Em tempos de reforma da previdência a preocupação com a aposentadoria é geral, nós, os profissionais da contabilidade, não estamos fora desta grande massa que pode ter sua aposentadoria adiada ou dificultada pelas novas normas.
Será que o INSS é a melhor fonte de renda que podemos ter na velhice? Será que nós, que atuamos em uma área tão ligada a economia e trabalhamos diariamente com as contribuições ao Instituto Nacional da Seguridade Social, sabemos a importância de nos precavermos de uma terceira idade pouco farta? Será que sabemos como investir nosso dinheiro?
A resposta ao primeiro questionamento vai depender da situação financeira de cada um, mas é certo que um pouco a mais de poder monetário no futuro não fará mal a ninguém. É importante ressaltar que com o avançar da idade os planos ou seguros de saúde aumentam suas mensalidades de acordo com a faixa etária, além dos reajustes anuais, a tendência de que precisemos utilizar algum tipo de medicação também aumenta e além do lado pessimista da coisa, queremos manter nosso padrão de vida, afinal, um profissional que trabalha tanto durante sua carreira merece conforto.
No cenário atual investir não é uma tarefa difícil e nem requer grande quantidade de tempo e recursos. Porém ainda observo colegas que dizem “investir na poupança”, mas será que a poupança é um bom investimento? Ou melhor, será que podemos considerar a poupança um investimento? Não, para ambas as perguntas!
A poupança, atualmente, não é um bom investimento e, sendo bem sincero, nem considero um investimento. Pode-se considerar uma maneira de tentar, sim, apenas tentar manter seu dinheiro com o mesmo valor no tempo. Se observarmos o histórico dos últimos anos foi apenas este o papel da poupança, em grande parte dos anos rendendo menos de 1% a.a. e posso lhes garantir é pouco, muito pouco. Isso se não mencionarmos o ano de 2015, onde a inflação ultrapassou o rendimento da poupança em mais de 2%. Imagine que no dia 01 de janeiro de 2015 você poderia comprar um lanche por R$ 10,00, este mesmo lanche no dia 31 de dezembro de 2015, graças ao poder maléfico da inflação passou a custar R$ 11,07 (IPCA 2015 10,67%), se você tivesse aplicado esses mesmos R$ 10,00 na poupança, pelo mesmo período, teria em 31 de dezembro de 2015 R$ 10,82, ou seja, você perdeu dinheiro, perdeu poder de compra. O mesmo produto/serviço que você compraria no início de 2015, não seria mais capaz de comprar ao seu término, mesmo estando aplicado na caderneta de poupança.
Eu poderia ficar aqui por páginas falando dos maleficios da poupança, mas vamos a pergunta que não quer calar: Se a poupança não é a melhor maneira de garantir minha aposentadoria, qual será? Infelizmente não existe uma resposta exata para isso, vai depender de quanto de recursos cada um tem a disposição para investir periodicamente, do quão arrojado é e de quais riscos está disposto a se sujeitar.
Mas como a intenção da maioria de nós não é correr riscos, nem vou entrar nos méritos da Renda Variável, vamos direto aos investimentos mais seguros, Renda Fixa. Existem muitas maneiras de se conseguir bons resultados de forma segura, inclusive, com liquidez diária. Como a intenção não é dizer qual é o melhor ou pior investimento, mas sim salientar a necessidade de cuidar bem do nosso tão suado dinheiro, vejamos de forma breve algumas delas:
- Tesouro Direto
Os investimentos no Tesouro Direto são seguros, pois, simplificando as coisas você está emprestando seu dinheiro ao governo e se chegarmos ao ponto dele não ter como lhe pagar é provável que nenhuma outra instituição o faça. Além da segurança outra grande vantagem do Tesouro é a possibilidade de realizar investimentos a partir de R$ 30,00.
O Tesouro trabalha em 3 modalidades, para atender diversas necessidades, sendo elas Tesouro Selic, Tesouro Pré-fixado e Tesouro IPCA.
No Tesouro Selic seu dinheiro será corrigido diariamente pela Taxa Selic (ou seja, ao contrário da poupança que só te remunera nos aniversários, todos os dias seu dinheiro estará rendendo e isso em se tratando de juros compostos, faz a diferença). E o melhor de tudo, a liquidez é diária, a qualquer momento você pode vender e resgatar seu dinheiro.
No Tesouro IPCA, você aplica seu dinheiro com a garantia de que irá resgata-lo corrigido pela IPCA (inflação) mais uma taxa que varia de acordo com o dia da contratação. Esta modalidade é recomendável para quem pretende investir a longo prazo, pois apesar de poder vender o título a qualquer momento, caso seja vendido antes da sua data pré-estabelecida, pode ser que o rendimento não seja o esperado.
Existe ainda o Tesouro Pré-fixado, esta modalidade remunera sua aplicação a uma taxa pré-fixada com o próprio nome já diz e é ideal para quem deseja investir a médio prazo, como no caso do Tesouro IPCA, caso o resgate seja realizado antes da data indicada os rendimentos podem não ser os melhores.
- CDB (certificado de depósito bancário)
Os CDB’s são títulos emitidos pelos bancos com a finalidade de se capitalizar, ou seja, você empresta seu dinheiro ao Banco para que ele empreste a seus clientes. Como no Tesouro Direto, existem 3 tipos de CDB’s, os corrigidos pela inflação que pagam anualmente a inflação mais uma taxa acordada no momento da compra do papel, os pré-fixados que pagam uma taxa pré-fixada e os pós-fixados, os mais comuns, que em geral são corrigidos pela CDI (certificado de depósito interbancário). A CDI é a taxa utilizada para empréstimos de curto prazo entre os bancos.
Como já dito, os mais comuns são os CDB’s pós-fixados corrigidos pela CDI, então vamos dar foco a estes. Os bancos podem pagar os mais diversos percentuais da CDI, em geral os grandes bancos nos oferecem 70% ou 80% da CDI e fazem parecer uma proposta irrecusável, acredite, não é. Os bancos menores chegam a pagar até 120% da CDI, e não é lenda, em 2016 enquanto navegava pelo site da minha corretora encontrei um CDB pagando exatamente 120% da CDI.
Neste momento você deve estar se perguntando, mas é tão seguro emprestar meu dinheiro as pequenas instituições quanto emprestar as grandes? E a resposta é SIM, desde que sua aplicação seja de até R$ 250.000,00, pois os CDB’s são garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos), uma entidade privada que é mantida pelas instituições financeiras que são obrigadas pelo Banco Central a se associar.
Dito isso, quando seu “querido gerente” te ligar oferecendo um maravilhoso CDB, que paga 80% da CDI, fuja, “é uma grande furada”. Coloque como sua meta que o mínimo a aceitar por um CDB é de 100% da CDI e considere que está longe de ser bom, é apenas o mínimo.
- LCI ou LCA (Letras de Crédito Imobiliário ou Letras de Crédito do Agronegócio)
Nestas modalidades de investimentos você empresta seu dinheiro ao banco que por sua vez tem necessariamente que o emprestar com finalidade de aquisição de imóveis, no caso das LCI’s ou para financiar o agronegócio caso sejam LCA’s.
Estes, em minha humilde opinião, são os melhores dentre os investimentos apresentados até o momento. Como na caderneta de poupança, são isentos de IR, com a vantagem de render muito mais.
E mais uma coisa que me faz gostar tanto assim das LCI’s e LCA’s, é o fato delas também serem protegidas pelo FGC, desde que não ultrapassem os R$ 250.000,00, como os CDB’s.
Como nem tudo são flores a grande desvantagem das LCI’s e LCA’s é a liquidez pois o título só pode ser resgatado em seu vencimento. Então, pense bem antes de aplicar.
Existem inúmeras maneiras de aplicar suas economias de forma consciente, e o objetivo deste artigo não é lhe apontar um investimento específico para seu dinheiro, mas sim demonstrar que existem boas opções e oportunidades para garantir nossa tranquilidade durante a terceira idade. Você provavelmente deve estar se perguntando o motivo de não serem mencionadas as previdências provadas, mas este é um assunto complexo e que apresenta, em minha opinião, na maioria dos casos mais desvantagens que vantagens e sendo tantas seria necessário um artigo só para tratar deste tema, imagine começar a falar sobre as taxas de carregamento, duplicidade no pagamento de IR, simulações irrealistas, altas taxas de administração, etc.