A discussão sobre reforma tributária no Brasil vem se intensificando nos últimos meses, especialmente com a chegada das regulamentações que darão forma definitiva à transição para o novo modelo de tributação sobre o consumo que será iniciado já em 2026. Apesar do debate ter se concentrado em áreas como contabilidade, tecnologia e operações, o ponto de partida das discussões deveria ser a área de Recursos Humanos.
Para Fernanda Malta, especialista na área de impostos, a conscientização sobre tributos não pode mais ser exclusiva das áreas técnicas. “A própria referência da Reforma Tributária, é a Reforma sobre o Consumo, ou seja, a mudança que estamos vivendo vai impactar diretamente cada um de nós na pessoa física, seja na forma como consumimos, como trabalhamos e/ou como nos relacionamos com o nosso próprio dinheiro”, explica ela. Segundo a profissional, a Reforma não é apenas um conjunto de leis, mas sim um verdadeiro divisor de águas na maneira como a sociedade lida com a arrecadação e a distribuição de seus recursos.
A executiva ainda reforça que o papel do RH é essencial neste processo. “Quando dizemos que ela começa pelo RH, estamos falando que para que ela seja efetiva, é necessário estabelecer a conexão entre essa grande mudança que está se concretizando com a realidade de cada um. É preciso preparar as pessoas para compreender esse novo contexto, inclusive com ações educativas que tornem o tributo mais palpável, mais próximo da realidade de cada um.
No Brasil, estamos acostumados a ver as discussões tributárias somente no âmbito empresarial e dentro da área financeira. "Contudo, estamos diante da Reforma Tributária de todos nós. A Reforma tem que viralizar”, diz Fernanda.
Thaís Borges, diretora comercial e de marketing da Systax, uma das maiores empresas de tecnologia fiscal e tributária do Brasil, concorda, e acrescenta que o RH tem papel central na construção de uma consciência coletiva. “Ao promover diálogos, treinamentos e programas que expliquem como as mudanças afetam o salário, o poder de compra e até a negociação de benefícios, é possível mostrar de forma prática como cada colaborador será afetado”, esclarece.
Ainda de acordo com a diretora, a Reforma também é uma oportunidade para ir além nas discussões corporativas. “Precisamos olhar para essa mudança fiscal e entender como trazer o tema tributário para o centro das discussões corporativas, não apenas entre contadores e advogados, mas entre todos os colaboradores”, reforça Thais.
Formação de cultura tributária começa dentro de casa
A Reforma mudará as alíquotas, a forma de cálculo dos tributos e a percepção dos contribuintes em relação ao pagamento dos impostos no final da cadeia produtiva. Sendo assim, as especialistas defendem que com mais transparência, também será necessário compreender melhor o sistema.
“Estamos diante de uma mudança que vai desde o contracheque até a gôndola do supermercado. O colaborador precisa entender que os benefícios que ele recebe têm uma carga tributária embutida, e que o novo modelo pode impactar diretamente no seu custo de vida. Essa compreensão traz mais engajamento e responsabilidade”, explica Fernanda.
Já para Thais, as empresas que adotarem desde cedo uma cultura tributária focada em informação, transparência e educação poderão se destacar no mercado. Para isso, é importante envolver o setor de Recursos Humanos desde o início, não apenas como apoio, mas com participação ativa.
“A Reforma Tributária é um tema que diz respeito a todos, não apenas a especialistas. E se queremos que as mudanças tenham aderência e fluidez, precisamos garantir que cada pessoa compreenda seu papel nesse processo. Afinal, os tributos fazem parte do nosso dia a dia e refletem nossas escolhas e atitudes”, finaliza a diretora.
Fonte: Thais Borges, diretora comercial e de marketing da Systax e Fernanda Malta, especialista no setor tributário