Após um crescimento expressivo de 3,4% no ano passado, a economia nacional dá sinais claros de desaceleração em 2025. No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) registrou alta de 1,4%. No entanto, ao desconsiderar o resultado do setor Agropecuário — principal motor do início do ano —, o avanço teria sido de apenas 0,2%, o que corresponde a uma taxa anualizada de 0,8%.
A tendência de perda de fôlego fica mais evidente quando analisamos os principais setores da economia: Indústria, Serviços e Varejo. Em todos os casos, a expansão acumulada em 12 meses supera o registrado no ano corrente. No caso da Indústria, houve crescimento de 2,4% nesses últimos 12 meses, mas apenas 1,4% entre janeiro e abril. Os Serviços, por sua vez, avançaram 2,7% no período anual, contra 2,2% no acumulado deste ano. Já o Varejo apresentou um recuo mais acentuado, com crescimento de 2,7% em 12 meses e apenas 1% no ano.
Indicadores de alta frequência reforçam essa situação. O Monitor do PIB, da Fundação Getulio Vargas (FGV), apontou uma retração de 0,4% em abril — a maior queda mensal desde outubro de 2024. Já o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, registrou crescimento modesto de 0,2% no mesmo mês, apontando perda de dinamismo.
Essa desaceleração se espalha por diversos segmentos. Por exemplo, o consumo das famílias recuou 0,1% em abril; o consumo do governo, 1,4%; e os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo — FBCF) caíram 1,2%, conforme dados da FGV. A Agropecuária, que havia sustentado a expansão no início do ano, perdeu tração, ao passo que a Indústria continua instável, enquanto apenas os Serviços mantiveram crescimento, com alta de 0,4%.
Dentre os fatores que explicam esse quadro, destaca-se a política monetária restritiva adotada para conter a inflação. Com a taxa Selic a 15% ao ano (a.a.), o custo do crédito permanecerá elevado, limitando tanto o consumo quanto os investimentos. O alto nível de endividamento das famílias agrava a situação, restringindo ainda mais a demanda interna.
Um ponto de atenção aqui é o mercado de trabalho, que tende a reagir com defasagem ao ciclo econômico, em decorrência da rigidez das leis laborais. Com isso, os custos com mão de obra permanecem pressionados, mesmo em um ambiente de atividade enfraquecida, comprimindo as margens das empresas.
Com isso, as projeções para o crescimento do PIB em 2025 já vêm sendo revistas para baixo. Segundo o boletim Focus, do Banco Central (BC), a expectativa é de uma expansão de apenas 2,2% no ano. Para o segundo semestre, a previsão é de um desempenho próximo à estabilidade, com menor contribuição do Agro e arrefecimento dos setores cíclicos, como Indústria e Comércio.
Na tentativa de suavizar os efeitos disso, o governo tem recorrido a medidas de estímulo à renda, como a antecipação do pagamento de precatórios e a ampliação do crédito consignado.
No entanto, caso essas iniciativas persistam em um cenário de mercado de trabalho aquecido, o resultado pode ser contraproducente — com aumento da inflação e, como consequência, necessidade de juros ainda mais altos. Fato é que a economia nacional entra em uma fase de transição.
O desafio, agora, é sustentar o nível de atividade em um momento de juros elevados, crédito restrito e menor estímulo externo. A coordenação entre as políticas monetária, fiscal e de crédito será importantíssima para garantir uma retomada equilibrada e sustentável.