A resposta é sim, mas efetivamente deveria ter começado a receber desde a infância.
O ideal é que a criança comece a ter contato direto com dinheiro a partir dos quatro anos de idade, pois ela já sabe o conceito de quantidade e que é preciso realizar compras, que para ela ainda são trocas de notas por objetos. É nesta fase que o conceito de valor vai se formando, sem falar no detalhe interessante do estímulo aos conceitos matemáticos, que as crianças que lidam com dinheiro compreendem com muita facilidade. Isso auxilia – e muito – no desenvolvimento da lógica e abstração.
Entretanto, se isso não tenha ocorrido na infância, e os pais tenham optado por dar dinheiro à criança à medida que ela pedisse – algo comum na cultura brasileira de não priorizar o planejamento familiar, caseiro dos recursos financeiros - na adolescência isso fica complicado. Já com 12 anos a criança/adolescente sabe o custo do dinheiro, embora não lide com ele diretamente; depois disso ela precisa ter limites, que se os pais sempre derem o dinheiro quando ela pedir a imagem residual é que não existem limites.
Convenhamos que, na nossa sociedade, tudo tem limites; então, o que fazemos quando o adolescente pensa, acredita que pode tudo e é ilimitado?
Até os 18 anos ele deve receber mesada, valor que seja condizente com a condição econômica dos pais, não dos gastos do adolescente; se os pais podem dar o equivalente a dez reais por dia serão 300 reais, um valor muito significativo, sendo que neste caso a mesada não implica em trabalho.
O valor da mesada deve ser consenso dos pais, e o adolescente irá se moldar ao valor que receber. Detalhe: despesas fundamentais, como escola, curso de inglês, roupas e lanche não entram no valor da mesada, assim como não se dá pagamento extra a quem limpa o quarto, arruma a cama ou faz a lição. Isso é dever de um membro da família (só para lembrar!).
A partir dos 15 anos é excelente apresentar alternativas para que o jovem pense em fazer dinheiro: digitação de currículos, aulas de reforço escolar, cuidar de crianças, lavar carros dos vizinhos, enfim, algo que ele possa começar a ser autônomo, tenha seu próprio dinheiro resultante do trabalho. Isso traz a sensação de valor, de independência e de limites, bem como o conceito de curto, médio e longo prazo em economia.
Mesmo que a família possa dispor de muito pouco, algo como R$ 30 ao mês – um real por dia - pague ao adolescente como mesada, para que ele faça deste valor o que quiser, inclusive iniciar uma poupança. O importante é que ele saiba o valor do dinheiro e o que representa tê-lo, conservá-lo e multiplicá-lo. Isso é algo prático, que ele desenvolverá à medida que exercitar. Confie nisso!