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Novo “velho” problema: inflação

Neste artigo, entenda o cenário da inflação no Brasil e o que esperar dos próximos meses.

23/04/2021 13:30

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Novo “velho” problema: inflação

Novo “velho” problema: inflação Foto: Ivo Brasil / Pexels

O brasileiro voltou a ouvir sobre um assunto que não escutava há tempos: inflação. O assunto tomou novamente a mídia quando a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, pode chegar a 7,5% em 12 meses, contando de maio de 2020 a abril de 2021. Isso preocupa, pois a meta para este ano é de 3,75%. O Banco Central (BC), até baseado neste índice, já iniciou um processo de alta de juros no ano, passando a Selic de 2% para 2,75% e já encomendando novas altas para as próximas reuniões.

Contudo, o importante é entendermos a estrutura dessa nova inflação. Como que, mesmo com o País em plena queda do Produto Interno Bruto (PIB) temos inflação? A resposta consta numa única frase: estamos importando inflação.

O processo se inicia quando percebemos que o mundo já começou a crescer no pós-pandemia, principalmente os Estados Unidos e a China, que respondem por quase 50% do PIB mundial. O país americano já está com aumento em diversas variáveis, ainda tem poupança forçada pela pandemia para gastar, conta com um pacote de quase U$ 2 trilhões de auxílio e dispõe de quase 50% da população vacinada. 

Já na Ásia, a China já experimenta crescimento desde meados do ano passado. Assim, os países já começaram a comprar mais commodities, principalmente petróleo, soja e milho. Este fenômeno elevou substancialmente os preços destas em dólar.

Internamente, para manter a economia aquecida, o BC baixou os juros para 2%. Isso fez com que os títulos do governo brasileiro ficassem menos atrativos para estrangeiros e diminuísse a quantidade de dólares no País. Como consequência, tivemos uma desvalorização significativa do real. Se os preços de commodities subiram em dólar, e este se valorizou em relação ao real, o preço daquelas em real subiram com muita intensidade, afetando diretamente o preço dos alimentos.

Outros processos internos também tiveram influência na inflação. No segundo semestre do ano passado, o auxílio emergencial jogou mais de R$ 200 bilhões na economia, usados principalmente no varejo, especificamente em supermercados e farmácias. Os recursos que foram alocados para supermercados, em sua maior parte, foram para alimentos, intensificando o efeito nos preços.

Também contribuem para o processo as incertezas políticas e econômicas, aumentando o risco Brasil, afugentando ainda mais investidores estrangeiros e reforçando a desvalorização do real e o aumento nos preços. Dois fatores são os mais importantes nesse contexto: o imbróglio do orçamento sobre a nova Lei do Orçamento Anual (LOA) e a formação da chamada “CPI da Saúde”, que deixam os investidores receosos quanto à segurança de investir por aqui.

Além de todos esses fatores, há ainda mais um fenômeno a ser considerado: por um motivo técnico, a inflação oficial está sendo subestimada, pois os pesos considerados são fixos anteriores à pandemia, ou seja, baseado numa certa cesta de consumo das pessoas antes desse período. 

Antes das limitações impostas pelo cenário sanitário, consumíamos mais serviços que hoje, assim, os preços desses serviços estão bem mais baixos atualmente e contribuindo (artificialmente) para a baixa dos índices. Por outro lado, os bens que estamos demandando mais – alimentos, por exemplo –, aumentam com mais intensidade e maior proporção da nossa renda. Basicamente, a inflação, por um motivo técnico, que sentimos em nosso bolso é maior que a oficial.

Em suma, devemos ter mais alguns meses de inflação subindo, até chegar próximo a 7,5% em 12 meses, em junho. Após isso, devemos observar uma baixa dos índices, mas ainda acima da meta imposta pelo BC. 

Portanto, podemos esperar mais subidas de juros da autoridade monetária até chegarmos próximo a 5,5% no fim do ano, taxa que, apesar de mais alta atualmente, ainda é bem mais baixa que as mais altas já registradas no Brasil. 

Esse problema da inflação deve nos afligir apenas neste ano, voltando à normalidade posteriormente. Para isso, o governo tem de tomar as rédeas do ajuste fiscal, promovendo ajuda a empresas e indivíduos enquanto perdurar a pandemia e, depois, traçando um plano arrojado de ajustes das contas públicas.

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