podendo proporcionar à propriedade rural um melhor gerenciamento das informações externas e internas, atingindo seu objetivo: a maximização dos lucros.

É em razão dessa realidade que surge a necessidade de se controlar e gerenciar a contabilidade rural nas propriedades, porque as ferramentas e informações disponibilizadas pela contabilidade contribuirão para as tomadas de decisões corretas, refletindo diretamente nos resultados.

Além da necessidade de programar um controle das atividades rurais, devemos lembrar que, para o sucesso empresarial, não necessitamos apenas de ações com foco em seus resultados, mas também da eficiência da mão de obra de sua equipe, gerando o bem-estar social entre seus funcionários.

Assim, este trabalho evidencia a importância da contabilidade rural para estas propriedades, procurando conhecer suas atividades administrativas e contábeis, para a prática de exercício em sua atividade profissional.

1.1.  Problema

A contabilidade rural existe há alguns anos, apesar da sua extrema importância, muitos proprietários rurais não a conhecem. Eles não têm um controle interno/externo de suas atividades e, principalmente, de seus resultados para tomarem decisões corretas. Portanto, diante dos argumentos mencionados, chega-se ao seguinte questionamento: Os produtores rurais da cidade de Paranapuã/SP possuem contabilidade rural nas atividades desenvolvidas em suas propriedades? E como elas são desenvolvidas?

1.2.  Objetivos

1.2.1. Objetivo Geral

Tendo em vista a problemática acima estabelecida, elaborou-se como objetivo desta pesquisa: Verificar se os produtores rurais da cidade de Paranapuã/SP possuem contabilidade rural em suas propriedades e evidenciar como elas são desenvolvidas.

1.2.2. Objetivos Específicos

            Com a finalidade de aprofundar os conhecimentos na área estudada e viabilizar o objetivo principal, tem-se o seu desdobramento nos seguintes objetivos específicos:

- Discutir os conceitos de Agronegócio, Contabilidade Rural, Atividade Rural.
- Identificar a existência de Escrituração Contábil.
- Verificar o fluxo de caixa das empresas rurais.
- Verificar o orçamento rural.
- Verificar como são apurados os resultados das propriedades rurais.

- Verificar as movimentações financeiras das empresas rurais.
- Analisar e questionar a existência da assessoria contábil.

1.3.  Justificativa

De acordo com os dados extraídos do site do Ministério da Agricultura (www.agricultura.gov.br), o agronegócio é responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros. O Brasil é um dos líderes mundiais na produção e exportação de vários produtos agropecuários. É o primeiro produtor e exportador de café, açúcar, álcool e sucos de frutas. Além disso, lidera o ranking das vendas externas de soja, carne bovina, carne de frango, tabaco, couro e calçados de couro.

Ainda, segundo o ministério da agricultura, nos últimos anos, em nenhum outro país houve um crescimento expressivo como na agricultura brasileira. A safra de grãos, por exemplo, saltou de 57,8 milhões de toneladas para 123,2 milhões de toneladas entre as safras 1990/1991 e 2002/2003. Nesse mesmo período, o desenvolvimento da pecuária também foi notável, com destaque para a avicultura.

O agronegócio é hoje a principal locomotiva da economia brasileira e responde por um em cada três reais gerados no país.

Conforme a casa da agricultura de Paranapuã/SP, a cidade também contribui para o desenvolvimento do agronegócio no país, pois possui um projeto de exportação de produtos agrícolas para a Argentina, sendo um dos países que mais consomem abóbora. Este produto é exportado desde o ano de 2003.

Entretanto, os produtores necessitam de um maior gerenciamento e controle de suas operações, para tomarem as decisões com mais coerência, através das informações de aspectos financeiros e econômicos das propriedades.

Neste contexto, a contabilidade surge como uma importante aliada na busca por informações precisas e importantes para o gerenciamento dos negócios. A contabilidade rural irá proporcionar um melhor conhecimento das atividades desenvolvidas, gerando informações econômicas e financeiras dos negócios.

Miranda (2004) comenta que “a agropecuária objetiva o retorno financeiro que satisfaça o produtor rural. Assim, a contabilidade está constantemente gerando informações diretamente relacionadas com a lucratividade, liquidez e alguns riscos que podem ocorrer no agronegócio”.

Devido à importância que a agricultura representa no setor primário no Brasil, é extremamente importante verificar com os proprietários rurais desta cidade, se existe algum controle gerencial nas atividades rurais desenvolvidas, assim como a prática da contabilidade rural.

Desta forma, busca-se demonstrar a realidade da contabilidade na atividade agropecuária da cidade de Paranapuã/SP, onde o trabalho desenvolvido poderá despertar o interesse dos atuais e futuros contabilistas da região, como uma oportunidade para o exercício da profissão.

2.  Referencial Teórico

Nesta fase, busca-se fazer os devidos levantamentos bibliográficos, em serão resgatadas algumas teorias da literatura, auxiliando-nos a desenvolver o trabalho monográfico. Por sua vez, não há nenhuma intenção de criar ou afirmar novas verdades e, sim, colocar alguns conceitos para o desenvolvimento do tema e demonstrar nossa opinião.

2.1.  Conceito de Agronegócio

Considera-se o setor rural sendo um dos mais importantes para a economia brasileira, sendo a fonte primária para produção da agroindústria.

Segundo Araújo (2007, p. 15), “a evolução da sócio-economia, sobretudo com os avanços tecnológicos, mudou totalmente a fisionomia das propriedades rurais, sobre tudo nos últimos 50 anos.”

Durante todo esse processo tecnológico, ocorre o êxodo rural, em que muitas pessoas decidem sair do campo e ir para a cidade, obrigando, assim, as pessoas que ficaram no campo a produzir em maior quantidade, para poderem sustentar muito mais gente.

Antes de ocorrer esse período da evolução econômica, a agricultura era contínua e exercida em grande parte por famílias que atuavam no processo produtivo e no consumo, constituindo uma entidade de caráter autossuficiente.

Devido a essas mudanças, o conceito de setor primário ou de agricultura perdeu o seu sentido, porque deixou de ser somente rural ou somente primário. A agricultura de antes ou setor primário passou a depender de muitos serviços, máquinas e insumos vindos de fora, além de outros serviços que ocorrem depois da produção, como: armazéns, infra-estrutura diversas (estradas, portos e outras), agroindústria, mercados atacadistas e varejistas e exportação (OLIVEIRA, 2008, p. 17).

Com o avanço tecnológico rural, muitas propriedades perdem o conceito de setor primário e passam a necessitar de tecnologia, não se tratando mais de propriedades autossuficientes.  

Conforme Araújo (2007, p. 15), “as propriedades rurais cada dia mais perdem sua auto-suficiência, necessitam de infra-estruturas, conquistam mercados, enfrentam a globalização e a internacionalização da economia”

Analisando todos os fatores e processos ocorridos na agricultura, surge o conceito de agronegócio, que define as propriedades agrícolas com as operações de fabricação de produtos agrícolas industrializados e de produção nas unidades agropecuárias.

2.2.  Atividade Rural

Na atividade rural, variam-se muito as expressões de produtores e propriedades rurais. As propriedades deixam de ser autossuficientes e passam a produzir alimentos para a sua comercialização. Defendendo essa tese, passam a ser consideradas empresas rurais e assim definidas por alguns autores:

Crepaldi (1998, p. 23), “Empresa Rural é a unidade de produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação de gados ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”.

Marion (2002, p. 24), “Empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas”

As atividades rurais são classificadas como: agrícolas, agroindustrial e zootécnica.

Segundo Marion (2002), são definidas assim:

Como agrícola, entende-se aquela que explora o solo, com finalidade do plantio, como culturas de cereais, hortaliças, pomares etc. A atividade agroindustrial é o beneficiamento e a transformação de produtos agrícolas e zootécnicos, como o mel, álcool e o óleo. Já a atividade zootécnica consiste na criação de animais como abelhas, aves, coelhos e gado.

Portanto, para a o gerenciamento da empresa rural, o administrador precisará obter melhor informação para tomada de decisão no exercício de sua contabilidade de custo pleno, sendo o profissional mais qualificado para tal função.

Na atividade rural, planejamento e gerenciamento são necessários para cumprimento de metas e tomadas de decisões, sendo realizados com extrema eficácia, o que ocasionará inúmeros benefícios no futuro, antecipando os problemas que possam vir a acontecer e para cumprimento de metas e realizações das tomadas de suas decisões.

Podemos considerar que ambos os fatores devem ser traçados e realizados com igualdade, para que haja melhor administração na empresa rural.

2.3.  Gestão da Atividade Rural

O administrador rural, para o sucesso de sua atividade necessita de conhecimento e sensibilidade para lidar com seus diversos cultivos e volume financeiro, tendo um poder decisivo para se manter competitivo em suas atividades agropecuárias.

Apesar de constituir-se como uma empresa, muitas não possuem uma estrutura fixa e complexa para determinar seu fluxo financeiro.

As propriedades do futuro tendem a ser verticalizadas e integradas à agroindústria, havendo a transição da fazenda familiar, para a empresa familiar. A profissionalização do produtor rural faz-se com a incorporação tecnologias através de equipamentos e maquinários, novas práticas (plantio direto, manejo rotacionado), utilização de animais e plantas geneticamente melhorados.  (MARION & SEGATTI, 2005, p. 4).

Exige-se, assim, profissionalização e conhecimento técnico para o plantio de determinada área agrícola e utilização dos meios para exploração da terra, conhecendo o período de sua produção para comercialização, essencialmente a sazonalidade, período em que concentra a colheita no ano agrícola.

No aspecto econômico, avaliam-se as operações de receitas e despesas, gerenciando o controle dos gastos e custos de cada produção, demonstrando seus resultados para tomada de suas decisões. Consideram-se aspecto financeiro as possibilidades de obtenção de recursos necessários e suas aplicações para equilíbrio e manutenção dos custos em sua atividade.

Crepaldi (1998, p. 55), destaca que “o administrador será o responsável pelas seguintes tarefas: planejamento (produção e finanças); organização (produção e administração); direção de seus subalternos diretos e controle (produção, administração e finanças)”.

O proprietário rural, assim como qualquer um administrador de uma grande empresa, necessita de conhecimento e informações úteis para o gerenciamento e tomada de decisões adequadas sobre com o cotidiano da empresa podendo, assim, sobressair-se em relação aos seus concorrentes, adequando-se às melhores técnicas de produção, à análise de mercado e ao controle de custos.

Marion & Segatti (2005, p. 5) comentam que “todo planejamento estratégico, gerencial e operacional, deve ser bastante flexível para receber as adaptações de acordo com as influências dos fatores internos e externos da empresa rural”

O administrador rural deverá manter um bom planejamento e elaborar programas anuais, sendo mantidos e constantemente aprimorados, pois servirão de base ao orçamento, auxiliando nas gerações de recursos e controle de sua propriedade.

Também, deve haver uma estrutura organizacional bem definida, com controle de sua produção e distribuindo responsabilidade sobre as atividades e suas funções, podendo avaliar os resultados obtidos, o custo de sua produção e a responsabilidade direta de seus administradores.

2.4.  Conceito de Contabilidade Rural

A contabilidade pode ser estudada de um modo geral ou apenas específico para determinada situação econômica. Na atividade rural, pode-se estudar de forma geral ou específica um determinado setor do agronegócio.

Rios (2008, p. 13), “toda entidade bem assessorada, apresenta melhor desempenho. Numa entidade rural, tal premissa também é verdadeira. Se os proprietários rurais utilizassem mais as ferramentas da Contabilidade Rural, poderiam ter melhores resultados”.

A contabilidade rural gera informações necessárias para tomada de decisões, no entanto, para ter sucesso, é necessário ter uma administração eficiente, conhecendo o mercado de capital, ter especialização e modernização na agropecuária. Exatamente nesse ponto que muitas propriedades rurais são carentes, prejudicando todo o seu desenvolvimento e modernização do setor agrícola.

Segundo Calderelli (2003, p. 180), “a Contabilidade Rural é aquela que tem suas normas baseadas na orientação, controle e registro dos atos e fatos ocorridos e praticados por uma empresa cujo objeto de comércio ou indústria seja agricultura ou pecuária”.

A contabilidade rural vem para ser parceira do produtor rural, dando informações necessárias e úteis para sua administração, assim como em qualquer empresa, a propriedade rural também tem suas despesas e custos para serem controlados e para que possam formar preço de mercado de sua produção.

Através da contabilidade, podemos ter um maior controle sobre nossas operações, desde a movimentação de fluxo de caixa, controles internos e externos, até mesmo ferramentas necessárias para tomadas de decisões coerentes e eficazes. No entanto, mesmo que já comprovada a sua utilidade são poucos os produtores que a utilizam.

Uma das ferramentas administrativas menos utilizadas pelos produtores brasileiros é, sem dúvida, a Contabilidade Rural, vista, geralmente, como uma técnica complexa em sua execução, com baixo retorno na prática. Além disso, quase sempre é conhecida apenas dentro de suas finalidades fiscais. A maioria dos produtores sujeitos à tributação do Imposto de Renda não mostra grande interesse por uma aplicação gerencial, relegando toda sua Contabilidade a profissionais da área contábil. (CREPALDI, 1998, p. 73).

Podemos considerar que a contabilidade rural tem um alto retorno ao ser aplicado, porém não se demonstram grandes interesses em aplicá-la, como um sistema de auxílio aos administradores rurais, deixando de usufruir de todas as ferramentas e informações que ela nos fornece para uma melhor gestão.

Marion (2002, p. 29) comenta que “as pessoas físicas tidas como grande produtor rural será equiparado às pessoas jurídicas para fins contábeis, devendo fazer escrituração regular, por intermédio de profissional contábil qualificado”.

Os profissionais da contabilidade têm que estar preparados para atender a esse tipo de cliente, pois os pequenos e grandes proprietários vão necessitar de ajuda profissional, desde a uma simples declaração de imposto de renda, até mesmo para elaboração de um fluxo caixa, para que possa ser realizada uma escrituração contábil.

Como forma de controle contábil e, posteriormente, para podermos escriturar as receitas e despesas, o administrador rural precisará realizar habitualmente o fluxo de caixa, que é uma importante ferramenta para o gerenciamento da empresa, sendo indispensável a sua aplicação.

Crepaldi (1998, p. 259) conceitua como “a relação das entradas e das saídas de recursos financeiros em determinado período, visando prever a necessidade de captar empréstimos ou aplicar excedentes de caixa nas operações mais rentáveis”,

Porém o ponto fundamental da contabilidade é o uso das informações que nos fornecem, para podermos administrar, com a ajuda de Balanços Patrimoniais e Demonstrações de Resultado de Exercício, tornando-se um importante instrumento gerencial.

As informações contábeis precisam ser claras, transparentes precisas e oportunas, demonstrando a sua validade e finalidade, sendo rigoroso objetivamente para poder atender às necessidades de todos os usuários, no menor tempo possível.

No entanto, caso o administrador rural quiser utilizar a contabilidade rural gerencial, este deverá estar ciente em relação ao seu custo, mas o que lhe trará benefícios, como a capacidade de compreensão dos dados da contabilidade a serem fornecidos.

Os profissionais da contabilidade têm que estar preparados para atender esse tipo de cliente, pois desde os pequenos e grandes proprietários vão necessitar de ajuda profissional.

Crepaldi (1998, p. 76) descreve que a “finalidade da contabilidade rural é de orientar as operações agrícolas e pecuárias; medir e controlar o desempenho econômico financeiro da empresa e de cada atividade produtiva individualmente”.

Através da sua orientação, podemos apoiar as tomadas de decisões, como custeio, investimento, financiamento para a próxima safra e apoio as suas vendas, auxiliando nas projeções de fluxos de caixas, controlando as despesas operacionais, justificando a condição de liquidez que a empresa possui para saldar seus credores e, principalmente, o seu resultado operacional no seu exercício social.

Segundo Oliveira, (2008, p. 27), “a contabilidade tem por finalidade analisar, interpretar e registrar os fenômenos que ocorrem nos patrimônios de pessoas físicas e jurídicas”, sendo uma ferramenta necessária para todos os usuários, através de relatórios ou informações úteis para que possam ser tomadas as decisões corretas.

Assim, o produtor da propriedade rural (pessoa física ou jurídica) por meio das informações geradas pela contabilidade, tem condições de não somente controlar os custos e avaliar o resultado, mas principalmente estabelecer planos e traçar estratégias que levam a propriedade rumo à eficiência na produção, observando sempre as especificidades de cada tipo de cultura, o mercado e a melhor tecnologia. (OLIVEIRA, 2008, p. 27).

O uso da contabilidade, independente do ramo a ser aplicado, nos proporciona mais visão de futuro em benefício a sua administração, podendo avaliar nossos resultados e planejar nossas operações em longo prazo, através dos relatórios fornecidos.

2.5.  Controle Gerencial

De acordo com Padoveze (2000, p. 31) “A contabilidade gerencial é relacionada com o fornecimento de informações para os administradores, isto é, aqueles que estão dentro da organização e que são responsáveis pela direção e controle de suas operações”.

Sabemos que atualmente a Contabilidade Gerencial está sendo fundamental no processo de gerenciamento das empresas. Suas informações são feitas sob medida, para que os administradores possam gerenciar as estratégias, através do planejamento, organização e ações a serem tomadas para que a organização alcance seus objetivos com eficiência, além de ser uma ferramenta na avaliação do desempenho da empresa.

Os usuários da contabilidade gerencial são usuários internos, como: gestores, administradores, diretores, gerentes de setores etc.

Os seus relatórios são de orçamentos, desempenho, custo e relatórios especiais para facilitar a tomada de decisão. Esses devem ser adequados à necessidade dos gestores e dos demais na tomada de decisão. É preciso ter uma frequência adequada à necessidade da empresa e não possuir restrição, exceto as determinadas pela administração.

Na atividade rural, além da contabilidade, precisamos saber o que iremos fazer com as informações que ela nos fornece. Para analisarmos esses dados, é utilizado o controle gerencial.

Crepaldi (1998, p. 61) “a informação gerencial é a resultante do que na realidade ocorre no empreendimento. Por meio da classificação e organização dos dados referentes ao movimento econômico diário da propriedade, é possível gerar essas informações”.

Portanto, a informação está diretamente ligada ao modo pelo qual ajuda especialmente na tomada de decisões. As informações participam de várias funções organizacionais diferentes como o controle operacional, custo da safra agrícola, controle administrativo estratégico e operacional.

No caso da propriedade rural, onde os insumos adquiridos são convertidos em produtos acabados, as informações técnica, econômica e administrativa são necessárias para o controle das várias operações da atividade que tem início na aquisição de insumos e termina na comercialização de seus produtos.

Marion & Segatti (2005, p. 6) comentam que, “em relação ao orçamento o empresariado rural segue o mesmo raciocínio de planejamento, acreditando que se torna desnecessário devido aos fatores climáticos, ciclo biológico e aos riscos de pragas e doenças”

Na administração rural, o orçamento rural, assim como controle e planejamento, também é de extrema utilidade, independente dos fatores externos que possam vir a acontecer, facilitando, assim, uma tomada de decisão mais rápida e útil e evitando maiores prejuízos em seu exercício, caso o mesmo possa vir a ocorrer.

Em uma visão global, essas informações estão ligadas ao gerenciamento contábil e  que são necessárias para o controle e planejamento da empresa como um todo, sendo utilizadas pela administração da companhia.

A experiência mostra que a ferramenta “orçamento” é de fundamental importância para a atividade rural, embora muitos produtores acreditam que qualquer previsão que se faça seja inconsistente, devido a certos fatores. As variáveis econômicas, políticas, tecnológicas, sociais e legais, entre outras, também exercem insegurança ao se prever receitas, investimentos, custos e despesas para o setor. O Ambiente externo também deve ser levado em consideração em virtude da falta de uma política agrícola segura em nosso país. O orçamento é elaborado em função do planejamento estratégico, com a definição das atividades a serem exploradas nas propriedades, mas é o planejamento gerencial que dará o suporte, quantificando e valorizando os gastos (custos e investimentos) e as receitas. (MARION & SEGATTI, 2005, p. 6).

A Contabilidade Gerencial, o controle estratégico, planejamento e o orçamento feito nas empresas têm como objetivo fornecer informações para todos os usuários, sendo responsáveis pela direção e pelo controle de todas as operações.

Com o resultado que elas nos fornecem, é possível analisar as informações sobre eventos econômicos das empresas que poderão ser usados para acionistas, credores, governos, como forma de investimento e planejamento por terceiros dentro das organizações.

Para a administração rural, o produtor também poderá optar por ter essas informações e assessoria contábil, possibilitando a apuração de resultado pela movimentação financeira. Consequentemente, o resultado dependerá de um excelente controle de compra, vendas e movimentação financeira, do caixa e da escrituração do plano de contas, constando as receitas e despesas.

2.6. Contabilidade Rural Específica da Atividade Rural

Para uma gestão rural, necessitamos de um controle e planejamento das operações a serem realizadas nas propriedades rurais. Na agricultura, existem várias etapas a serem desenvolvidas pelo administrador rural, como o preparo do solo para o plantio e até a colheita de sua safra agrícola. Assim, a contabilidade rural distingue-se da contabilidade relativa à área industrial.

O exercício social da atividade agrícola termina logo após o ano agrícola, que corresponde, normalmente, ao período de 12 meses, começa no cultivo do solo e termina com a colheita.

Crepaldi (1998, p. 201) “o exercício social poderá ter duração inferior ou superior a um ano; entretanto, a legislação determina a duração de um ano”.

Marion (2002, p. 27) “para empresas que apresentam colheitas em períodos diferentes no ano, recomenda-se que o ano agrícola seja fixado em função da cultura que prevaleça economicamente”.

Na contabilidade rural, existe um aspecto importante que é o ano agrícola x exercício social. No entanto, ao contrário das outras empresas que possuem receita durante o ano inteiro, a rural só possui receitas apenas no período da colheita.

Assim, se o ano agrícola terminar em maio, o exercício social será encerrado em 30/06, evitando a cultura em formação, para poder apurarmos o resultado da empresa.

Ao referir-se à contabilidade no agronegócio, não podemos nos esquecer de citar os dois tipos de culturas existentes na agropecuária, sendo assim consideradas:

Marion (2002, p. 38) define culturas temporárias como: “são aquelas sujeitas ao replantio após a colheita, sendo o seu período de vida curto, menos de um ano. Após a colheita são arrancados do solo para que seja realizado novo plantio”.

Como exemplo dessas culturas há a produção de milho, em que acaba o seu exercício social, que ocorre após a sua colheita, sendo retirada toda a sua área plantada para um novo plantio.

Marion (2002, p. 41), sobre culturas permanentes: “são aquelas que permanecem vinculadas ao solo e proporcionam mais de uma colheita ou produção. Normalmente atribui-se às culturas permanentes uma duração mínima de quatro anos”.

Podemos considerar como cultura permanente o plantio de cana-de-açúcar que, mesmo após o fim de um exercício social, não será necessário o corte de sua árvore para um novo plantio.

Na cultura temporária, os custos com a formação e a colheita são contabilizados no Ativo Circulante, em uma conta de Cultura Temporária, sendo classificada como Estoque.

Marion (2002, p. 39): “após a colheita, esta conta é baixada pelo valor de seu custo e transferida para a conta de “produtos agrícolas”, em que serão acumulados todos os custos posteriores à colheita”.

Na cultura permanente, os custos necessários para a formação da cultura são apropriados no Ativo Permanente Imobilizado, na conta Cultura Permanente em Formação. Assim, os custos que surgirem não serão mais contabilizados no Imobilizado, mas no Ativo Circulante.

Essa conta é composta de todos os custos necessários para a realização da colheita: mão-de-obra e respectivos encargos sociais (poda, capina, aplicação de herbicidas, desbrota, raleação...), produtos químicos (para manutenção da árvore, das flores, dos frutos...), custo com irrigação (energia elétrica, transporte de água, depreciação dos motores...), custo do combate a formigas e outros insetos, seguro da safra, secagem da colheita, serviços de terceiros etc. (MARION, 2002, p. 43).

Em casos de depreciação, no sentido contábil é um encargo financeiro que se tem sobre certas contas do Ativo Imobilizado.

Crepaldi (1998, p. 128): “toda cultura permanente que, após sua completa formação, produzir frutos, isto em sentido amplo, será depreciada de acordo com sua vida útil”.

Na agricultura, não contradizendo os conceitos expostos, a depreciação é aplicada a culturas permanentes, das quais são extraídos apenas frutos, sendo utilizada também nos implementos agrícolas, como tratores, colhedeiras, aparelhos agrícolas etc. 

Conforme os conceitos apresentados, toda a cultura permanente que produzir frutos será alvo de depreciação. Por um lado, a árvore produtora não é extraída do solo: seu produto final é o fruto e não a própria árvore. Um cafeeiro produz grãos de café (frutos), mantendo-se a árvore intacta. Um canavial, por outro lado, tem sua parte externa extraída, mantendo-se a parte contida no solo para formar novas árvores. Segundo esse raciocínio, sobre o cafeeiro incidirá depreciação e sobre o canavial, exaustão. (MARION, 2002, p. 66).

3.  Metodologia

A metodologia vem para suprir as necessidades de algum conhecimento específico, necessidades que são supridas através de etapas a serem seguidas de forma a ordenar uma pesquisa.

Conforme Cruz & Ribeiro (2004, p. 45) disseram: “A palavra método significa o conjunto de etapas e processos a serem ultrapassados ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da verdade.”

Segundo Lakatos & Marconi (2005, p. 223), “a especificação da metodologia da pesquisa é a que abrange maior número de itens, pois responde, a um só tempo, às questões como, com quê, onde, quando?”.

A metodologia é um estudo de determinado assunto, em que se utilizam os métodos científicos para poder compreender o melhor caminho a ser direcionado, proporcionando maior segurança ao tema a ser abordado, demonstrando resultados e conhecimento da construção metodológica desse trabalho e tem o levantamento bibliográfico do assunto específico através de livros e sites, sendo feitas análise e interpretação dos mesmos.

Visando à comprovação do determinado assunto, conforme a pesquisa elaborada com intenção de garantir fontes e informações capazes de alcançar o objetivo esperado.

3.1.  Tipo de pesquisa

Gil (1991, p. 19) define a pesquisa como “o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”.

Somente através da realização da pesquisa aplicada é que será capaz de descobrir informações importantes, que nos proporcionarão um melhor conhecimento intelectual e profissional.

Para Gil (1999, p. 42), a pesquisa tem um caráter pragmático, é um “processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problema mediante o emprego de procedimentos científicos”.

A presente pesquisa é do tipo descritiva e os meios utilizados para seu desenvolvimento foram a pesquisa bibliográfica e de campo.

Segundo Cervo & Bervian (1996, p. 49), a pesquisa descritiva:

Observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas.

Desta forma, trata-se de uma pesquisa descritiva, pois buscou descrever as características e percepções dos respondentes.

Assim, em primeiro momento, foi feita a pesquisa bibliográfica, que nos permitiu ter uma visão mais ampla do problema, para solucionar a pesquisa de campo.

Segundo Lakatos & Marconi (2005, p. 191), “o interesse da pesquisa de campo está voltado para o estudo de indivíduos, grupos, comunidades, instituições e outros campos, visando à compreensão de vários aspectos da sociedade”.

A pesquisa de campo foi desenvolvida através de questionários, tendo como finalidade observar e analisar os fatos sem manipulá-los e gerar novos conhecimentos dos elementos componentes, tornando o tema mais explícito em torno da fundamentação teórica, com objetivo de compreender e explicar o problema pesquisado.

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