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Autonomia do Capital e Relatividade analítica Contábil

14/12/2006 00:00

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Autonomia do Capital e Relatividade analítica Contábil

Embora a empresa e o seu ambiente externo não se confundam é evidente a influência que um sobre o outro exerce.
Também, segundo os princípios contábeis e jurídicos a pessoa do empreendedor com a do empreendimento não se mescla.
Tais premissas são dignas de apreciação como orientações para os critérios de análise das situações espelhadas nas demonstrações contábeis.
De forma aristotélica é fácil concluir que a empresa é algo "uno" e como tal deve ser tratada.
Isso não exclui a necessidade de observar as correlações úteis que se tenham operado no capital, mas, impede de tomá-las em caráter absoluto.
Isso equivale a dizer que se deve estar atento às transformações ocorridas no mercado, às evoluções científicas, a política creditícia nacional e internacional etc.
Aceita tal conclusão tem-se um ponto de partida para uma metodologia analítica contábil que sinaliza para um objetivo definido.
Como o corpo de cada pessoa é para os médicos um universo característico, para os contadores o capital de cada empresa é igualmente algo peculiar.
Isso sugere cuidado em relação aos excessos praticados no campo da comparação de balanços de empresas distintas, ainda que do mesmo ramo e situadas no mesmo mercado.
As análises "conjunturais" ou de "atividades" são preocupações da ciência econômica, não da ciência contábil.
Cada ramo da ciência tem sua própria metodologia ainda que tenham o mesmo objeto de exame (casos da Física e da Química, da Economia e da Contabilidade etc.).
Para efeitos econômicos é interesse conhecer, por exemplo, o que ocorre no ramo de construção civil, quer em uma região, quer nacional, quer internacional.
Para fins contábeis, todavia, no caso das empresas edilícias, o que se objetivará sempre será conhecer como se comporta o capital da Nuno Mendes Edificações.
Essa a razão pela qual falha contabilmente falece a "comparação" de uma com outras empresas do mesmo ramo por que não têm condição de oferecer conclusões de caráter absoluto.
O relevante fracasso da aplicação nos Estados Unidos de raciocínio econômico em matéria de análise contábil de empresa sufocou, na segunda metade do século XX, a tendência iniciada nos fins do século XIX de obter conclusões sobre comportamento de unidade empresarial a partir da comparação com o todo de um ramo de negócios.
Antes que os estadunidenses se convencessem do insucesso do "método comparativo" em atividades já os doutrinadores italianos condenavam o regime comparativo aludido.
Já nos fins da primeira metade do século XX de forma enfática o grande e festejado professor Gino Zappa, em sua obra "O rédito da Empresa", advertiu sobre a falência da aplicação de critérios econômicos no campo contábil.
Enfaticamente argumentou o mestre que o patrimônio individual de cada negócio está contido em um ambiente interno que é o da empresa e nesta existe um próprio exercício de vontade do qual nascem as decisões que movimentam a riqueza.
A empresa tem por continente externo um variado conjunto de forças de influência ditadas pela: sociedade, mercado, inovações tecnológicas, natureza, sistema político etc. e sobre o qual, comumente, não tem poder de alterar.
O entorno referido é determinante para todo um ramo de atividade, mas, é aquele interno que dita o peculiar.
Empresas situadas no mesmo bairro, com um mesmo ramo, tendem a ter resultados diferentes em função da capacidade dirigente, competência do pessoal, imagem, tradição, atendimento ao cliente, qualidade do imobilizado, processos de produção etc.
Existem ramos lucrativos que podem estar em fase ascendente e a empresa a ele pertencente em declínio.
Há, também, o oposto, ou seja, o ramo pode não estar bem e uma determinada empresa do mesmo ter ótimos resultados.
Portanto, os quocientes "padrões", tão acreditados anteriormente, encontram-se hoje contestados diante do insucesso do critério.

Antônio Lopes de Sá

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