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A Ética da Boa Governança Corporativa

05/10/2005 00:00:00

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A Ética da Boa Governança Corporativa

Se formos em qualquer dicionário e buscarmos o significado da palavra moral, basicamente teremos como respostas algo associado a uma hierarquia de valores, algo do tipo: o que é realmente mais significativo para mim? O que considero positivo e negativo para mim? Qual é a distinção que faço entre o bem e o mal?
A moral sendo uma hierarquia de valores, orienta-nos nas decisões que constantemente somos chamados a tomar a cada instante em nosso ambiente de trabalho, independentemente da nossa posição na escala hierarquia que nos encontramos dentro de um organograma.
Buscando no mesmo dicionário a morfologia da palavra ética, encontraremos a seguinte resposta: "maneira de pôr em prática os valores morais". Logo, é um sistema de balizamento para ser usado na tomada de decisões, é a forma de traduzir a moral em atos, quer pessoais quer por corporações.
Aliás, itens tais como moral, valorização da ética e transparência se tornaram recorrente em nosso País, diante da tendência no mercado internacional de cobrar a tríade "Maior prestação de contas", "equidade" e "transparência"; certames presentes com o surgimento da Lei Sarbanes-Oxley. Agora, as empresas têm a necessidade e interesse de expor ao mercado acionário, os resultados e dados contábeis antes sigilosos, tornando públicas informações antes guardadas nas mais profundas entranhas dos relatórios e reuniões empresariais. Incidentes ocorridos como os das corporações Enron e WorldCom, consolidaram a necessidade de divulgação dos informes contábeis como elemento imprescindível para assegurar a ética da boa prática de governança corporativa.
Sabemos contudo, que tudo isso tem um preço, ou seja, quanto maior a transparência, maior é o risco que se corre na divulgação por exemplo, de um planejamento estratégico, resultados e fragilidades dos controles internos, tornando a corporação mais vulnerável a ataques e fraudes.
Uma das formas de minimizarmos essas vulnerabilidades são as metodologias de gestão aplicadas no ambiente corporativo, associadas às ferramentas sistêmicas que dimensionam, medem e avaliam não só o grau de risco existente mas o quanto está sendo feito para blindar a empresa contra os ataques e fraudes.
Medir o índice de ética e da governança no ambiente corporativo através de questionários aplicados em todos os níveis da empresa, formulários de control self tratados pelos gestores, comitês de riscos integrando as áreas de auditoria, controladoria, gestão de riscos, ações sociais e principalmente a elaboração de um código de ética, seriam algumas das formas de minimização dos riscos envolvidos e conseqüentemente fortalecimento do ambiente de controle.
Destaco aqui o código de ética que deve ser formado por um conjunto de políticas e práticas específicas, abrangendo os campos mais vulneráveis. Este material deve ser compilado em um relatório de fácil compreensão contendo parâmetro para determinados comportamentos, tornando claras as responsabilidades. Deve ainda circular entre todos os interessados (internos e externos estratégicos).
Sabemos que os problemas éticos de maior representatividade referentes às relações com os consumidores, fornecedores e clientes incluindo-se práticas de divulgação de informes, propaganda e comunicação estão associados aos stakeholders . É nesse momento da cadeia produtiva, envolvendo as partes interessadas que o código de ética pode estabelecer condutas de responsabilidade social, respeito à legislação visando um crescimento profissional e mercadológico conjunto. Para que isso ocorra, na prática todo código de ética deve contemplar itens tais como relacionamento de longo prazo com clientes, possibilidades de alianças e parceiras, privacidade do funcionário, gestão de conflitos de interesses e relações pessoais, proteção de ações da companhia, segurança dos dados, reporte acurado das informações - Compliance , e Inteligência Competitiva.
Observe que tais itens são pilares de uma boa governança corporativa pois toda ética aplicada deve atingir diretamente as corporações de tal forma que a conduta íntegra de seus colaboradores, bem como os valores e convicções primários da organização se tornem parte de sua cultura. Isso é tão relevante que o próprio Papa João Paulo II na sua Encíclica Centesimus Annus, afirmou:
..."A finalidade da empresa não é simplesmente a produção de benefícios, mas principalmente a própria existência da empresa como comunidade de pessoas que, de diversas maneiras, buscam a satisfação de suas necessidades fundamentais e constituem um grupo particular a serviço da sociedade inteira".

Douglas B Rodrigues
MBA - Contador
Administrador de Empresas
Especialista em Gestão de Riscos Corporativos
Professor Palestrante da UGF - Universidade Gama Filho e IBMEC - Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais.

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