Mas como detectar colaboradores com depressão?
- Queda brusca na produtividade;
- Insatisfação exagerada;
- Cansaço fora do normal;
- Picos de irritabilidade, agressividade ou alegria excessivas;
- Ausência de motivação, reclusão, introspecção e tristeza.
Em uma perspectiva sociocultural, a depressão é compreendida, além de um distúrbio orgânico (hormônios), e assim pode ser expressão de uma inadaptação social ou de um pedido de socorro. Na sociedade atual existe uma legitimação da doença por meio do uso da medicação que perpassa o senso comum e torna-se presente na conduta dos profissionais de saúde. A medicação legitima o sofrimento, contribuindo para a aceitação social de que o depressivo não é louco, nem vagabundo ou fraco de caráter, mas doente e que precisa de ajuda médica.
Claro que tanto os gestores quanto o RH não são especialistas em saúde mental para dar um veredicto, mas como conhecem bem o colaborador fica mais fácil notar as mudanças acima.
A questão é delicada e criar um ambiente que seja saudável e minimize a depressão é um desafio sério que precisa ser encarado de frente. Um elemento importante para ter um bom local de trabalho é o desenvolvimento de estratégias e políticas internas.
Um relatório acadêmico da União Europeia sugere que as intervenções devem ter uma abordagem em três vertentes:
- Proteger a saúde mental reduzindo os fatores de risco relacionados ao trabalho;
- Promover a saúde mental desenvolvendo os aspectos positivos do trabalho e os pontos fortes dos colaboradores;
- Abordar os problemas de saúde mental independentemente da causa.
Com base nos fatores é possível citar algumas etapas para a criação de um local de trabalho saudável, incluindo:
- Conscientizar as lideranças sobre a importância de ter um ambiente de trabalho sadio, desenvolvendo junto com o time de RH um plano estratégico e tático para promover uma melhor saúde mental para diferentes colaboradores;
- Compreender as oportunidades e necessidades individuais, ajudando a desenvolver melhores políticas para a saúde mental no local de trabalho;
- Implementar e aplicar políticas e práticas de saúde e segurança, incluindo a identificação do sofrimento;
- Envolver os colaboradores na tomada de decisões, transmitindo sensação de controle e participação. Ter práticas organizacionais que apoiam um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional;
- Desenvolver programas de desenvolvimento de carreira, reconhecendo e recompensando a contribuição dos funcionários;
- Criar rituais de gestão de pessoas, onde o líder abre espaço para se falar de assuntos como este; e
- Desenvolver nos colaboradores uma segurança psicológica para que tenham coragem de falar sobre suas vulnerabilidades.
O mundo corporativo é muito competitivo e focado somente em resultados, e assuntos de cunho emocional não possuem espaço no dia a dia e não são bem-vindos quando mencionados. As intervenções de saúde mental devem ser realizadas como parte de uma estratégia integrada de saúde e bem-estar que cobre a prevenção, identificação precoce, apoio e reabilitação.
Os serviços ou profissionais de saúde ocupacional podem apoiar a sua organização na implementação dessas intervenções, mas se eles não estiverem disponíveis as mudanças descritas acima precisarão ter ainda mais importância na proteção e promoção da saúde mental.
A chave para o sucesso é envolver as partes interessadas em todos os níveis ao fornecer proteção, promoção e intervenções de apoio.
Sabemos que no final do mês o que conta é meta batida e a perenidade do negócio, mas o trabalho é para ser desafiador e não sofrido. O assunto é sério e não pode ser ignorado!
*Lisia Prado é sócia da House of Feelings, primeira escola de sentimentos do mundo.