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Ações de regularização tributária dos estados ajudam prefeituras do País

Os programas de cobrança de dívidas com o ICMS estão minimizando o problema de caixa dos municípios, dizem associações e especialistas; porém, expectativa é de retração nos repasses

17/09/2015 08:43

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Ações de regularização tributária dos estados ajudam prefeituras do País

Ações de regularização tributária dos estados ajudam prefeituras do País

Os programas de regularização tributária dos estados estão minimizando os problemas de caixa das prefeituras do País, segundo avaliação de associações e especialistas.

Nos últimos meses, os governos estaduais têm implementado medidas de cobrança de débitos de empresas com o Imposto de Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) , tributo que compõe uma parte importante das receitas dos municípios. Atualmente, cerca de 25% da arrecadação do imposto estadual são transferidas para as prefeituras.

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, diz que esses recursos são importantes para a saúde dos caixas das prefeituras e que os programas de regularização tributária ajudam a "tornar menos pior" o cenário de queda da arrecadação, decorrente da retração da atividade econômica brasileira.

A tributarista Alice Gontijo, sócia do Sacha Calmon - Misabel Derzi Consultores Advogados , também considera positivo para as prefeituras os programas dos estados.

"O que se recolhe nesses programas é também repassado para os municípios, mesmo que se tenha dado desconto às empresas. É estabelecido que 25% seja repassado ás prefeituras. Mas claro que a atividade econômica ruim reduz esses recursos", comenta Gontijo.

De acordo com dados da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP), a arrecadação de ICMS, em todo o Brasil, teve queda real de 3,6% até julho deste ano, ante igual período de 2014, para R$ 167,763 bilhões.

A situação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) também não é boa. Segundo levantamento da CNM, feito com base em dados Tesouro Nacional e Tribunal de Contas de União (TCU), estima-se que, de 1995 a 2014, o fundo tenha perdido cerca de R$ 530 bilhões em repasses, "por conta de isenções tributárias dadas pelo governo federal nos últimos anos e ineficiência nas cobranças", esclarece Paulo Ziulkoski.

Pela Constituição brasileira, 24,5% do que a União arrecada na cobrança do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) precisam ser repassados para o fundo dos municípios.

Até o dia 10 de setembro deste ano, a transferência ao FPM registrou queda nominal de 38%, ante igual período de 2014, somando R$ 2,259 bilhões. No acumulado do ano, houve retração em termos reais - que considera correção inflacionária - de 3,92%, para R$ 58,258 bilhões. De janeiro aos primeiros dez dias de setembro de 2014, o repasse ao FPM foi de R$ 60,633 bilhões.

Expectativa

De acordo com a confederação dos municípios, a União prevê que, até o final deste ano, os recursos acumulados no FPM alcancem a soma de R$ 85,500 bilhões. No ano passado, as transferências alcançaram o valor de R$ 78,928 bilhões. Para chegar no número previsto para este ano, a União precisa transferir, de setembro a dezembro, cerca de R$ 27 bilhões, o que não deve ocorrer segundo Ziulkoski.

Para ele, a queda na arrecadação e os cortes feitos no orçamento devem inviabilizar o alcance desta meta. O presidente da confederação acrescenta ainda que reduzir as atribuições das prefeituras ajudaria o caixa da administração das cidades. "Ao longo dos anos, as prefeituras foram adquirindo mais e mais funções, na área de transportes, segurança ao passo que os recursos foram diminuindo. Isso prejudica a administração pública das cidades", diz ele.

Prejuízos

Para a advogada do Sacha Calmon, serviços prestados pelas prefeituras, como de transporte, limpeza e atividades culturais e de lazer devem sofrer, pelo menos, nos próximos dois anos. "A receita dos municípios só vai melhorar com a retomada da arrecadação dos estados e da União. Isso só vai acontecer com a melhora da atividade econômica, que deve vir só depois de 2016", diz ela. "Grande parte dos municípios dependem dos repasses da União e dos estados, principalmente os menores, com baixas atividades econômica. Na cidade de São Paulo, por exemplo, o cenário muda, pois este consegue ter uma arrecadação boa oriunda do ISS [Imposto sobre Serviços]", acrescenta Gontijo. O Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) é outro tributo de competência das prefeituras brasileiras.

Conforme comunicado Sefaz-SP, de janeiro a agosto de 2015, secretaria transferiu para o caixa dos municípios paulistas cerca de R$ 16,14 bilhões em repasses de ICMS. Em 2014, em 53 depósitos realizados, o governo do estado repassou às prefeituras do estado o total de R$ 24,20 bilhões.

Dados do órgão também mostram que houve queda real de 5% da arrecadação do tributo estadual até julho deste ano, ante o mesmo período de 2014. Atualmente a receita do tributo soma R$ 73 bilhões.

Por: Paula Salati

Fonte: DCI

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