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ARTIGO DE ECONOMIA

Poucas surpresas na Superquarta

Neste artigo, o especialista comenta sobre a redução da taxa Selic após a definição do Copom desta semana.

21/03/2024 15:15

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Poucas surpresas na Superquarta

Poucas surpresas na Superquarta Foto: Tima Miroshnichenko/Pexels

Na última Superquarta, em que as autoridades monetárias brasileiras e norte-americanas deliberaram a respeito das taxas de juros em seus respectivos países, o mercado não foi surpreendido por mudanças abruptas. No Brasil, testemunhamos mais um corte de 0,5 ponto porcentual (p.p.), reduzindo a Selic para 10,75% ao ano (a.a.), enquanto nos Estados Unidos, o FED optou por manter os juros dentro da faixa entre 5,25% e 5,5%.

No cenário nacional, a incerteza pairava sobre a continuidade do Forward Guidance. Esse mecanismo permite ao Banco Central (Bacen) antecipar as decisões das próximas reuniões, orientando o mercado sobre a trajetória da política monetária. 

Uma distinção importante emerge aqui: comunicações anteriores indicavam que o Bacen previa cortes de juros na mesma magnitude “nos próximos encontros”, enquanto a última declaração retirou o plural dessa frase. Essa mudança sugere que o ciclo de redução pode estar chegando ao fim — ou que o seu ritmo pode diminuir a partir do meio do ano.

Esse aviso está alinhado com o cenário previsto na semana passada nesta coluna, que apontava crescentes preocupações com a situação inflacionária, especialmente nos setores de alimentos e serviços. Além disso, a política fiscal ainda demonstra  estabilidade, e a meta de déficit primário zero está cada vez mais distante. 

De fato, é discutível se era necessário garantir um corte de magnitude semelhante na reunião seguinte. Isso não implica dizer que não haja espaço para mais cortes, mas o Bacen poderia esperar por dados adicionais antes de qualquer decisão. Em todo caso, a mensagem transmitida é que o ciclo de baixa pode estar com dias contados (ou, pelo menos, perdendo a força).

Nos Estados Unidos, o mercado de trabalho continua robusto. No fim do ano passado, esperava-se que os juros começassem a cair nesta última reunião. Embora o trabalho de trazer a inflação para a faixa entre 3% e 4% já tenha sido realizado, alcançar a meta de 2% pode estar longe de acontecer. 

No entanto, o mercado ainda espera uma redução no primeiro semestre. Já no Brasil, é provável que presenciemos mais quedas nos juros, embora o limite superior deva se aproximar dos dois dígitos. Por outro lado, no país do Norte, é esperado que as taxas comecem a cair, o que, a médio prazo, aumentará o diferencial entre elas. Isso pode favorecer uma valorização do real no segundo semestre, e quanto mais a autoridade monetária brasileira conseguir controlar a inflação e aumentar as taxas de juros reais, maior será essa tendência de valorização.

O Bacen entrará numa fase que deve estar bem atento à evolução da inflação. Apesar do componente sazonal no início do ano, com expansão nos setores de transportes e educação, os números são preocupantes. Embora ainda exista espaço para mais cortes, é evidente que ele diminuiu. As próximas reuniões exigirão uma análise intensiva dos novos dados econômicos.

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