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Não existe glamour no empreendedorismo

No início de qualquer pequeno negócio, devido à falta de recursos, você é obrigado a encarar qualquer tarefa, pois, se não puser a mão na massa, não terá ninguém para fazê-lo por você.

15/12/2014 11:01

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Não existe glamour no empreendedorismo

Há alguns meses, o Governo Federal lançou uma campanha na TV incentivando os autônomos a se inscreverem na previdência social. A peça publicitária mostrava profissionais liberais de diversas áreas exercendo seu ofício e, ao mesmo tempo, cuidando de todos os demais afazeres administrativos que o exercício de qualquer atividade impõe.

Atualmente, ela já não está mais no ar, mas achei aquela campanha bem interessante e ilustrava de maneira divertida o dia a dia da maioria dos pequenos negócios.

Numa das peças apresentadas, em que uma contabilista aparecia fazendo o papel de telefonista, contadora e todas as demais atividades inerentes a um escritório contábil, me trouxeram ótimas lembranças de minha experiência 17 anos atrás, quando iniciei a minha própria contabilidade, e, lembro-me muito bem dos primeiros meses, quando até o cafezinho era de minha responsabilidade.

Aliás, foi justamente o cafezinho que me aproximou de um dos primeiros clientes, que, na época, era vizinho de porta e também estava começando o seu pequeno negócio. Logo que eu chegava ao escritório, começava a preparar o café e seu delicioso aroma tomava conta do pequeno corredor do nosso andar, e praticamente arrastava uma das sócias à minha sala. Minutos depois, eu ouvia o toc toc da porta e a pergunta que já tinha a resposta impregnada no ar: “Oi, vizinho, tem café?”.

A sua empresa prosperou e ainda somos parceiros e, dessa parceria, surgiram outros negócios e também várias indicações, resultando em ótimos contratos de trabalho. E tudo começou com um simples cafezinho e uma boa prosa.

Uma das boas coisas que a minha atividade proporciona é justamente isso: poder acompanhar de perto outras histórias semelhantes, de clientes que começam com apenas um sonho e muita vontade de trabalhar para conseguir realizá-lo.

A maioria das histórias, apesar de diferentes, tem sempre o mesmo enredo. O empresário inicia o empreendimento sozinho e é o faz-tudo, mas tudo mesmo, até que o orçamento da empresa permite a contratação de colaboradores para dividir algumas tarefas.

É claro que nesse faz-tudo, já assisti a situações bem complicadas, quando, por exemplo, em visita a um mercadinho, encontrei o dono conferindo e ajudando a descarregar as mercadorias de um caminhão, para logo em seguida sair correndo para atender um cliente que estava aguardando no açougue, pois seu único funcionário havia faltado naquele dia. Ou seja, teve que atender o cliente de forma precária, higienizando-se da melhor maneira que a situação permitia (mesmo assim, longe das condições ideais que esse tipo de manipulação exige), para moer um quilo de carne e voltar ao caixa para fazer a cobrança.

Nessa correria toda, eu fiquei aguardando até que ele encontrou um tempinho para conversarmos sobre impostos e a papelada da sua pequena empresa, em pé, no apertado corredor entre as gôndolas de mercadorias e o caixa.

O fato é que, no início de qualquer pequeno negócio, devido à falta de recursos, você é obrigado a encarar qualquer tarefa, pois, se não puser a mão na massa, não terá ninguém para fazê-lo por você.

Em resumo, no lugar do glamour, tem a camisa amarrotada por ter que carregar algumas caixas; tem cabelo desarrumado por ficar debaixo de mesas tentando encontrar o cabo desconectado que desligou o computador; tem o estresse de perder horas discutindo com o atendente do call center da empresa de telefonia ou de internet para tentar resolver o problema de ligações ou conexões, e muitos outros infortúnios e imprevistos que só quem já se arriscou a empreender sabe quais são. Mas, quando você está determinado a alcançar um objetivo, tudo isso vale a pena!

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