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Nova lei exigirá especialização de terceirizadoras

Oportunidade e cautela. Empresas que oferecem mão de obra vislumbram novos setores de atuação mas alertam: sem especialização, contratar trabalhador terceirizado não vale a pena

10/04/2017 11:20

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Nova lei exigirá especialização de terceirizadoras

As empresas prestadoras de serviços terceirizados já vislumbram oportunidades de negócio em novos setores após o fim das restrições para a prática. Por outro lado, o preenchimento de vagas nas chamadas atividades-fim vai demandar um esforço maior de qualificação.

Para as empresas ouvidas pelo DCI, não 'atirar para todos os lados' é um dos desafios que serão enfrentados pelo setor. "O dono da empresa pode terceirizar tudo, mas nós temos que nos especializar e focar em determinados serviços. Não pode haver terceirização generalista", afirma Clodoaldo Barbosa, diretor-executivo da Nossa Gestão de Pessoas e Serviços - que terceiriza mão de obra temporária, profissionais de suporte para ações governamentais (como eleições) e serviços de recrutamento de pessoal para clientes no Paraná, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

"[A permissão] vai abrir muitas oportunidades para empresas de qualificação de mão de obra, já que o terceirizado que entrar em uma linha de produção, por exemplo, vai precisar muito", analisa o presidente da holdingHigi Serv, Adonai Aires de Arruda; o grupo reúne 11 empresas que oferecem serviços que vão desde a logística aeroportuária até a limpeza.

A ressalva feita pelas duas empresas - ambas alocadas no estado do Paraná - é importante em um momento de pressão econômica sentida pelos tomadores de serviços. "Os empresários com certeza vão nos procurar mais, mas não podemos querer abraçar o mundo. Isso geraria uma perda de produtividade", argumenta Barbosa, lembrando ainda que o número de empresas de terceirização 'aventureiras' de terceirização deve aumentar após as mudanças na legislação; todas as fontes ouvidas pelo DCI para a matéria citaram preocupação semelhante.

"As empresas que agiam de má fé vão continuar agindo mesmo com as mudanças", afirma o presidente da IMC Saste (que possui cinco unidades de negócios oferecendo na terceirização em setores como manutenção industrial e logística), Sérgio Salomão.

Por outro lado, Salomão comemora um aumento significativo no número de contatos realizados por empresas interessadas nos préstimos da IMC Saste: de acordo com o chefe do grupo, houve acréscimo de 60% apenas nos últimos dez dias. "Creio que muitos eram serviços que já estavam prestes a serem contratados, mas que estavam represados no aguardo da aprovação da lei", avalia Salomão.

O executivo, contudo, espera que haja cautela por parte dos clientes. "Os tomadores estão avaliando o que terceirizar e o que 'primeirizar', mas nós recomendamos que eles mantenham o DNA dentro da própria empresa", comenta.

No caso do grupo paulista Pro Security (que oferece serviços de vigilância, limpeza e gestão condominial), a criação de um grupo de trabalho imediatamente após a aprovação da Lei 13.429/2017 deve ajudar a identificação de práticas que ajudem a absorção da demanda excedente. "Toda área industrial, por exemplo, vai exigir um treinamento diferenciado - mesmo no caso de um torneiro mecânico", afirma o diretor-executivo da empresa, Alexandre Paranhos.

Oportunidades

O pedido de calma manifestado pelos empresários ouvidos pelo DCI não significa que os benefícios da aprovação da terceirização irrestrita serão poucos. Paranhos e a Pro Security, por exemplo, já tem uma ideia clara de qual será o primeiro alvo: o setor supermercadista. "Era um segmento onde antes tínhamos restrições e que agora é uma oportunidade", afirma o executivo, em relação à profissionais como operadores de caixa, empacotadores e repositores. A mesma lógica pode ser replicada em outros segmentos com mão de obra intensiva.

Arruda, da Higi Serv, vislumbra outra grande possibilidade: a de que empresas prestadoras de serviços atuem como "coringas", oferecendo mão de obra 'ferista' para os setores interessados. "É uma prática que se usa muito em vigilância", conta o empresário. "Uma empresa de ônibus urbano, por exemplo, que possua 300 motoristas está sempre com uns 30 de férias. Ela poderá contratar uma terceirizadora e contratar outros 30 'feristas' para o lugar."

Paranhos, contudo, lamenta indícios de mudanças no texto aprovado pela Câmara no mês passado e sancionado pelo presidente Michel Temer há uma semana. "Não dá para focar um segmento e investir em treinamento quando tudo pode mudar amanhã."

Fonte: DCI - Diário Comércio Indústria & Serviços

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