O Brasil enfrenta a falta de talentos qualificados em muitas profissões, mas esse cenário não se resume apenas no quesito qualificação técnica e envolve também a qualificação comportamental, ou seja, vivemos a falta de talentos com qualificação comportamental no mercado.
Universidades corporativas foram criadas para as empresas qualificarem seus profissionais às necessidades de mercado e isso tem tornado possível formar pessoas com alguns anos de instrução e experiência técnica prática. No entanto, a qualificação comportamental não depende unicamente de um programa de treinamento corporativo, mas de um programa de mudança que antes de tudo se inicia dentro do indivíduo e cuja porta de entrada deve ser aberta por ele próprio.
No mercado atual, existe uma gama de possibilidades para profissionais que desenvolveram habilidades comportamentais tais como: equilíbrio emocional, respeito aos pares, capacidade de transmitir suas idéias, flexibilidade, extroversão, persistência, empatia, energia, capacidade de influenciar outros, habilidade em tomar decisões sob pressão, arte de negociação e muitas outras. Habilidades comportamentais serão em muitos casos o divisor entre uma carreira comum e uma brilhante. Por exemplo, um profissional experiente com amplo domínio técnico que não tenha habilidades comportamentais para exercer cargos de liderança muito provavelmente perderá grandes oportunidades de ascensão profissional.
Se o comportamento é tão importante para os profissionais, porque faltam tantos profissionais com tais habilidades? Eu enumero duas razões: Primeiramente porque as mudanças comportamentais dependem muito da própria pessoa, incluindo os seus próprios conflitos de personalidade, limitando a amplitude do que as empresas podem fazer, afinal de contas não se trata apenas de treinar seus colaboradores. A segunda razão porque nem todos aceitam que seja necessário fazer mudanças e é comum encontrar pessoas com comportamento inadequado que não acham nada de errado nisso.
As características comportamentais das pessoas são decisivas em casos de demissões, mudanças de cargos e crescimento de carreira e tanto os próprios profissionais como os recrutadores que menosprezam a importância da qualificação comportamental sofrerão as consequências por minimizar a importância de um fator determinante hoje em dia. Afinal, entre qualificação comportamental e técnica, qual delas prevalece? No meu entendimento uma complementará a outra, sendo a qualificação técnica um ingrediente para entrar no mercado e a comportamental fundamental para uma carreira de sucesso.