Hoje no Brasil a escassez de mão de obra nos faz presenciar a maior onda de rotatividade profissional dos últimos tempos, e, consequentemente, nossa área (contabilidade) está sendo muito afetada por essa onda, ou diria crise de rotatividade...
Os jovens estão saindo das faculdades com um conhecimento mínimo, e estão sendo disputados no tapa pelas empresas e escritórios, e o pior é que quando falo de conhecimento mínimo, é o mínimo mesmo, pois, em uma entrevista de emprego com um recém formado, se perguntarmos sobre os autores da contabilidade, como Lopes de Sá, Marion, Iudícibus, Eliseu Martins e outros eles simplesmente desconhecem.
O desinteresse pela matéria é geral, ou seja, são contadores que não se aprofundaram em contabilidade.
Dessa forma, com novos profissionais interessados mais na ascensão que a contabilidade está tendo com IFRS, CPC’s e outras coisas do nosso universo atualmente do que em consolidar a carreira em uma profissão que foi boa no passado, boa no presente e é considerada por muitos a profissão do futuro, presenciamos uma enxurrada de maus profissionais jogados ao mercado e que se apegaram na crista da onda, e mesmo assim, ficam em uma empresa por no máximo um ano ou dois.
Os contabilistas que já estão no mercado a algum tempo estão receosos com essa onda, e por isso, uma característica da nossa profissão está sendo deixada de lado: treinar e capacitar os jovens para nos suceder no futuro.... Como desenvolver alguém que logo irá te abandonar?
Desde que comecei a trabalhar na área contábil, com 16 anos, sempre fui treinado pelos meus chefes, coordenadores, gerentes, e posso afirmar que aprendi muito mais com eles do que no curso técnico, faculdade e pós-graduação. Mas hoje em dia, os profissionais mais experientes estão com medo de ensinar ou passar conhecimento aos mais jovens, pois, estes, ficam por um tempinho curto e logo se vão.
Poucas profissões no mundo geram tantos talentos quanto a de Contabilista, e essa nova era contábil nunca foi tão improdutiva de gerar talentos quanto agora, pois, os novos talentos não querem ouvir os talentos do passado e os contabilistas a muito no mercado não acreditam na nova geração.
As faculdades cobram pouco dos formandos, a leitura que na nossa área é tão essencial está sendo deixada de lado, e a teoria contábil que é a base para a prática esta tão pobre que a demanda por retrabalho é assustadora.
Se não começarmos a desenvolver os novos talentos agora, daqui a pouquíssimo tempo não teremos bons profissionais no mercado, e o pior, boas obras literárias que sustentem a nossa prática. E para isso, precisamos reter os novos talentos de alguma forma, mas não é supervalorizando com salários altos ou benefícios temporários, mas sim, mostrando que no futuro ele poderá fazer a diferença pela classe contábil.
Sou profissional da nova geração, 31 anos, com 15 anos na área, tento me atualizar com cursos, seminários, palestras e outras coisas, mas, o que mais me ensina é que da mesma maneira que aprendi tento passar o conhecimento, através da prática diária e do amor a profissão que eu escolhi para minha vida toda.
