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Economia

Educação Financeira para nossos filhos, o que já está ocorrendo no Brasil para que essa ideia seja disseminada?

Educação Financeira, você sabe de quê se trata? Sabia que seu filho pode estar recebendo noções de finanças pessoais na escola onde estuda? Saiba o que é a educação financeira nas escolas e o que fazer se a escola de seu filho ainda não a oferece.

01/03/2017 18:05

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Educação Financeira para nossos filhos, o que já está ocorrendo no Brasil para que essa ideia seja disseminada?

Caros colegas, o artigo de hoje trata de um assunto extremamente importante e delicado, a educação financeira que deve ser ofertada aos nossos filhos nas escolas. Sim, este assunto é importante já que estamos em um país onde a crise econômica impera e o nosso dinheiro se encontra cada vez mais desvalorizado. Artimanhas de consumo ocorrem com frequência e de várias maneiras diferentes e a educação financeira é uma poderosa arma para protegermos o nosso dinheiro e o nosso futuro. Mas, por que falar sobre isso? O que já está sendo feito? Saiba mais informações sobre o assunto a seguir.

A educação financeira não se trata de uma mera exigência curricular e sim de uma real necessidade. É imprescindível a identificação de ações que versem sobre finanças aos educandos de formas simples e próximas de suas realidades individuais. O Decreto Lei nº 7.397 de 22 de dezembro de 2010 recentemente alterado pelo Decreto-Lei nº 8.584 de 7 de dezembro de 2015 institui a Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF que é responsável pela promoção da educação financeira e previdenciária.

O projeto Educação Financeira nas escolas está sendo implantado pelo governo federal em parceria com entidades públicas e privadas. A iniciativa visa levar às escolas o debate acerca de temas cujos conteúdos impactam a vida dos estudantes e a comunidade como um todo. Por meio de orientações e cartilhas elaboradas pelas entidades envolvidas, é possível que se tenha as diretrizes necessárias para realizar a implantação do projeto, assim como, ter acesso ao material que poderá ser utilizado em sala de aula. De acordo com informações do Ministério de Educação e Cultura - MEC, até 2015, cerca de 2.962 escolas públicas deveriam ser comtempladas com o projeto.

Se iniciou a partir do Decreto Lei nº 7.397 de 22 de dezembro de 2010 recentemente alterado pelo Decreto-Lei nº 8.584 de 7 de dezembro de 2015, que determinou a criação de um projeto piloto envolvendo 891 escolas de 6 Estados no Brasil. A Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF – Brasil) está cuidando da implantação da matéria e conta com a parceria da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação – MEC e o Grupo de Apoio Pedagógico do Comitê Nacional de Educação Financeira – CONEF. Os resultados deram origem ao relatório do Banco Mundial: O Impacto da Educação Financeira no Ensino Médio – A Experiência do Brasil.

A ideia não surgiu instantaneamente. Em 2008, foi realizada uma pesquisa através do instituto Data Popular que revelou dados alarmantes que evidenciaram a falta de educação financeira das famílias brasileiras. Dentre os dados extraídos temos que 54% das famílias não foram capazes de honrar suas dívidas ao menos uma vez, 36% da população afirmaram ter o perfil gastador e apenas 31% dos entrevistados poupavam regularmente para a aposentadoria. Ainda é importante destacar, que a pesquisa evidenciou que uma grande parte da renda familiar era destinada ao consumo por meio de compras parceladas, o que torna as taxas de poupança familiar extremamente baixas e não observação dos juros embutidos nas compras parceladas.

A iniciativa permitiu um diagnóstico da relação que os entrevistados possuíam com suas rendas e foi possível identificar que a maior parte dos entrevistados se enquadrava nas classes menos favorecidas C ou D. De posse das informações do estudo foi possível concluir que a educação financeira nas escolas teria como objeto a disseminação de informações objetivas e que visem alcançar o maior número possível de pessoas. Uma vez que os filhos podem influenciar o comportamento dos pais ao observar condutas não aconselhadas nas escolas, assim como, educar os jovens para uma relação mais consciente com seu próprio dinheiro no futuro. Em outra abordagem, ainda é possível a inserção destas famílias no contexto educacional incentivando a troca de conhecimentos além das salas de aula.

Segundo informações da ENEF, de acordo com mapeamento realizado em 2013 e coordenado pela AEF- Brasil foi possível descobrir que 55% das ações de implantação do tema foram realizadas no Estado de Minas Gerais. 60% das ações são ofertadas por instituições de cunho gratuito sendo que cerca de 46% proporcionou conhecimentos a 500 pessoas no ano de 2012 e 20% das iniciativas atendem mais de 10.000 por ano. É clara a necessidade de se investigar a fundo as dificuldades e oportunidades nestas iniciativas, principalmente no âmbito educacional que representa um largo alcance populacional.

Ainda sobre materiais, existem disponíveis, diversos livros e cartilhas que podem ser “baixados” de forma gratuita que tratam da implantação no fundamental e também médio. As instituições que realizarem a disseminação poderão requerer estes materiais de forma impressa, poderão participar de minicursos proferidos pelas instituições parceiras para se adequarem e ainda poderão possuir o Selo ENEF que certifica as instituições disseminadoras da educação financeira em nosso país.

Diversas ações também são realizadas de forma isolada e visam educar financeiramente não só as crianças, mas também os jovens e adultos em idade não escolar. Um dos projetos que destaco é a “Turma da Bolsa” que consiste em vídeos realizados pela BM&FBOVESPA disponíveis em seu site e também em seu canal do Youtube que explicam de forma lúdica conceitos importantes sobre educação financeira. Nos vídeos, os personagens Porco, Magro e Pigmaleoa utilizam situações reais e engraçadas para ensinar aos expectadores como consumir de forma consciente ignorando as “seduções” do mercado. A ação é gratuita e pode ser verificada por qualquer pessoa que possua internet em um computador.

Amigos, cremos que tais conceitos ainda estão um tanto quanto distantes em questão de alcance para nossas crianças e jovens. As ações se iniciaram em 2010 e ainda caminham de forma lenta pelas escolas de nosso país. Não se tem ainda uma definição precisa sobre a forma exata como o assunto deve ser desenvolvido. Algumas escolas a tratam como um conteúdo interdisciplinar e a intercalam entre diversas disciplinas, outras acreditam que se deva criar uma matéria no currículo das escolas que trate diretamente da educação financeira. Devemos salientar que a educação financeira não corresponde à matemática financeira ensinada atualmente. A educação financeira utiliza alguns recursos e diversas noções constantes na matemática financeira, porém, é bem mais ampla.

Para finalizar, sugiro que os colegas cobrem das instituições de ensino que a educação financeira seja trabalhada. Muitas instituições ainda não possuem sequer a ciência de que tal assunto poderá ser abordado no período escolar e ignoram a importância desta ação para o futuro das crianças e jovens que nelas estudam. Por isso, devemos “aflorar” o debate e disseminar a ideia para que possamos formar cidadãos mais conscientes no futuro com uma boa base em situações importantes. À medida que as ações neste sentido se avultam, poderemos perceber mudanças significativas no que tange a relação de consumo da população brasileira. 

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