Caros colegas, o artigo de hoje trata de um assunto extremamente importante e delicado, a educação financeira que deve ser ofertada aos nossos filhos nas escolas. Sim, este assunto é importante já que estamos em um país onde a crise econômica impera e o nosso dinheiro se encontra cada vez mais desvalorizado. Artimanhas de consumo ocorrem com frequência e de várias maneiras diferentes e a educação financeira é uma poderosa arma para protegermos o nosso dinheiro e o nosso futuro. Mas, por que falar sobre isso? O que já está sendo feito? Saiba mais informações sobre o assunto a seguir.
A educação financeira não se trata de uma mera exigência curricular e sim de uma real necessidade. É imprescindível a identificação de ações que versem sobre finanças aos educandos de formas simples e próximas de suas realidades individuais. O Decreto Lei nº 7.397 de 22 de dezembro de 2010 recentemente alterado pelo Decreto-Lei nº 8.584 de 7 de dezembro de 2015 institui a Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF que é responsável pela promoção da educação financeira e previdenciária.
O projeto Educação Financeira nas escolas está sendo implantado pelo governo federal em parceria com entidades públicas e privadas. A iniciativa visa levar às escolas o debate acerca de temas cujos conteúdos impactam a vida dos estudantes e a comunidade como um todo. Por meio de orientações e cartilhas elaboradas pelas entidades envolvidas, é possível que se tenha as diretrizes necessárias para realizar a implantação do projeto, assim como, ter acesso ao material que poderá ser utilizado em sala de aula. De acordo com informações do Ministério de Educação e Cultura - MEC, até 2015, cerca de 2.962 escolas públicas deveriam ser comtempladas com o projeto.
Se iniciou a partir do Decreto Lei nº 7.397 de 22 de dezembro de 2010 recentemente alterado pelo Decreto-Lei nº 8.584 de 7 de dezembro de 2015, que determinou a criação de um projeto piloto envolvendo 891 escolas de 6 Estados no Brasil. A Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF – Brasil) está cuidando da implantação da matéria e conta com a parceria da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação – MEC e o Grupo de Apoio Pedagógico do Comitê Nacional de Educação Financeira – CONEF. Os resultados deram origem ao relatório do Banco Mundial: O Impacto da Educação Financeira no Ensino Médio – A Experiência do Brasil.
A ideia não surgiu instantaneamente. Em 2008, foi realizada uma pesquisa através do instituto Data Popular que revelou dados alarmantes que evidenciaram a falta de educação financeira das famílias brasileiras. Dentre os dados extraídos temos que 54% das famílias não foram capazes de honrar suas dívidas ao menos uma vez, 36% da população afirmaram ter o perfil gastador e apenas 31% dos entrevistados poupavam regularmente para a aposentadoria. Ainda é importante destacar, que a pesquisa evidenciou que uma grande parte da renda familiar era destinada ao consumo por meio de compras parceladas, o que torna as taxas de poupança familiar extremamente baixas e não observação dos juros embutidos nas compras parceladas.
A iniciativa permitiu um diagnóstico da relação que os entrevistados possuíam com suas rendas e foi possível identificar que a maior parte dos entrevistados se enquadrava nas classes menos favorecidas C ou D. De posse das informações do estudo foi possível concluir que a educação financeira nas escolas teria como objeto a disseminação de informações objetivas e que visem alcançar o maior número possível de pessoas. Uma vez que os filhos podem influenciar o comportamento dos pais ao observar condutas não aconselhadas nas escolas, assim como, educar os jovens para uma relação mais consciente com seu próprio dinheiro no futuro. Em outra abordagem, ainda é possível a inserção destas famílias no contexto educacional incentivando a troca de conhecimentos além das salas de aula.
Segundo informações da ENEF, de acordo com mapeamento realizado em 2013 e coordenado pela AEF- Brasil foi possível descobrir que 55% das ações de implantação do tema foram realizadas no Estado de Minas Gerais. 60% das ações são ofertadas por instituições de cunho gratuito sendo que cerca de 46% proporcionou conhecimentos a 500 pessoas no ano de 2012 e 20% das iniciativas atendem mais de 10.000 por ano. É clara a necessidade de se investigar a fundo as dificuldades e oportunidades nestas iniciativas, principalmente no âmbito educacional que representa um largo alcance populacional.
Ainda sobre materiais, existem disponíveis, diversos livros e cartilhas que podem ser “baixados” de forma gratuita que tratam da implantação no fundamental e também médio. As instituições que realizarem a disseminação poderão requerer estes materiais de forma impressa, poderão participar de minicursos proferidos pelas instituições parceiras para se adequarem e ainda poderão possuir o Selo ENEF que certifica as instituições disseminadoras da educação financeira em nosso país.
Diversas ações também são realizadas de forma isolada e visam educar financeiramente não só as crianças, mas também os jovens e adultos em idade não escolar. Um dos projetos que destaco é a “Turma da Bolsa” que consiste em vídeos realizados pela BM&FBOVESPA disponíveis em seu site e também em seu canal do Youtube que explicam de forma lúdica conceitos importantes sobre educação financeira. Nos vídeos, os personagens Porco, Magro e Pigmaleoa utilizam situações reais e engraçadas para ensinar aos expectadores como consumir de forma consciente ignorando as “seduções” do mercado. A ação é gratuita e pode ser verificada por qualquer pessoa que possua internet em um computador.
Amigos, cremos que tais conceitos ainda estão um tanto quanto distantes em questão de alcance para nossas crianças e jovens. As ações se iniciaram em 2010 e ainda caminham de forma lenta pelas escolas de nosso país. Não se tem ainda uma definição precisa sobre a forma exata como o assunto deve ser desenvolvido. Algumas escolas a tratam como um conteúdo interdisciplinar e a intercalam entre diversas disciplinas, outras acreditam que se deva criar uma matéria no currículo das escolas que trate diretamente da educação financeira. Devemos salientar que a educação financeira não corresponde à matemática financeira ensinada atualmente. A educação financeira utiliza alguns recursos e diversas noções constantes na matemática financeira, porém, é bem mais ampla.
Para finalizar, sugiro que os colegas cobrem das instituições de ensino que a educação financeira seja trabalhada. Muitas instituições ainda não possuem sequer a ciência de que tal assunto poderá ser abordado no período escolar e ignoram a importância desta ação para o futuro das crianças e jovens que nelas estudam. Por isso, devemos “aflorar” o debate e disseminar a ideia para que possamos formar cidadãos mais conscientes no futuro com uma boa base em situações importantes. À medida que as ações neste sentido se avultam, poderemos perceber mudanças significativas no que tange a relação de consumo da população brasileira.