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Mais uma Eleição

14/09/2006 00:00:00

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Mais uma Eleição

Mais uma eleição se aproxima e o que eu tenho percebido é a falta de esperança do povo brasileiro com relação aos futuros ocupantes dos cargos públicos. A cada ano que se passa, parece que as coisas pioram. O desemprego e a fome ainda assolam parcela considerável da população brasileira. Durante a campanha os candidatos parecem anjos. Mas depois de eleitos, alguns fazem questão de esquecer suas promessas demagógicas e parece que passam a cuidar da coisa pública em benefício próprio e daqueles que financiaram suas campanhas. Enquanto isso, os reais problemas do povo caem no esquecimento. Esse artigo apresentará uma breve conversa sobre essas questões.

Mateus é um jovem que tem dois filhos: Marcos e Lucas. Outro dia, após mais um horário eleitoral gratuito, Marcos e Lucas procuraram seu pai para esclarecer algumas dúvidas. Marcos perguntou: - Papai, por que será que muito do que foi prometido na última eleição não foi cumprido? Mateus respondeu: - Meu filho, infelizmente parece que uma parte considerável das pessoas que almejam cargos públicos, desde a esfera municipal até a esfera federal, só ingressam nesse meio para roubar a nação. Às vezes chego a achar que a ganância pelo dinheiro faz essas pessoas iludirem os eleitores com falsas e até impossíveis promessas para serem eleitos e tem mais, parece que certos candidatos recebem grandes quantias de dinheiro que são doadas por empresas para as campanhas. Só que quando os mesmos são eleitos, parece que eles terão que dar alguma contrapartida por essas doações.
Lucas indagou: - Contrapartida? Como assim papai?. Mateus respondeu: - Vamos citar alguns exemplos: pode ser que certas empreiteiras vão exigir que o setor público as contrate para realizar obras. E o pior, às vezes superfaturadas. Marcos questionou mais uma vez: - Superfaturadas? O que é isso?. Mateus prontamente respondeu: - suponha que a recuperação de algumas rodovias custasse realmente R$ 1 milhão. Mas algumas empresas podem chegar a cobrar R$ 2 milhões do governo. Lucas perguntou: - Mas o governo está sendo enganado. Ele não sabe? Mateus respondeu: - Parece que sabe meu filho, só que pode ser que ele receba uma comissão para autorizar essa obra. Nisso, um coleguinha deles, chamado João entra no assunto e pergunta: - comissão, como assim? Mateus responde: - vamos assumir um exemplo que a comissão seja de 10%. Isso significa dizer que R$ 200 mil pode ir para o bolso do governo e de sua equipe. E a empresa receberá R$ 1 milhão e 800 mil pela obra que deveria custar R$ 1milhão. Lucas perguntou: - Quem paga isso papai? Mateus respondeu: - todos nós, que pagamos nossos impostos. João pergunta: - Mas o dinheiro dos impostos deveria ser aplicado corretamente nessa obra e os R$ 800 mil a mais poderiam ir para investimentos em educação pública. Mateus responde: - é verdade João, mas não vai. João pergunta novamente: - por que não? Mateus responde: - parece que nenhum governo corrupto quer que o país desenvolva sua educação pública, pois a partir do momento que boa parte da população estudar e tiver conhecimentos dos seus direitos, ela vai lutar por mudanças, por um país mais justo com mais emprego e melhores condições de vida para todos. Acredita-se que um governo corrupto quer as pessoas cada vez mais com fome, pois com a barriga vazia elas não conseguirão pensar. Se não pensam, não questionam e com isso não ameaçam quem está no poder. E pode ter mais, com essas mesmas pessoas na miséria, elas podem ficar dependentes de favores do próprio governo.

João diz: - Ontem eu estava conversando com a mãe de uma amiga minha, que está desempregada, e ela disse que vai votar no candidato que prometeu arranjar uma cesta básica para ela, bem como prometeu arrumar um material de construção para levantar o barraco dela que caiu nas últimas chuvas. O candidato, chamado Robaldo Estelionatário Fortunato, pediu para a mãe da minha amiga conseguir mais votos na família. Lucas diz: - é uma pena, pois se essa Senhora tivesse um emprego e condições de possuir uma digna moradia, ela poderia não se sujeitar a isso. Então Lucas perguntou para Mateus: - papai por que falta emprego? Mateus respondeu: - por vários motivos meu filho. Por causa dos juros e impostos altos. Com isso, os empresários têm tido dificuldades para manter suas empresas e acabam indo à falência. Marcos perguntou:- por que os juros e os impostos são tão elevados? Mateus respondeu: - parece que os impostos são altos para que o governo possa arrecadar e ter condições de pagar os juros da dívida. E tem mais, uma parte dessa arrecadação parece que é desviada com os esquemas de corrupção. João perguntou: - e no caso dos juros, por que os mesmos são altos? Mateus respondeu: - parece que depois de 1994, com o fim da inflação galopante (que enriquecia as pessoas e as instituições que possuíam muito dinheiro), o lucro fácil iria acabar. Sendo assim, parece que os grandes agiotas (pessoas, bancos, financeiras, factorings etc.) que lucravam com essa situação passaram a exigir juros altos para ganhar mais sobre os empréstimos. E aí vem o governo com a desculpa esfarrapada de que os juros são altos para combater inflação. Mas juros altos só combate inflação de demanda. A que nós temos hoje é inflação de custos (passagens de ônibus, telefone, alimentos, energia elétrica, remédios etc, tudo isso aumenta os custos para as famílias e empresas e contribui para alimentar a inflação). Esse tipo de inflação não é combatida com juros altos. Pelo contrário, quanto mais altos os juros, mais caro o crédito e assim os empresários podem repassar parte dos custos desse crédito para os preços das suas mercadorias aumentando ainda mais a inflação. Lucas disse: - papai, parece que o governo serve também aos interesses desses agentes econômicos que possuem muito dinheiro, que lucram bastante com juros altos. Outro dia eu vi na internet como o lucro dos mesmos tem subido e o pior é que os mesmos ainda cobram elevadas tarifas pelos seus serviços. Mateus conclui: - é por tudo isso que falta emprego no país.

Mateus conclui: - queridos, independente dessa situação que acabamos de conversar, não podemos nos desesperar. Mudar toda essa estrutura é praticamente impossível no curto prazo. O que temos que fazer é ser honesto, respeitar as pessoas e a própria consciência. Pois se os maus hábitos se propagam, os bons também. Se cada um de nós fizer a nossa parte em busca de um mundo melhor, poderemos contagiar um maior número de pessoas e as coisas realmente mudarem. Então, peço a vocês que sejam agentes multiplicadores do bem, com suas atitudes individuais.

Fernando Antônio Agra Santos é Doutor em Economia Aplicada e Professor Universitário em Juiz de Fora - MG ([email protected])

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