Por décadas, a economia da China foi símbolo de rápida expansão e industrialização em massa. Em 2025, no entanto, começam a surgir os limites desse modelo. Apesar de o país ainda registrar um crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 5%, esse número mascara desequilíbrios estruturais que comprometem a sustentabilidade econômica no longo prazo.
Um dos principais entraves é a queda na produtividade marginal do capital. O modelo baseado em investimentos públicos massivos e expansão acelerada da infraestrutura apresenta sinais de esgotamento. O retorno sobre o capital investido vem diminuindo, enquanto a dívida das empresas estatais e dos governos locais — principalmente as ocultas em balanços paralelos — desponta como um risco sistêmico. A crise no setor imobiliário, responsável por cerca de um quarto do PIB, é um reflexo direto desse desequilíbrio, com excesso de oferta, desvalorização dos ativos e alta inadimplência entre as incorporadoras, além do comprometimento da poupança das famílias, agravando a percepção de empobrecimento.
Ademais, a demanda interna permanece fraca. O consumo dos lares responde por apenas cerca de 38% do PIB — uma das proporções mais baixas entre as grandes economias — e não tem conseguido substituir as exportações e os investimentos como motores principais do crescimento. A presença de deflação, neste ano, em segmentos como bens duráveis reforça o diagnóstico de demanda agregada insuficiente.
No plano externo, a dependência das exportações torna-se um fator limitante em um quadro geopolítico adverso. A guerra comercial com os Estados Unidos se intensificou, com novas tarifas e restrições que afetam atividades estratégicas, como semicondutores e energia limpa. A tentativa de substituição de importações e fortalecimento da autossuficiência tecnológica esbarra em gargalos de inovação e na fuga de capitais.
Em resposta a tudo isso, o governo adotou estímulos fiscais com foco industrial e implementou uma política monetária moderadamente expansionista, por meio de cortes nas taxas de juros e nos requisitos de reserva bancária. No entanto, essas medidas se mostram insuficientes diante da necessidade urgente de reformas estruturais — como a liberalização do setor financeiro, a redução do peso das estatais e o fortalecimento da rede de proteção social, que poderia incentivar o consumo das famílias. O excesso de estímulos à Indústria, combinado com a queda dos ativos imobiliários e o enfraquecimento da percepção de riqueza, gerou uma economia marcada pelo excesso de oferta. Em uma conjuntura internacional menos receptiva ao comércio, esse excedente tem problemas para ser absorvido.
A China segue, neste ano, como uma potência econômica mundial. Contudo, o seu modelo de crescimento baseado em investimentos intensivos, controle estatal e exportações dá sinais claros de exaustão. A transição para uma nova matriz econômica — mais centrada no consumo interno, na inovação e em mais eficiência alocativa — é inevitável e custosa. Resta saber se o regime autoritário manterá o apoio interno necessário para conduzir esse processo em meio a crescentes impasses.