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Quem conversa com um robô?

Neste artigo, entenda o comportamento que está crescendo durante a pandemia sobre a interação com robôs.

23/03/2021 13:30:02

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Quem conversa com um robô?

Quem conversa com um robô?

O mundo pós-pandemia da COVID-19, não é mais um modelo analógico-digital em transformação. Com tantas novidades tecnológicas e uso pleno da internet, a migração do modelo analógico para o digital está em sua fase de consolidação neste início de século vinte e um.

A novidade é que no período pós-COVID-19, ao que tudo indica, será de pura adaptação aos softwares robôs. A velocidade do ser humano para adequar-se aumentou substancialmente, por conta da pandemia. Com o impulso das soluções tecnológicas atuais, aplicadas ao modo de trabalhar – entre tantos outros aspectos da vida cotidiana –, dos anos 2020 à ruptura. 

Recentemente, a gigante de tecnologia Oracle e a empresa de consultoria em pesquisa de RH Workplace Intelligence realizaram estudos sobre este comportamento no ambiente corporativo. Foram 12 mil respondentes em onze países (dos Estados Unidos, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, França, Itália, Alemanha, Índia, Japão, China, Brasil e Coreia) sobre as novas formas de gestão do trabalho.

O New York Times publicou uma matéria do repórter especializado em tecnologia, Cade Metz, sobre o comportamento das pessoas no uso de chatbot, como o Replika. Segundo a reportagem, meio milhão de pessoas baixaram o robô de conversas por texto ou voz. Um recorde nos três anos de história do aplicativo.

Os dois fatos instigam, porque, ao verificar o comportamento das pessoas que são amostras nas duas fontes, os humanos preferem ter contato por textos ou falar com robôs. No caso da pesquisa da Oracle-Workplace Intelligence, o alvo são os profissionais do ambiente corporativo. Já na reportagem do New York Times, são cidadãos em geral.

O que estaria por trás de comportamentos tão instigantes? No caso do ambiente corporativo, ao que parece, a conversa com os robôs oferece maior apoio do que gestores humanos. 

Para os brasileiros, apenas 14% dos entrevistados preferem humanos aos robôs para apoiar sua saúde mental. Os respondentes acreditam que os robôs são mais livres nos questionamentos (46%) e propõe soluções mais imparciais (31%). O fato de 86% das pessoas aceitarem melhor a ideia de ter um robô como seu conselheiro nos assuntos empresariais é uma descoberta que impressiona.

Por outro prisma, a professora do Massachusetts Insititute of Technology (MIT), Sherry Turkle, afirma que por estarmos diante das telas muito tempo é natural que assimilemos as conversas com máquinas, baseada em inteligência artificial, como algo normal. A professora de estudos sociais salienta, porém, que este comportamento é motivo de preocupação. “Nossos ‘músculos emocionais’ não se desenvolvem conversando com máquinas, mas na interação com as pessoas”, afirma. 

O trabalho é uma das dimensões de satisfação das pessoas, tema estudado por cientistas do desenvolvimento humano e por profissionais da área de gestão de pessoas. O que surge como um novo padrão e que foi acelerado pela pandemia COVID-19 são os riscos de interagirmos exclusivamente com máquinas baseadas em inteligência artificial. 

Essa instigante questão guarda relação com o que o historiador Yuval Harari coloca no seu livro Homo Deus: quem estará no controle? E quem estará a serviço do desenvolvimento humano? 

A dimensão humana do trabalho, sob a ótica da relação entre pessoas, estaria ameaçada pela introdução massiva de gestores robôs que seriam perfeitos nas sessões de feedback com seus liderados? Quais as consequências dessa nova relação em que o gestor seria uma máquina e seu liderado um ser humano? Como estariam valorizadas as pessoas com habilidades para gerir conflitos, criar melhores ambientes de trabalho e, sobretudo, manter o clima organizacional? As reuniões de gestores de pessoas nas organizações passariam a ser uma troca de mensagens entre serviços de webservices? 

As relações humanas no mundo pós-pandemia terão tantas novidades que talvez nem mesmo iremos perceber cada uma delas. A tecnologia a serviço dos seres humanos sempre será útil. Quando ela se voltar contra o seu desenvolvedor, é provável que tenhamos um novo desafio a resolver. 

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