Podemos dizer que o custo histórico incorpora (e esconde) todos os fenômenos ocorridos na produção. Serve apenas para dar uma idéia de quanto custou determinado produto, geralmente por um custo médio. É preciso, porém, associá-los a alguma medida comparativa que evidencie de que forma está sendo conduzido o processo de fabricação. A medida comparativa por excelência é o custo-padrão.
A contabilidade,
tradicionalmente e por sua própria natureza, registra fatos históricos que são
reportados numa determinada data ou numa determinada época. Para determinar o
dispêndio com a produção e medir-lhe a eficiência (ou ineficiência), aplica-se a
contabilidade de custos. Entretanto, o custo histórico é uma medida ineficiente,
visto que só apura quando terminada a produção. Com isto, podemos dizer que o
custo histórico incorpora (e esconde) todos os fenômenos ocorridos na produção.
Serve apenas para dar uma idéia de quanto custou determinado produto, geralmente
por um custo médio. E quando se calcula a média de alguma coisa, também
incluímos a média dos erros, dos desperdícios e das ineficiências.
Nada disso torna inválidos os custos históricos. É preciso, porém, associá-los a
alguma medida comparativa que evidencie de que forma está sendo conduzido o
processo de fabricação. A medida comparativa por excelência é o custo-padrão.
Registrando e comparando os dois, poderemos chegar a uma análise que evidencie
as variações ocorridas - positivas ou negativas. O custo padrão é uma avaliação
de quanto um determinado produto deverá custar, mantidas as condições vigentes.
Mas, para que seja eficiente em sua função, o custo padrão deverá ser associado
ao orçamento da empresa quanto ao volume e valor da produção planejada. Dessa
análise poderemos extrair subsídios para melhorar o gerenciamento dos custos de
produção, e, com isso, melhorar a rentabilidade dos investimentos.
Essas considerações passam pela produtividade. Aqui podemos considerar a
produtividade como sendo o resultado do aproveitamento ótimo dos recursos
humanos, materiais e técnicos. Ou seja, mão-de-obra, materiais e equipamentos. A
produtividade fornece a medida da utilização dos recursos disponíveis. Pode-se
dizer que é um meio de melhorar o nível da economia de um país. Aumentando nossa
capacidade de produzir, utilizando os mesmos recursos, melhorando métodos e
processos de trabalho e reduzindo o custos de produção, chegaremos ao
barateamento do preço de venda, aumento da produção, melhores salários, melhor
poder aquisitivo, e, por conseqüência, ao fortalecimento da economia.
O custo padrão é um método adequado e eficiente, não apenas para controlar, mas
também para informar sobre diversos aspectos da produção, como a utilização de
matérias-primas e refugos produzidos; emprego da mão-de-obra; qualidade do
produto; adequação do fluxo do processo; utilização das instalações e
equipamentos; tempo ocioso de mão-de-obra e equipamentos, etc. Mas, será
necessário estabelecer os padrões baseados em critérios que sejam adequados. Ou
seja, em critérios técnicos, nunca em critérios subjetivos. Assim, deverá estar
baseado no estudo do projeto, dos métodos e dos processos de produção. Será
melhor se esse estudo começar a ser feito simultaneamente com o projeto do
produto. Serão estabelecidos os padrões para materiais, mão-de-obra, tempo de
operação e gastos gerais de fabricação (ou despesas indiretas de fabricação).
O padrão de materiais é uma conseqüência da quantidade-padrão e do preço-padrão.
O padrão de quantidade é estabelecido com base nas especificações do projeto do
produto, e, se necessário, por análises químicas e mecânicas, e testados através
de produção-piloto. Já o preço-padrão depende muito das condições do mercado,
sendo influenciado por greves, maior ou menor disponibilidade, estabilidade da
moeda e outros fatores econômicos. Leva-se em conta eventuais oportunidades
envolvendo as quantidades econômicas, métodos e freqüência de entrega e
condições mais ou menos vantajosas oferecidas pelos fornecedores.
O padrão de mão-de-obra é resultante do salário-padrão e do tempo de operação
(ou tempo-padrão). Sofre a influência do método de operação mais ou menos
adequado (o que é determinado pela área técnica). Deve incluir estudos sobre os
equipamentos utilizados na produção; controle sobre a quantidade e qualidade dos
materiais usados e tempo a ser aplicado em cada operação. A área técnica
contribui com essas informações, que servirão de base para o estabelecimento do
padrão de mão-de-obra.
O tempo-padrão depende do grau de eficiência da mão-de-obra. Pode ser
influenciado pelo arranjo físico da fábrica, pela entrega dos materiais nos
locais necessários e no tempo determinado, por um eficiente sistema de
programação da produção, pela padronização das operações, pela freqüência das
paradas, pelo treinamento da mão-de-obra e outros fatores. Um bom estudo de
tempos e movimentos e o balanceamento da linha de produção (ou de montagem)
poderão auxiliar na determinação do tempo-padrão.
O salário-padrão é muito influenciado pela conjuntura econômica, pelos acordos
salariais, pela forma de remuneração da mão-de-obra (horista, diarista,
mensalista, tarefa, etc.), pela tecnologia utilizada, pela automação, pelos
direitos trabalhistas, etc. A remuneração por tarefa possibilita maior
eficiência da mão-de-obra, conseqüência de maior estabilidade de custo em
relação a cada tarefa. O operário sente-se estimulado a trabalhar mais,
produzindo mais, a um custo estável. Isso geralmente não ocorre nos casos de
remuneração horária, diária, mensal, etc.
Os gastos gerais de fabricação (custos indiretos) têm um comportamento em tudo
diferente dos materiais e da mão-de-obra. Para estes últimos há uma certa
facilidade em se calcular um padrão. Porém, para os custos indiretos, como
conseqüência da variedade qualitativa e da alternância do consumo, torna-se
necessário adotar critérios rigorosos para sua correta apropriação aos custos de
produção. A contabilidade de custos utiliza as taxas de absorção, de acordo com
a atividade e o volume que se deseja atingir. Para isso considera-se o total dos
gastos gerais de fabricação e uma base de volume adequada ao caso, que poderá
ser a produção planejada, o valor das matérias-primas, valor da mão-de-obra
direta, valor do custo primário (materiais + mão-de-obra), horas previstas de
mão-de-obra direta, horas-máquina, etc. A base de volume depende muito do
produto e do processo de fabricação e para sua determinação deve-se aplicar o
bom senso.
A fixação dos custos-padrão não é o fim: é apenas o início de todo um sistema.
As variações ocorridas serão objeto de uma análise profunda, se realmente
quisermos controlar melhor a atividade. Essas variações deverão ser relatadas,
explicando se houve desperdício de material ou deficiência de mão-de-obra e dos
meios de produção, falhas na programação da produção ou na aquisição de
materiais, ou erros na determinação dos custos histórico e padrão, etc. Os
relatórios poderão ser emitidos no nível de detalhamento necessário, como por
tipo de produto, por operação, por departamento de produção, por turno, por
divisão, etc. A análise das variações poderão esclarecer as ineficiências, que
podem estar relacionadas com o desempenho dos centros de custo. Assim, veremos
as variações no custo-padrão e suas causas mais comuns.
As variações de materiais podem ser de preço e de quantidade. A área de
materiais geralmente é responsável pelas variações de preço, enquanto as
variações de quantidade são da fabricação. As variações de quantidade são
apuradas multiplicando-se a diferença entre quantidades real e padrão pelo
preço-padrão. As causas poderão ser a qualidade inferior, utilização deficiente
ou mesmo alteração no funcionamento dos equipamentos. As compras podem ter sido
feitas em desacordo com as especificações de qualidade; ou os materiais podem
ter sido mal utilizados, ocasionando desperdícios; ou alterações nos métodos de
fabricação ou nos produtos podem ter provocado as variações detectadas.
As variações de mão-de-obra poderão ser de salário ou de eficiência. As
variações de salário resultam da multiplicação da diferença entre salário real e
padrão pelo tempo-padrão. Essas variações podem ser conseqüência de alterações
nos níveis salariais, emprego de mão-de-obra mais cara (em operações onde estava
prevista mão-de-obna mais barata) ou uma produção emergencial, impondo custos
mais elevados de mão-de-obra. As variações de eficiência são o resultado da
multiplicação da diferença entre tempo real e padrão pelo salário-padrão. Suas
causas podem ser a seleção, treinamento ou transferência de operários ou a
própria variação da quantidade de materiais. No caso de produção inicial,
geralmente consome-se mais tempo. As operações repetitivas e o tempo farão que a
mão-de-obra adquira maior destreza, assim como melhores métodos poderão ser
adotados. As ineficiências também poderão indicar operários não qualificados,
sugerindo correções. Materiais fora das especificações também poderão acarretar
variações de quantidade.
Os gastos gerais de fabricação, ou despesas indiretas de fabricação (DIF),
também apresentam variações, que podem ser de eficiência, de volume e de
orçamento. A variação de eficiência de DIF representa a variação de eficiência
de mão-de-obra direta aplicada à absorção dos custos indiretos. É calculada pela
multiplicação da diferença entre os tempos real e padrão pela taxa de absorção.
As causas são as mesmas que afetaram a eficiência da mão-de-obra. A variação de
volume é representada pela multiplicação da diferença entre os tempos real e
orçado pela taxa de absorção. Suas causas podem ser falta de pedidos de
clientes, falta de material, problemas de mão-de-obra ou com equipamentos. A
variação de orçamento é a diferença entre as DIF reais e orçadas.
Os custos-padrão, para que sejam realmente efetivos, necessitam ser
contabilizados. Existem vários métodos de contabilização. Em geral, cada empresa
adota o seu método particular, de modo a informar aquilo que é necessário para
sua gestão. Porém, tudo isso significa fazer os lançamentos, a débito e a
crédito, de uma ou mais contas, dos custos-padrão e dos custos históricos. Os
saldos de ambas as contas serão comparados, evidenciando as variações. As contas
de produtos em elaboração podem ser debitadas pelo custo real e creditadas,
transferindo-se para o estoque de produtos acabados, pelo custo-padrão. As
diferenças são transferidas para a conta de variações de custo. O encerramento
destas se processará nas contas de resultados. Este é o sentido da
contabilização: registrar e destacar os custos tal como ocorrem, ressaltando as
diferenças e permitindo analisar as causas dessas variações. Fica aqui um
instrumento eficaz para a gestão dos custos e aperfeiçoamento da produtividade e
da lucratividade. Caberá à administração tomar a iniciativa. Em matéria de
contabilidade e custos, já tem muito pano para as mangas.
Carlos José Pedrosa
Maceió, AL
cjpedrosa@ig.com.br