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ARTIGO DE ECONOMIA

Apesar dos bons números do ano passado, 2025 pede cautela

2025 começa com sinais de desaceleração na indústria, no comércio e no mercado de trabalho.

20/02/2025 13:30

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Apesar dos bons números do ano passado, 2025 pede cautela

Apesar dos bons números do ano passado, 2025 pede cautela

A divulgação do IBC-Br, um indicador que antecipa a tendência do Produto Interno Bruto (PIB), mostrou um crescimento de 3,8% em 2024, sinalizando que o PIB oficial também deverá registrar alta superior a 3% no ano. No entanto, essa é uma análise retrospectiva, refletindo o desempenho passado da economia, sem necessariamente indicar as perspectivas futuras. E as projeções para 2025 são bem diferentes. 

Parte relevante dos números do ano passado decorreu da expansão fiscal do governo. Mesmo com uma redução no índice das vagas de trabalho, os gastos com seguro-desemprego atingiram patamares elevados. As despesas com o Bolsa Família mais que triplicaram nos últimos dois anos, enquanto os pagamentos de precatórios somaram R$167 bilhões. Somando esses fatores ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), o total ultrapassa R$500 bilhões. Para os próximos meses, o espaço para a política fiscal está consideravelmente reduzido. A relação entre dívida e PIB aumentou quase 10 pontos porcentuais (p.p.) em dois anos, tornando o mercado mais sensível às variações nos gastos governamentais, o que tem impacto imediato sobre o câmbio. Paralelamente, a inflação segue pressionada: a última pesquisa Focus aponta para um IPCA próximo de 6% neste ano, bem acima da meta superior de 4,5%. Caso as previsões se confirmem, o Banco Central (Bacen) não conseguirá cumprir o objetivo inflacionário.

Nesse contexto, os juros, que iniciaram em 2024 em 11,25%, subiram para 13,25% e já vislumbram nova alta contratada para 14,25%. Como a política monetária demora cerca de seis meses para surtir efeito, a economia ainda sentirá o impacto das elevações de juros iniciadas em meados do ano passado. Dessa forma, 2025 começa com um perfil de ajuste, caracterizado pela contração fiscal e pela política monetária restritiva, na tentativa de conter a inflação. O cenário é de entraves para a economia real.

E os primeiros sinais de desaceleração já aparecem. Na Indústria, a despeito do crescimento de 3,1% no ano passado, houve três quedas mensais consecutivas, totalizando uma retração de 1,2%. Segmentos que estimularam o desempenho do setor, como bens de capital (9,1%) e bens de consumo duráveis, tendem a ser os mais afetados pelos juros elevados. Os Serviços, por sua vez, acumularam queda de 1,9% nos dois últimos meses de 2024, enquanto o Comércio ampliado recuou 2,7% no mesmo período. No mercado de trabalho, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou uma perda de 536 mil vagas em dezembro, o segundo pior resultado da série histórica.

Contudo, mesmo que a economia esteja esfriando, alguns setores ainda apontam demanda aquecida. A indústria automobilística cresceu 15,1% no mês passado, em comparação ao mesmo período do ano anterior, após uma alta de 9,7% ao longo de 2024. As importações também bateram recorde: em janeiro, cresceram 12,2% na comparação anual, com volume avançando 19,5%.

Frente a essa conjuntura, o primeiro semestre pode manter algum dinamismo sustentado pelo mercado de trabalho ainda relativamente positivo. O segundo semestre, porém, tende a ser mais desafiador, com ajustes econômicos se tornando mais evidentes e afetando a atividade empresarial.

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