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Princípios da Auditoria Contábil Externa

03/11/2005 00:00:00

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Princípios da Auditoria Contábil Externa

Resumo:
O presente artigo traz um estudo bibliográfico sobre os princípios teóricos/técnico da Auditoria Externa ou Independente. A auditoria vista como profissão, tem experimentado expressiva evolução nos últimos anos, aos que militam na área, um acréscimo substancial de conhecimentos em todos os campos que envolvem, direta ou indiretamente, a contabilidade e os demais setores de uma empresa. A auditoria é uma especialização contábil voltada a testar a eficiência do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado. A preocupação em buscar apoio de auditores externos surgiu com a grande evolução capitalista, onde a precisa informação contábil e financeira vem auxiliar tanto nas tomadas de decisão como em necessidades judiciais.
Palavras Chaves: Auditoria, Empresas, Contabilidade.

1. Introdução
A auditoria externa ou independente vem evoluindo nos últimos anos, fazendo com que muitos profissional da área contábil busque conhecimentos e habilidades específicas para atuar nesta área. A auditoria, em especial a auditoria externa ou independente é um instrumento de controle administrativo, onde se destaca como um ponto de convergência de todos os efeitos, fatos e informações originadas dos diversos segmentos da empresa, a execução de uma auditoria, não se isola somente ao controle da contabilidade, mas se estende aos diversos segmentos de uma empresa onde surge cuidados especiais ou análises de resultados ou ainda fatores que venham trazer confiabilidade ou benefícios a empresa. Attie (2000) expressa um exemplo de auditoria na empresa "Em uma auditoria que tenha por objetivo expressar uma opinião sobre as demonstrações financeiras, o trabalho do auditor converge, portanto, a todos os segmentos da empresa que possam influir e gerar dados para as demonstrações financeiras em exame". Este artigo visa em fornecer uma visão teórica de conceitos da auditoria externa, retratando especialmente a auditoria externa ou independente, influenciando e motivando ao leitor a estar buscando esta profissão que vem crescendo constantemente em nosso país, principalmente em épocas de tantos escândalos políticos e fraudes contra a tributação do Brasil.

2. Conceitos e Definições
No principio a auditoria limitou-se somente as verificações dos registros e informações contábeis, visando observar se eles eram exatos. Segundo Sá (2002) "A forma primária, portanto, confrontava a escrita com as provas do fato e as correspondentes relações de registro".
A auditoria procede-se de uma critica e sistemática observação do controle interno da Contadoria e dos documentos em geral que circulam em uma empresa, isto porque existem, mesmo, até fatos de natureza extrapatrimonial que são objetos de observação do auditor para que possa fundamentar as suas conclusões. Sá (2002) expressa que "a conceituação da Auditoria é o exame de livros contábeis, comprovantes e demais registros de um organismo público, instituição, corporação, firma ou pessoa ou de alguma ou algumas pessoas de confiança, com o objetivo de averiguar a correção ou incorreção dos registros e expressar opinião sobre os documentos revisados, comumente em forma de certificado". Sá (2002) afirma que "Auditoria é uma tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros, demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de consideração contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais da riqueza aziendal, pública ou privada, quer ocorrido, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados".

3. A Origem da Auditoria Independente ou Externa
O termo auditor no latim, como substantivo, tinha o sentido apenas de significar "aquele que ouve, ou "ouvinte", nada podendo configurar que viria ser adotado para representar aquele que daria opinião sobre algo que comprovou ser verdade ou não. Sá (2002) diz que "A denominação Auditor é antiga, mas não se conhece ao certo sua origem nem a data precisa em que se consagrou, admitindo-se que pudesse ter sido adotada por volta do século XIII, na Inglaterra, no reinado de Eduardo I, O termo auditor no latim, tem o significado de aquele que ouve ou ouvinte".
A origem da auditoria externa ou independente surgiu como um foco da evolução do capitalismo, sendo que no principio as empresas eram exclusivamente fechadas e a participação em seu capital sucedia de um grupo familiar. Devido a grande expansão do mercado e a muitas concorrências surgiu a necessidade de expansão e crescimento para que as empresas conseguissem suportar o mercado e ampliar seus negócios garantindo a fidelidade de seus clientes. Segundo Almeida (1996) "Com a expansão do mercado e o acirramento da concorrência, houve a necessidade de a empresa ampliar suas instalações fabris e administrativas, investir no desenvolvimento tecnológico e aprimorar os controles e procedimentos internos em geral, principalmente visando à redução de custos e, portanto, tornando mais competitivos seus produtos no mercado". Sá (2002) retrata que "A Revolução Industrial, operada na segunda metade do Século XVII, imprimiu novas diretrizes às técnicas contábeis e especialmente às de auditoria, visando atender às necessidades criadas com o aparecimento de grandes empresas. Como conseqüência as demonstrações contábeis passaram a ter importância muito grande para os futuros aplicadores de recursos, como medida de segurança contra a possibilidade de manipulação de informações. Almeida (1996) descreve que os futuros investidores passaram a exigir que as demonstrações fossem examinadas por um profissional independente da empresa e de reconhecida capacidade técnica, surgindo então a profissão do auditor devido o conhecimento e técnica em examinar as demonstrações contábeis da empresa e emitir sua opinião sobre estas, é o auditor externo ou independente.

4. Evolução da Auditoria Externa no Brasil
Os auditores externos emitiram na totalidade dos tempos diversos tipos de relatórios começando pelos Certificados de Auditoria baseado na auditoria dentro do conceito de revisão contábil.
A partir de 1949, com o reconhecimento do controle interno como base para o trabalho do auditor externo, o Certificado passou a ser substituído pelo Parecer do Auditor, fórmula adotada até hoje, havendo, porém, mudanças sensíveis nas normas de auditoria e por conseqüência, nos termos do Parecer do Auditor.
Basicamente, somente em 1965, pela Lei nº 4.728 disciplinou o mercado de capitais e estabeleceu medidas para seu desenvolvimento, foi mencionada pela primeira vez na legislação brasileira a expressão "auditores independentes". Posteriormente o Banco Central do Brasil - BCB - estabeleceu uma série de regulamentos, tornando obrigatória a auditoria externa ou independente em quase todas as entidades integrantes do Sistema Financeiro Nacional - SFN - e companhias abertas.
As mudanças mais marcantes estão nos conceitos e tipos de trabalho efetuados pelos auditores externos. Almeida (1996) cita a Instrução nº 38 de 13 de Setembro de 1984 que dispõe estas mudanças e as obrigações acessórias dos auditores independente ou externo:
 Hipótese de impedimento de realizar a auditoria, principalmente a relacionada com a independência do auditor em relação à companhia a ser auditada (vínculo conjugal vínculo de parentesco, vinculo como sócio, vinculo como administrador ou qualquer outra situação de conflito de interesses);
 Deveres e responsabilidades do auditor independente (zelo profissional; aplicar as normas da auditoria; verificar a observância pela companhia dos limites das emissões de seus valores mobiliários, atentar para a existência de garantias no caso de emissões de debêntures, observar quanto a atos praticados pela administração em desacordo com as disposições legais, elaborar relatório-comentário, guardar papéis de trabalho de auditoria pelo prazo de três anos, assinalar eventos subseqüentes não divulgados, assinalar falta de divulgação de informações relevantes e a inobservância dos princípios contábeis, obter carta de representação da administração e estar atento quanto à continuidade normal dos negócios da companhia).

5. A Finalidade da Auditoria
A auditoria tem por finalidade principal a certificação dos registros contábeis quanto a sua veracidade, expondo os resultados a que chegou e por seqüência emitindo um relatório de auditoria ou um certificado. Os fins da auditoria são os aspectos sob os quais seu objeto é considerado ou para que serve. Sá (2002) descreve abaixo várias situações e finalidades da Auditoria:
 Indagações e determinações sobre o estado patrimonial e a gestão pública ou privada;
 Indagações e determinações sobre o estado financeiro;
 Indagações e determinações sobre o estado residual e de economicidade;
 Descoberta de erros e fraudes;
 Preservação contra erros e fraudes ou opinião sobre tais aspectos, e,
 Estudos gerais sobre casos especiais.
As variedades finalidades da auditoria atestam por si só a grandeza desta técnica e sua profundidade atribui a ela um caráter de grande auxilio de relatórios e documentos que requerem cuidados especiais.E estes cuidados especiais são enfocados também nas continuas fraudes e também erros na contabilidade que se tornam vícios contínuos. Sá (2002) retrata que "No mundo atual, com a decadência dos princípios éticos tão acentuado, com a pobreza moral que domina as administrações de instituições públicas, bancos, grandes grupos empresariais, é impossível desconhecer a influência desse mal social".


6. Métodos de Auditoria
A metodologia do trabalho de auditoria fundamenta-se em Previsão, Acompanhamento executivo e Retrospecção executiva e avaliação rigorosa.
Segundo Sá (2002) As tarefas do auditor precisam ser planejadas e a execução deve acompanhar acontecimentos assim como observar aqueles que já ocorreram. Existem tarefas "concomitantes" e "subseqüentes", ou seja, as que acompanham os fatos patrimoniais enquanto ocorrem e as que só procedem à verificação depois sucedidos os fenômenos, em todos os casos há necessidade de uma previsão ou plano que oriente o método executivo.
A chamada "auditoria de acompanhamento" é a única que pode oferecer segurança ao controle de uma empresa ou instituição; a "auditoria retrospectiva" ou de fatos é tanto mais falha quanto maior o número de elementos a examinar a quanto mais distantes, no tempo, estiverem às ocorrências.
Para Almeida (1996) "O auditor externo deve-se preocupar com erros que, individual ou cumulativamente, possam levar os leitores das demonstrações contábeis a terem uma interpretação errônea sobre elas".
Os trabalhos de auditoria realizados, massificados e comercialmente, por "grandes empresas" levaram o método e a segurança dos serviços, fazendo com que suas informações sejam precisas e idôneas.
Sá (2002) descreve que "Por natureza procurou-se entender a auditoria como um exame à posteriori (e esta continua sendo a prática de maior difusão, o que nos leva, inclusive, a admiti-la como genérica), ou seja, aquele procedido depois dos registros já realizados".
Planejar, partindo de sondagens sérias, supervisionar de forma ampla, estudar, analisar, refletir para avaliar com segurança, sentir-se seguro diante de evidencias inequívocas, tudo fazendo para obtê-las, preservar a independência não aceitando subordinações nem limitações à indagação, adotar prudência para opinar somente com segurança, evidenciar e destacar o que causaram dúvidas são partes de uma Metodologia de Auditoria que não se pode omitir, seja qual for a Finalidade a cumprir com a tarefa.

7. Órgãos Relacionados a Auditoria
Os principais órgãos relacionados com os auditores são os seguintes:
 CVM - Comissão de Valores Mobiliários;
 Instituto Brasileiro de Contadores - Ibracon;
 Conselho Federal e Regional de Contabilidade;
 Instituto dos Auditores Internos do Brasil - OIO.

8. A independência do Auditor Externo
A independência é condição primordial do trabalho de auditoria, para a obtenção dos elementos de prova e exercício de seu julgamento.
O condicionamento de seus atos, para o exercício de sua função constitui-se elemento restritivo e, portanto, impeditivo de executar o que de fato é necessário. Para Attie (2000) "O auditor deve ser absolutamente independente e imparcial na interpretação de tudo que lhe for apresentado, atestando a cada dado um pronunciamento conclusivo".
A independência necessita orientar o trabalho do auditor no sentido da verdade evitando interesses conflitos, vantagens, sendo factual em suas afirmações. Attie (2000) indaga que o trabalho do auditor externo precisa ser encaminhado com observância às normas de auditoria e aos padrões e técnicas aplicáveis ao exercício de sua função, valendo-se, se for o caso, de opiniões de outras profissões técnicas quando o momento assim o exigir.

9. Considerações Finais
A transição econômica, cultural e social pela qual atravessa o Brasil, enseja uma mudança no perfil e políticas empresariais nas empresas, tanto privadas como públicas. Vivemos o momento das auditorias, momento este definido não pela onda de fusões, privatizações e escândalos financeiros, mas também pela necessidade de mais controle e planejamento empresarial. A auditoria vem galgando espaços junto às entidades, num processo natural de reconhecimento do seu valor e de crescente domínio da cidadania.Atualmente os auditores buscam agregar mais fatores de confiança ao conhecimento do negócio da empresa. Esta é uma profissional que vem crescendo muito em nosso país, cabendo aos profissionais da contabilidade a se especializarem nesta área, visando agregar maior valor em seu currículo e na sua formação.


Bibliografia

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: Um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas, 1996.

SÁ. Antonio Lopes de. Curso de Auditoria. 10º ed. São Paulo: Atlas, 2002.

ATTIE. William. Auditoria: Conceitos e Aplicações. 3º ed. São Paulo: Atlas, 1998.
 

Antonio Ricardo Chiquito
Bel. Administração de Empresas
Graduando em Ciências Contábeis
[email protected]

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