Um carro sempre permeou o imaginário de muitas pessoas. Entretanto, muitos cuidados se fazem necessários na hora de decidir comprar um veículo. Primeira pergunta que o cliente tem de fazer é para ele mesmo: "Eu realmente preciso de um carro para as minhas necessidades ou é simplesmente um desejo?". Se for apenas para satisfazer um desejo, aconselho que aquelas pessoas que possuem uma boa renda, que têm uma disciplina financeira e gasta menos do que ganha e que não têm dívidas podem e devem satisfazer esse desejo. Se tiver dinheiro para pagar à vista, ótimo. Caso contrário poderá juntar uma quantia mensal para comprar à vista ou para dar uma maior entrada possível e financiar o mínimo, pois os juros são altos no Brasil. Agora, aquelas pessoas que desejam um automóvel, mas não possuem condições de comprar no momento presente, devem esperar o momento oportuno para não se endividar desnecessariamente.
Com relação àqueles consumidores que necessitam e não podem ficar sem um automóvel, a cautela deve ser triplicada. O mesmo deverá fazer uma outra pergunta para si: "Eu preciso de um carro zero quilômetro ou um carro com alguns anos de fabricação, mas em boas condições de uso, satisfará minha necessidade?" Quando o indivíduo levanta algum questionamento para si próprio, ele tende a deixar o lado racional prevalecer sobre o lado emocional e com isso, tomará uma medida mais sensata. Em seguida, o consumidor que puder comprar seu carro à vista estará sendo mais prudente. Mas caso o mesmo precise financiar, tem que estar bem atento com outra armadilha: o mercado está oferecendo muito crédito, as financiadoras estão muito interessadas em emprestar dinheiros, pois a taxa de juros é muito alta, e as promoções das concessionárias estão cada vez mais tentadoras. É preciso atentar-se também ao número de parcelas do financiamento, ao peso que a parcela terá em seu orçamento, às taxas de juros e a outras taxas como a de abertura de crédito, que pode variar de R$ 200,00 até R$ 600,00, além do IOF que será cobrado.
E tem mais: não seja imediatista, lembre-se que para toda ação existe uma reação. Além do preço, o consumo médio de combustível, os impostos que precisarão ser pagos anualmente, o valor de um seguro, os gastos com estacionamento e o custo de oportunidade (aquilo que você vai deixar de ganhar em uma outra atividade ou aplicação por ter destinado seu dinheiro na compra do tão sonhado automóvel) deverão ser levadas em conta.
Pesquise as taxas que você está se comprometendo a pagar, pergunte a efetiva taxa de juros que se está pagando. Isso é importante, pois às vezes, as propagandas dizem que você vai pagar uma taxa de apenas 1,99% ao mês, mas quando as outras taxas são embutidas, você poderá pagar até 3% ao mês. Peça alguém que entende de matemática financeira e é de sua confiança para conferir os cálculos apresentados pela concessionária. Elas estão apenas interessadas em vender. Digo isso, pois já ouvi alguns alunos meus, que trabalham nesse ramo, dizerem que se explicar tudo o que o cliente vai pagar e deixa-lo fazer as contas, ele não volta para comprar o carro.
Consumidor: muita atenção com as "facilidades" propagadas. Muitas são verdadeiras armadilhas para iludi-los. Leia o contrato. Reforço: Seja interessado, valorize seu dinheiro. Meu Deus! Onde está a ética nas relações de consumo?
Fernando Antônio
Agra Santos é formado em economia pela UFAL, Doutor em Economia Aplicada
pela UFV e professor em universitário em Juiz de Fora - MG ([email protected]).
Isabela Mergh é aluna do 3º período de Jornalismo da Faculdade Estácio de
Sá, campus Juiz de Fora - MG ([email protected])