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A triste prática da contratação de funcionários 'bons e barato'.

O artigo aborda, uma prática que está se tornando comum, nessa época de crise: A desvalorização do profissional, com o pagamento de baixos salários, mesmo quando a empresa pode pagar um valor maior.

26/06/2017 13:18

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A triste prática da contratação de funcionários 'bons e barato'.

Outro dia, ouvi do administrator de um escritório cliente que este, precisava com urgência contratar uma pessoa, mas que o novo profissional deveria ser “bom e barato”.

Na mesma hora respondi, que não conhecia (como de fato, não conheço) nenhum profissional que atendesse esses requisitos.

Fiquei imaginando como seria literalmente esse profissional: Um ser humano, que para receber o rótulo de “bom”, teve que investir tempo e dinheiro em escolaridade e acúmulo de experiência, e que agora para ter emprego, é obrigado a aceitar o rótulo de “barato”.

Imagino que esse profissional citado como “bom e barato”, deve ter passado noites e dias, estudando para as provas, longe da família, de amigos e diversões. Deve ter pego condução lotada em épocas frias como agora, voltando da faculdade a noite. Deve ter chegado tarde em casa, durante anos. Tanto esforço, tanta luta...  

Quantos sacrifícios, esse profissional deve ter feito em sua vida, para se tornar digno de trabalhar nesse escritório, cujo administrador o “escolhe” entre outras opções “boas e baratas”?

Como leciono, naquela hora não deixei de pensar nos alunos com os quais convivi e convivo. Alunos que muitas vezes, saem as 05:00 horas da manhã, para chegarem de volta em suas casas perto da meia noite. Muitos arriscando a vida, ao chegar tão tarde em bairros distantes e perigosos. Tudo isso para se tornarem bons profissionais. Para garantirem um futuro digno para si e para suas famílias.  

E eu ali, ouvindo do administrador, que para trabalharem naquela empresa, eles teriam que se aceitar como “bons e baratos”?

Entendo que em momentos de crises, cortar custos e reduzir salários, é praticamente questão de sobrevivência para muitas empresas.  Mas por conta disso, toda humanidade dos contratantes deve ser extirpada? Esse administrador, não deveria saber que existem outras formas de remunerar e premiar o esforço dos que lutam para se tornarem bons profissionais?

Gosto de pensar, que a maioria dos administradores sabe, que por trás da assinatura no holerite de um bom profissional, existe toda uma trajetória que o levou até ali.

Acredito também, que empresas obrigadas a pagarem baixos salários, deveriam investir em outros benefícios para valorizar seus bons profissionais. Benefícios como qualificação, bonificação por metas, reconhecimento moral, entre tantas outras maneiras de se mostrar ao profissional que a empresa sabe e reconhece que ele é bom, mesmo que no momento não possa remunerá-lo a altura.

Conheço bem o administrador desse escritório que visitei, e sei que infelizmente, em sua concepção, o mercado está lotado de gente “boa e barata” implorando por um trabalho. E ele, com certeza vai se aproveitar dessa situação. A cultura de sua empresa, é que o profissional “bom e barato” não precisa de incentivos e deve simplesmente ser grato, por conseguir trabalhar ali.

O que esse administrador parece não saber é que, nessa época de tanto desemprego,  pode até conseguir contratar um profissional “bom e barato”. Mas sem nenhum outro tipo de valorização ou incentivo, vai receber somente o “barato” desse profissional. O “bom” mesmo, provavelmente o profissional reservará para empresas que saibam respeitar seu potencial.

Espero sinceramente que meus alunos não aceitem fazer parte da massa do “bom e barato”. Torço para que se formem e sejam bons profissionais e, que exijam serem reconhecidos por seus esforços.

E se a vida os obrigar a aceitar um trabalho nessas condições, que este, seja apenas temporário.

Aos que se encontram nessa situação, sugiro que continuem trabalhando honestamente, mas que na primeira oportunidade, procurem empresas ou negócios, que entendam que vocês são bons mas, nunca, nunca, serão baratos! 

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