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ARTIGO DE ECONOMIA

O dilema do Banco Central

Neste artigo, o especialista comenta sobre o dilema do BC com relação à decisão da nova taxa de juros.

13/09/2024 15:45

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O dilema do Banco Central

O dilema do Banco Central

O Banco Central (Bacen) enfrentará um dilema na próxima quarta-feira (18), quando decidirá a nova taxa de juros. Ainda que a inflação permaneça comportada, com números melhores que o esperado, a economia continua a dar sinais de aquecimento excessivo. 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, divulgado pelo IBGE, registrou queda de 0,02%. Com isso, o acumulado no ano chega a 2,85%, atingindo, nos últimos 12 meses, 4,24% — abaixo da banda superior da meta. Esse resultado é consideravelmente inferior ao de agosto do ano passado, quando o indicador subiu 0,23%.

Ao detalhar esses números, nota-se um comportamento favorável. Por exemplo, o grupo de alimentação e bebidas apontou deflação de 0,44%, influenciado pela queda de 0,73% na alimentação em domicílio. Alimentação fora do domicílio, por sua vez, teve alta de 0,33%.

O setor de Serviços, que registrou variação de 0,24% no mês, também mostrou bom comportamento, revertendo a expansão de 0,75% observada no mês passado. No entanto, a volatilidade dos dados exige cautela ao se projetar um arrefecimento definitivo nesse setor. 

O boletim Focus, divulgado no início da semana, já sinalizou as expectativas do mercado: a projeção do IPCA para este ano continuou subindo, enquanto as estimativas para 2025 e 2026 se mantiveram estáveis (4,3%, 3,92% e 3,6%, respectivamente). 

A previsão para a Selic também foi revisada para cima, passando de 10,5% para 11,25%, em 2024, e de 10% para 10,25%, em 2025. O mercado interpreta esses ajustes como uma indicação de que o controle da inflação poderá exigir novas elevações na taxa de juros.

Os dados de emprego reforçam esse cenário de aquecimento econômico. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego caiu para 6,8% no trimestre encerrado em julho, comparado aos 7,9% no mesmo período do ano anterior — é a menor taxa desde 2012. 

A inflação dos serviços dependentes de mão de obra, de acordo com o Departamento de Economia da XP Investimentos, manteve-se em 0,29%, após registrar 0,36% e 0,3% nos meses anteriores. A renda real também alcançou o maior patamar da história. 

Conforme os dados do IBGE, a massa salarial efetiva avançou 0,6%, impulsionada pela expansão do emprego e pelo aumento do rendimento médio, que teve variação positiva de 0,5% na comparação mensal ajustada sazonalmente.

O mesmo acontece com o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que cresceu 1,4% em relação ao primeiro, com ajuste sazonal, apresentando alta de 3,3% na comparação com o segundo trimestre de 2023 e superando as expectativas do mercado. O crédito e o setor externo também têm contribuído para manter a economia em ritmo acelerado.

Embora os índices de inflação não reflitam diretamente, há uma pressão relevante de demanda que continua a afetar a economia brasileira. Essa situação exige cautela por parte do Bacen, que, na reunião da próxima semana, deverá avaliar cuidadosamente se manterá a Selic estável ou promoverá uma elevação gradual — possivelmente, de 0,25 ponto porcentual —, como o mercado já espera, apoiado nos recentes pronunciamentos do presidente e dos diretores da instituição.

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