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Economia

Corte da Opep é tímido, mas melhora cenário para pré-sal, dizem analistas

Redução prevista em acordo representa cerca de 1% da produção global. Preço do barril acima de US$ 50 pode levar a reajuste da gasolina no Brasil.

02/12/2016 08:01:08

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Corte da Opep é tímido, mas melhora cenário para pré-sal, dizem analistas

O acordo para cortar a produção de petróleo, anunciado nesta quarta-feira (30) pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) pode ajudar a pressionar os preços do petróleo a patamares mais altos, mas o impacto deverá ser limitado em razão da ainda excedente oferta global e do baixo crescimento mundial, segundo analistas ouvidos pelo G1. Diante do acordo, os preços internacionais do petróleo dispararam mais de 8% nesta quarta-feira.

Para o Brasil, a perspectiva de preços mais altos melhora a expectativa para o próximo leilão de áreas do pré-sal previsto para 2017 e também para a arrecadação de royalties. Por outro lado, também aumentam as chances de reajustes de preços da gasolina e diesel, em razão da nova política da Petrobras de paridade com os preços internacionais de combustíveis.

A Opep anunciou que deverá reduzir a produção em cerca de 1,2 milhões de barris por dia (mbd) a partir de janeiro de 2017, dos atuais 33,6 milhões de barris diários para 32,5 milhões - queda de 3,27%. O cartel produz atualmente cerca de terço do petróleo global, que atualmente está entre 92 a 94 milhões de barris diários (mbd).

'Quase nada'
"É um gesto simbólico, mas o corte é quase nada. Está quase dentro da margem de flutuação da cotação do barril”, afirma David Zylbersztajn, professor da PUC-RJ e ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP). "Muita gente deve ganhar dinheiro nos próximos dias. Vai mover especulação de curto prazo. Mas acredito que será um arranhão mínimo", acrescenta.

Ele se diz também cético em relação ao cumprimento efetivo do acordo. "Sou totalmente cético. Desde que houve uma reversão do papel da Opep, nenhum acordo do grupo é cumprido. Não existe mais essa unidade dentro do cartel. Não acredito que países como Venezuela, Nigéria, Argélia – que são altamente dependentes do petróleo como fonte de divisas – vão cortar a produção", acrescenta.

Para o sócio-diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Adriano Pires, apesar de o acordo ter sido visto como uma surpresa, uma vez que nos últimos dias havia indicativos de que os países não chegariam a um entendimento, a tendência é que o barril, no melhor dos cenários, oscile na faixa entre US$ 50 e US$ 55.

"O grande drama da Opep é que se se aumenta o preço do barril ao mesmo tempo também se viabiliza nos Estados Unidos o shale oil (gás de xisto, cuja produção disparou nos últimos anos, contribuindo para o excedente de oferta global)", explica Pires.

Os preços internacionais do barril de petróleo que, desde 2011, estavam situados acima de US$ 100, desabaram no final de 2014 diante do excesso de oferta global. Já são 15 meses seguidos de preços médios abaixo de US$ 50.

 

(Foto: )

Impactos para Brasil e Petrobras
Ainda que o impacto do acordo nos preços do petróleo ainda seja incerto, um barril um pouco mais caro traria benefícios para o país, segundo o diretor do CBIE.

"O Brasil fará leilão de blocos do pré-sal no ano que vem, então barril mais alto melhora a expectativa do leilão. Já para estados e município, aumenta a arrecadação de royalties", afirma Pires.

Ele alerta, entretanto, a manutenção de um patamar para o barril acima de US$ 50 criaria um viés para reajuste dos preços de gasolina e diesel no país.

"Se a Petrobras seguir a nova política de preços que anunciou em outubro, acho que é inexorável o aumento", afirma Pires. "Com o barril a US$ 50 ou mais e o câmbio de hoje, para manter o prêmio [ganho na comparação com o preço médio de importação de combustíveis], a Petrobras teria que fazer um aumento ponderado de diesel e gasolina entre 17% e 18% em dezembro".

Para o analista da Tendências Consultoria Walter Vitto, entretanto, mesmo com a alta do dólar frente ao real nos últimos dias e com o barril a US$ 50, a Petrobras ainda estaria obtendo margem de prêmio de pelo menos 6,5%. "Essa alta do barril não necessariamente vai impactar no preço dos combustíveis. Niguém sabe qual é o custo de internacionalização da Petrobras e a diretoria já disse que pode levar em consideração outras questões como risco da operação e perda de mercado", disse.

Até antes do anúncio do acordo da Opep, a Tendências projetava cotação de US$ 47,5 para o barril de petróleo Brent no final de 2016. Para Vitto, os efeitos do corte da Opep no enxugamento da oferta deverão ser mais claros até "meados do ano que vem".

Procurada, a Petrobras disse em nota que a companhia "não mudará sua estratégia de produção prevista no Plano de Negócios e Gestão". Em outubro, a estatal anunciou uma nova política de preços, informando que os preços dos combustíveis nas refinarias serão revisados "pelo menos uma vez por mês". Desde então, foram anunciadas 2 reduções de preços de diesel e gasolina.

O governo brasileiro se posicionou contra o corte proposto pela Opep no fim de outubro. Após a decisão desta quarta, o Ministério de Minas e Energia disse, em comunicado, que "o governo brasileiro não interfere no ritmo de produção das empresas petrolíferas instaladas no país".

Na revisão do seu plano de negócios, anunciada em setembro, a Petrobras passou a considerar para 2017 um preço médio do petróleo Brent a US$ 48 e um câmbio de R$ 3,55 por dólar. Para 2018, a estatal prevê o Brent a US$ 56 o barril, subindo para US$ 68 em 2019 e ficando em US$ 71 em 2020 e 2021.

Fonte: G1 - São Paulo

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