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Economia

Concessão de crédito cai em um ano e empresas buscam antecipar receitas

O volume de crédito concedido para pessoas jurídicas (PJ) encolheu mais de R$ 8,8 bilhões em março de 2017, em comparação com igual mês do ano passado. Diante dessa realidade, as empresas buscam a antecipação de recebíveis para fortalecer o caixa.

02/05/2017 11:01

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Concessão de crédito cai em um ano e empresas buscam antecipar receitas

Em recursos livres, a concessão de crédito para empresas atingiu R$ 114,10 bilhões em março de 2017, R$ 4,46 bilhões menos em comparação com o mesmo mês de 2016, quando o valor era de R$ 118,86 bilhões. Em relação aos recursos direcionados, a baixa foi de R$ 4,35 bilhões para R$ 10,60 bilhões de concessão, ante o valor de R$ 14,95 bilhões em idêntico mês de comparação.

A variação negativa demonstra a dificuldade das empresas de conseguir crédito nos bancos. A emissão de capital de giro, apesar de crescimento em relação a fevereiro influenciado por fatores sazonais, registrou queda na comparação de março de 2016: no último ano, foram cedidos R$ 16,8 bilhões pelo Sistema Financeiro, enquanto, no terceiro mês de 2017, o valor chegou a R$ 15,9 bilhões. Com poucas possibilidades de se endividarem com esse tipo de empréstimo, as empresas estão se comprometendo com outra forma de abastecer seu orçamento: o desconto de duplicatas e recebíveis teve sua maior alta na década – foram concedidos R$ 16,5 bilhões. Em igual período do último ano, foram cedidos R$ 11,3 bilhões.

“Ainda estamos saindo da recessão, não estamos tendo um crescimento excessivo e rápido. As empresas estão querendo melhorar seu fluxo de caixa para aumentar estoques e tudo o mais. Além disso, elas passam a precisar de menor capital de giro. Elas estão reduzindo as suas necessidades, se ajustando, e trabalhando com o menos possível, com menos capital de giro e apelando para o desconto de duplicatas para ter o mínimo de caixa. O critério de risco dos bancos continua ainda apertado em função do risco da economia”, analisa Nicola Tingas, da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).

A dificuldade financeira pelo qual passam a empresas é também resultado da demora na recuperação econômica. “O grande problema é que a recuperação econômica está sendo tardia. Abrimos o ano com uma supersafra, tivemos um ‘boom’ de commodities que beneficiaram o setor externo, mas o acirramento da crise política fez a economia ganhar força com menos intensidade. A cautela dos bancos em ceder o capital de giro e das empresas em se comprometerem com mais dívidas podem ser explicadas pela lenta recuperação econômica”, diz Tingas.

Inadimplência

Segundo levantamento do Indicador de Inadimplência de Pessoas Jurídicas divulgado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a quantidade de empresas inadimplentes aumentou 5,15% em março, em comparação ao mesmo período de 2016.

De acordo com Eduardo Tambellini, sócio-consultor da GoOn, empresa de gestão de riscos, a alta taxa de calotes das empresas é um dos fatores que mais tem deixado os bancos receosos. “A inadimplência em todos os produtos para PJ vem só crescendo. Os bancos tendem a fechar portas nos produtos mais arriscados. Como as empresas não param de vender, elas precisam viabilizar algo para fluxo de caixa. Quando você desconta duplicatas você tem uma garantia maior. Mas isso teve realmente um grande impacto, assim a mudança na política de crédito do BNDES foi o grande fator que influenciou na queda de concessão de crédito para recursos direcionados”, explica.

Juros e retomada

As taxas de juros apresentadas pelo Banco Central em seu boletim mostraram tendências diferentes entre as várias modalidades. No parcelado do cartão de crédito, os juros caíram de 38,9%, em março do último ano, para 33,31% no terceiro mês de 2017.

O rotativo, no entanto, teve alta considerável e saiu de 328,2% para 348%, em igual período de comparação anual. A taxa também registrou crescimento nos financiamentos de importações, no crédito rural. Já os financiamentos de exportações, o repasse externos e financiamento imobiliário registraram queda.

A retomada econômica, que pode suavizar o ciclo de crédito e seus juros, ainda deve demorar mais um pouco. “Estamos em um momento de finalizar a recessão, os balanços dos bancos mostram que isso está se acalmando. O processo de ‘desalavancagem’ de crédito está sendo retomada. É um cenário de recuperação e crescimento mais para frente, a depender também das reformas. As pessoas jurídicas precisam de receitas para equilibrar seus balanços. O crédito para pessoa jurídica vai se normalizar junto com a economia, e isso vai se fazer mais presente e firme, com números mais claros e concretos. no segundo semestre. , pondera o economista Nicola Tingas.

Fonte: DCI - Diário Comércio Indústria & Serviços

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