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Novidades Contábeis e Realidade dos Acontecimentos

25/07/2006 00:00:00

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Novidades Contábeis e Realidade dos Acontecimentos

De quando em vez apresenta-se como "novidade" o que no passado já havia surgido, mas, sem que tivesse encontrado no pretérito a propagação necessária.
Hoje, com os amplos recursos da comunicação, difundem-se idéias, nem sempre as mais proveitosas e realistas, mas, com probabilidade de aceitação, especialmente por parte de quem se preocupa em parecer "atualizado".
Mentiras profusamente divulgadas, com boa apresentação e insistência acabam por ter foros de "verdade".
Isso ocorre ainda com maior facilidade em ambientes onde nem sempre existe a preocupação em refletir se o que surge no momento é deveras o verdadeiro, bastando que seja "momentoso" e "propagado".
Assim se constroem os "modismos", esses que costumam invadir os mercados como "pacotes de serviços", "normas internacionais", "resoluções normativas" (que se formam e reformam ao sabor das conveniências), quer nas áreas da Administração, Fiscalidade e Contabilidade.
Usual tem sido apresentar como "novidade" e "evolução" o que nem sempre é nenhuma dessas duas coisas.
Que o progresso ocorre através de acréscimos no saber não podemos duvidar, pois, esta tem sido uma característica na civilização, mas que se possa como tal considerar o que se deseja impor a todos (para extração de proveito apenas de partes interessadas) é deveras algo inconseqüente.
Não se nega que a ciência tenha evoluído, nem que os costumes mudaram.
Basta comparar um compêndio de Contabilidade, de Administração, por exemplo, do início com um dos fins do século XX para que se possa ter certeza de que tais ramos do saber tiveram sensíveis avanços.
Novos conceitos afloraram, metodologias fluíram, aplicações foram conquistadas como as relativas à "Contabilidade Ambiental", "Fluxos" (embora este já existisse em escritos contábeis da época Pombalina, no Brasil), "Contabilidade do Conhecimento", "Normatizações Contábeis" e outros quejandos.
De algum tempo para cá surgiram e se apresentaram como "revoluções do conhecimento" muitos critérios tecnológicos, especialmente egressos do mundo anglo-saxônio.
Os Estados Unidos, como maior potência mundial econômica, exercendo pressão e séria influência sobre o sistema de informação e por decorrência no de normas e critérios contábeis, mesmo sem produção científica relevante na área, domina hoje a parte conceitual docilmente aceita por muitos países.
Condenar "in limine" tais eventos é correr o risco de isolar-se, como o é o de aceitar tal condição sem uma filtragem lógica, submetida à doutrina científica.
Entre o isolamento consciente, como prova de não se desejar omitir e a adesão submissa pela comodidade de não resistir, está a qualificação dos seres humanos perante a História.
O simples copiar é prova de mediocridade mental e intelectual quando não submetido ao rigor da razão.
Aceitar simplesmente porque todos aceitam, porque uma grande potência o impõe através de propaganda tendenciosa, é negar qualidade a si mesmo.
O esforço no campo do conhecimento só é válido quando a preocupação é a do encontro com a verdade.
Entre o considerado como "novo" e a "realidade", pois, é preciso que o julgamento se faça sob o impacto da inteligência, da cultura, do razoável.
As muitas novidades que estão surgindo através de procedimentos e normas contábeis nem todas merecem uma aceitação sem raciocínio, a menos que se deseje aviltar a qualidade intelectual pelo servilismo, pela crença de que tudo o que sopra do mundo anglo saxão é verdade.
Não se coloca aqui em dúvida o poder econômico de uma Nação, mas, sim, o confundir as coisas por aceitar que a riqueza tem prevalência sobre o intelecto.
Ou ainda, no caso, contrariar o pensamento do excelso Machiavelli quando há cerca de meio milênio afirmou que nem só dinheiro ganha uma guerra...

Prof. Antônio Lopes de Sá.

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