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Uma sociedade mal educada financeiramente

O artigo aborda a relação das pessoas com o dinheiro e suas dívidas, chamando a atenção para a importância da educação financeira.

13/03/2019 14:12:42

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Uma sociedade mal educada financeiramente

Uma sociedade mal educada financeiramente

Vivemos em um país de desigualdades sociais, econômicas e financeiras. Em nosso amado país, perdura o desemprego e o subemprego, que por vezes, levam seus cidadãos a tomarem empréstimos com juros escandalosos ou a se afundarem em dívidas que os tornam inadimplentes e infelizes financeiramente.

Mas na mesma sociedade onde vivem as pessoas endividadas que responsabilizam o desemprego e o subemprego por seus infortúnios financeiros, também vivem pessoas empregadas com bons salários, igualmente afundados em dívidas.

 E o que aproxima esses empregados e desempregados do cruel destino dos endividados?

 Para mim, é a falta de educação!  Não a falta de educação social e ética tão bem ensinada por nossos pais, mas sim, a falta da educação financeira, que de tanto negligenciada passou de geração em geração, criando uma sociedade consumista e escrava das dívidas que assume para manter seu consumismo desmedido.

E que leva os indivíduos mal educados financeiramente a esse abismo profundo de passivos?

Em meu conceito, salvo exceções, a maioria se deixou seduzir pela promessa de “felicidade” que o consumo imediato traz para suas vidas.

“Para que adiar a felicidade de ter esse maravilho bem, se os bancos, lojas e financeiras oferecem créditos que me permitem compra-lo hoje mesmo? Para que esperar, acumular e investir o dinheiro para comprar esse bem no futuro, se pode pagá-lo com “parcelas que cabem no meu bolso” e ser feliz agora? Afinal nem sei se estarei vivo amanhã”.

Infelizmente essa mentalidade forma uma legião de pessoas “pseudofelizes”.  Seus carros, celulares e casas resplandecentes lhes permitem um falso sentindo de realização, que se desfaz rapidamente quando chegam os boletos mensais.

Muitos podem pensar que a educação financeira ensina apenas a gastar menos do que se ganha, mas isso é somente uma parte do aprendizado.

Uma boa educação financeira estimula a mudança da mentalidade, dos conceitos e das crenças preconcebidas em relação ao consumo e ao dinheiro. Ajuda ainda, no controle dos impulsos de consumo imediato. Ensina também, a acumular e investir, mesmo que se comece com valores baixos. A educação financeira liberta, pois a segurança adquirida pelo dinheiro investido e a ausência de dívidas recorrentes, permitem as pessoas fazerem escolhas, ao invés de simplesmente aceitar o destino que lhes é imposto.

Infelizmente, apesar de transformadora, a educação financeira ainda não faz parte da maioria das grades curriculares, principalmente dos ensinos fundamental e médio. Não quero apontar culpados por essa falha estrutural em nossa educação, mas por vezes me pego pensando, a quem interessa uma população ignorante financeiramente? 

Certamente a ignorância financeira é interessante aos grandes fornecedores de créditos, que se beneficiam com a cobrança de altas taxas de juros. Também são favorecidos aqueles que aumentam os tributos, sob a alegação da necessidade constante de fornecer assistencialismo, já que as famílias não conseguem prover suas necessidades mais básicas devido ao endividamento.

É coerente assumir, que uma população deseducada financeiramente, além de aumentar exponencialmente o lucro dos fornecedores de créditos, também pode ser mantida sob passiva submissão.

Uma pessoa endividada, dificilmente deixará seu emprego em busca de uma oportunidade melhor, mesmo que receba baixos salários. Aquele que acabou de financiar seu imóvel em 30 anos evitará lutar por melhores condições na empresa, pois o medo de perder o emprego e não conseguir pagar as parcelas pode destruir o “sonho da casa própria”.

Endividados pouco se atentam às decisões políticas que os afetam, pois sua atenção está voltada aos inúmeros boletos acumulados cruelmente em cima de suas mesas.

Há tempos, conheci um ótimo profissional que sofria constantes abusos psicológicos de seu chefe. Quando o questionei sobre por que aceitava tais abusos mesmo sendo um profissional capacitado, a resposta veio em um tom de desalento: “Tenho esposa, dois filhos e muitas contas para pagar. O que posso fazer? Tenho medo de retrucar e ser demitido“.

Infelizmente, essa é a realidade de uma grande maioria de pessoas, que se tornaram escravas de suas dívidas.

Mas nem tudo está perdido. Tenho observado nos últimos anos, um movimento formado por profissionais de diversas áreas, que usam espaços na mídia, principalmente na internet, para conscientizar a população sobre a importância de aprender a controlar suas finanças pessoais. Também estão disponíveis muitos cursos sobre finanças pessoais a preços acessíveis e até mesmo gratuitos.

 Não dá para ficar esperando o ingresso da matéria de educação financeira nas grades curriculares. É hora de buscar conhecimento, aprender e orientar outras pessoas.

Eu por exemplo, orgulho-me de ser uma mãe que não pergunta apenas se os filhos pegaram seus casaquinhos. Eu também pergunto se conseguiram economizar parte de seus ganhos para que no futuro, não precisem aceitar nada aquém do que merecem.

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