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Burocracia, Contabilidade e Mercado de Capitais

30/09/2006 00:00

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Burocracia, Contabilidade e Mercado de Capitais

O exagero com a burocracia aumenta custos e estes tendem a reduzir lucros.

Algumas medidas exigidas para evitar fraudes e erros são às vezes geradoras de improdutividade, criando lentidão no processo decisório e resultando em expressivo aumento de despesas.

Piora a situação a metodologia que coloca o medo acima da capacidade de vencer o próprio risco.

Imaginar que complicando procedimentos se dificulta a fraude é próprio de quem não se aprofunda no conhecimento contábil.

Forma não consegue anular essência, no máximo pode ocultá-la temporariamente.

A experiência comprova que nem sempre é o excesso de controle o caminho adequado perante a eficácia exigível na gestão dos capitais.

Admitir que riscos possam ser eliminados com excessos burocráticos, com exagerado peso na máquina administrativa, é uma ilusão que muitos poderes públicos e empresas têm cometido ao longo dos anos.

Tudo o que é extremo em matéria humana (na qual se incluem as ciências dedicadas aos empreendimentos) termina por fugir ao equilíbrio.

A fraude nasceu com o homem da caverna e não se pode prever quando terminará.

Não existe processo infalível de evitar a fraude, mas, sim, critérios inteligentes que a dificultam.

Não é a quantidade, mas, sim, a qualidade das medidas que torna eficiente o governo da riqueza.

Nem tudo o que parece ideal se materializa idealmente.

Os escândalos que de há muito ocorrem no campo das falsidades de informações contábeis no mercado de capitais norte-americano foram responsáveis, não faz muito tempo, por medidas do governo daquele País, materializadas na edição de uma lei que passou a ser conhecida como Sarbane-Oxley (nome de seus autores).

Foi estruturado um esquema de tal forma burocrático que os efeitos daninhos já estão ai evidentes.

O processo não conseguiu chegar à maior idade sem sofrer arranhões de ordem econômica e social segundo hoje se noticia.

A decantada "governança corporativa" (um vernáculo que não me parece o mais expressivo) surgiu como uma "panacéia", em vestes de gala, mas está sendo ao que parece mais um veneno que um antídoto.

Tudo faz crer que, todavia, mais cedo do que se poderia esperar, como um castelo de areia a beira mar, começa a ruir o novedio critério.

Tudo porque o governo dos Estados Unidos, em vez de combater causas preocupou-se mais com os efeitos da questão que golpeou as bolsas com os escândalos da ENRON, QWEST etc.

O calcanhar de Aquiles deixou de ser atingido, pois, o problema sempre esteve no que o professor Abrahan Briloff, da Universidade de Nova Iorque denunciou há mais de 30 anos em artigos e livros.

O emérito mestre referido denunciou que eram as "Normas" manipuladas pelas entidades que se apresentavam como donas da verdade as responsáveis pela fraudes, em face dos critérios "alternativos" que possuíam e que ajudavam aos especuladores.

Aberto um inquérito no Parlamento americano chegou este a conclusão de que em realidade havia um conluio para ensejar o uso inadequado da informação contábil que pejorativa e ironicamente foi taxada de "Contabilidade Criativa".

Agora, as sofisticações da tida como milagrosa "Sarbane-Oxley", surgida como uma grande novidade e maravilha tecnológica começam a mostrar as suas faces negativas.

Os negócios das bolsas americanas estão sendo afetados pela referida lei, segundo denuncia a imprensa especializada.

Os desperdícios em papelada e gastos de pessoal estão levando algumas companhias a emigrar para o mercado europeu e, então, os processos começam a se inverter.

Ou seja, em vez de beneficiarem o mercado estadunidense os procedimentos da "Sarbane Oxley" estão a prejudicá-lo, e, isso, tenderá a ser assim segundo estamos informados.

Oxalá que a Comunidade Européia não venha a praticar as mesmas falhas que a lei estadunidense ensejou...

Enquanto isso é lícito sempre interrogar: o que se está fazendo para combater a grande causa das fraudes e que se denunciou estar no critério de normatização?

Antônio Lopes de Sá.

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