Tenho vivido, nesses propalados dias de crise, uma grata experiência profissional. Pequenas empresas contratando, cada vez mais, para ministrar workshops e palestras para seus times de colaboradores. Nos diversos eventos abertos que tenho participado, além de sempre lotados, do significativo número de pessoas que nunca haviam participado de eventos com palestrantes, a maioria é colaborador de pequenas empresas. E o melhor, minha rede profissional Brasil afora confirma o mesmo movimento em suas agendas.
Empresa que nunca fez convenção de vendas está fazendo. Gestor que nunca contratou um palestrante, para turbinar o moral do time, está contratando. Gente que nunca deu valor, e até torcia o nariz para a ferramenta, agora usa. O que está acontecendo? Pequenas empresas resolveram criar e/ou dar mais autonomia para as áreas de RH e T&D? Mudança de comportamento empresarial? Mudança no clima organizacional? Orientação para clientes? Gestão humanizada e espiritualizada?
Minha resposta, ancorada nas análises dos briefings para customização das palestras e workshops é: nenhuma das anteriores! O que estamos vivendo é a síndrome da farinha pouca, meu pirão primeiro. Ou em uma explicação mais corporativa, quando o dinheiro é escasso e disputado, quem primeiro consegue conquistar o cliente leva vantagem estratégica sobre a concorrência. Como sugere o mestre Sun Tzu. “Quem conhece a si mesmo e conhece o inimigo, pode garantir a vitória; quem conhece o tempo e o terreno, a alcançará de modo absoluto.”
Na bonança, com taxas de emprego em alta, dinheiro circulando, crédito fácil e consumo ascendente, pequenas empresas tendem a desguarnecer seus times de capacitação e encorajamento, afinal o dinheiro entra fácil e se um cliente se chateia e vai embora ninguém se importa. Daqui a pouco entra outro e a vida segue com o caixa tilintando. Mas em tempos bicudos, a diferença entre sucumbir ou resistir até que as coisas melhorem pode estar no basilar e nem sempre levado a sério: atender o cliente com excelência.
Por obvio que não estou afirmando ou pretendendo induzir à percepção que um palestrante seja a solução para todos os problemas de vendas, até porque, ambiente laboral deteriorado destrói qualquer esforço atitudinal ou conteúdo balizado que alguém de fora trouxer. Ou seja, a solução, normalmente repousa sobre o jeitão do dono e no seu modelo de gestão.
Mas afirmo, com convicção, para aquele que faz o dever de casa: anuncia, cuida do produto e da marca, precifica com rigor, expõe com criatividade, zela do fluxo de caixa, remunera com justiça e orienta sua empresa para clientes: a palestra pode ser o punhado a mais de farinha que fará engrossar o seu pirão, ou do concorrente que também está lendo o artigo!