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REFORMA TRIBUTÁRIA

Reforma Tributária: empresas enfrentam transição com testes em junho

Empresas precisam se adaptar ao novo sistema de impostos para evitar prejuízos.

30/05/2025 18:00

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Reforma Tributária: empresas enfrentam transição com testes em junho

Reforma Tributária: empresas enfrentam transição com testes em junho

A Reforma Tributária brasileira entrou em mais uma fase decisiva: já no próximo mês de junho, 500 empresas poderão testar as diretrizes centrais do sistema de apuração e arrecadação de impostos criado pela maior mudança fiscal do país nas últimas décadas. Além disso, no início de 2026, as alíquotas iniciais do IBS e do CBS começarão a ser aplicadas em caráter oficial.

Em outras palavras: o processo de transição já se tornou um fato jurídico, político e econômico. Quem ainda trata a Reforma como um projeto em debate está atrasado: ela já é a realidade constitucional, ainda que parte de suas regras venham a ser implementadas no longo decurso de implementação da Emenda Constitucional Nº 132/23, prevista para se encerrar apenas em 2032.

Como se sabe, o novo modelo substituirá cinco tributos – PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI – por dois: a CBS, de competência federal, e o IBS, compartilhado entre estados e municípios, dentro da lógica de um IVA Dual.

E, ainda que a unificação busque atacar a disfuncionalidade histórica do sistema atual – excesso de cumulatividade, guerra fiscal, insegurança jurídica e custos elevados de conformidade – naturalmente, essa mudança não será simples e vem carregada de desafios próprios de ordem operacional e estratégica que vão muito além da mera adaptação contábil.

Dentre outros pontos, a Reforma impõe o princípio da não cumulatividade plena, a partir do qual todo imposto pago poderá ser creditado ao longo da cadeia das empresas. Isso traz uma mudança profunda na estrutura de custos das organizações, que precisarão contar com um acompanhamento minucioso de suas etapas produtivas para que não percam potenciais possibilidades de redução de custos fiscais em um tempo em que o modelo atual de benefício fiscal tende a ser eliminado com o fim de impostos como o ICMS.

Outro ponto-chave será o split payment, mecanismo pelo qual o valor do imposto será automaticamente separado no momento da transação e direcionado diretamente ao fisco. A ideia é eliminar a inadimplência e aumentar ainda mais o poder de arrecadação tributária do país, mas isso implicará em impactos importantes nos fluxos de caixa das empresas, especialmente nas que operam com margens apertadas ou longos ciclos financeiros.

Em outras palavras: estamos falando de um redesenho profundo da relação entre contribuinte e Estado que demanda uma adaptação e estudo urgente das mudanças, já que o relógio corre contra as empresas.

E é aí que mora um dos maiores riscos deste momento: o descompasso entre a velocidade da transição e o grau de preparação dos contribuintes. Ainda há muitas incertezas em aberto, mas essa é justamente a hora de buscar apoio estratégico, investir em processos de digitalização e fazer da Reforma uma oportunidade para um olhar mais estratégico sobre os processos fiscais dos negócios.

Participar dos debates em torno da construção dos pontos complementares da Reforma também é fundamental e, recentemente, a Receita abriu essa possibilidade para entidades nacionais até o fim de maio. Ao ignorar essa jornada legislativa, as empresas correm o risco de serem atropeladas pela mudança.

Finalmente, o longo período de convivência entre os dois sistemas agrava esse cenário. Durante esse período, os contribuintes terão de lidar com dois regimes de apuração e a simplificação prometida virá apenas no longo prazo — para os próximos anos, é preciso equilibrar os pratos e encontrar caminhos para a conformidade em meio a “dois reis” para o nosso sistema de apuração de impostos.

Com tudo isso, a ideia de que ainda “há tempo” para se adaptar ignora que os testes começam em semanas, que a CBS e o IBS já estão a caminho, e que erros de preparação hoje podem significar passivos amanhã.

A Reforma Tributária não é uma realidade distante. Ela já começou. E sua contagem regressiva avança sem pausa — com impactos reais sobre o caixa, os processos e a competitividade das organizações do país. Esperar para ver é uma escolha que pode sair cara demais e quem se preparar desde já deverá colher frutos positivos para crescer com segurança.

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