Boa noite,
É inegável a situação e as ponderações postadas por vocês, e a solução, conforme citei acima, está na elaboração de Contratos de Mútuo. Se o cliente a despeito de ter sido alertado insistiu em "misturar" os dinheiros, o ônus cabe à ele e não ao contador que deve refletir a realidade na contabilidade.
O "problema" é que eles misturam e se dá "um jeitinho" ao invés de reconhecermos a realidade. Se (por exemplo) a empresa pagou o veículo do sócio, na verdade ela emprestou o dinheiro à ele, não importa que ele seja o "dono da empresa". Ora, tudo o que a contabilidade tem a fazer é reconhecer o fato.
No dia em que determinados contadores forem convidados a responder frente ao Conselho de Ética do CRC ou na justiça comum sobre os vícios e erros na contabilidade de determinada empresa, irão constatar que os motivos ora alegados "explicam, mas não justificam" e que deveriam ter rescindido o Contrato de Prestação de Serviços Contábeis enquanto foi possível.
É claro que me refiro àqueles que preferem a todo custo manter qualquer cliente, do que selecionar os que pretendem usar a contabilidade como ferramenta de apoio imprescindível ao crescimento de suas empresas.
De modo geral temos dois tipos de contadores;
os que usam a "Lei do menor esforço" e ganham bastante dinheiro com a quantidade de clientes, sem se importar com a qualidade de seus serviços. São estes os que "torcem" para que o cliente pague a "mensalidade" e não apareça em seus escritórios, e
os que se valorizam, aprendem e oferecem diferenciais. Estes fazem questão de que os clientes exijam, pois é com base nestas exigências que cobram seus honorários e conseqüentemente ganham também bastante dinheiro.
Os primeiros mal se formam e já têm dezenas de clientes, assumindo a responsabilidade pela contabilidade de empresas das quais mal sabem como "funciona". Ascensão rápida e fácil, porém limitada pelo desconhecimento.
Os últimos terão maiores dificuldades para angariar clientes, são contadores especiais, se aprimoram e sabem o que fazem, por isto são bem pagos. Ascensão demorada e competitiva, mas sem limites.
Curiosamente os dois "tipos" de Contadores trabalham muito. Os primeiros, se considerarmos o retrabalho decorrente da desorganização e refazimento de tarefas com finalidades diversas, trabalham bem mais que os últimos e via de regra não têm tempo para aprender.
Tenham certeza de que os "milhares de estabelecimentos contábeis que irão fechar as portas" serão os elencados entre os primeiros, nunca os últimos. Com o passar dos anos a seleção se dará normalmente via cruzamento de dados, informações online, declarações e outros dispositivos criados pelo fisco.
Cabe lembrar que há menos de dez anos, a Declaração das Pessoas Jurídicas era uma só por ano e preenchida mecanograficamente, hoje são dezenas. Mais de 40% da contabilidade das empresas é entregue às Fazendas Estaduais em tempo real, e quer queiramos ou não, o SPED aí está.
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Editado por Saulo Heusi em 23 de maio de 2009 às 13:56:28