Quando falamos em educação financeira, logo pensamos em poupar, investir e evitar dívidas. Mas há um tema frequentemente esquecido ou subestimado: a proteção do patrimônio pessoal e familiar. Esse é um aspecto crucial, pois, após conquistar algo com muito esforço, um imprevisto pode colocar tudo a perder.
Na educação financeira, temos duas medidas básicas de proteção: a prevenção e, quando ela não é suficiente, o seguro surge como a melhor alternativa para minimizar prejuízos que possam comprometer a estabilidade financeira. É nesse contexto que o seguro patrimonial se torna peça-chave para garantir a continuidade dos sonhos e a segurança financeira.
Apesar disso, o brasileiro ainda demonstra resistência a esse tipo de proteção, especialmente quando comparado a outros países. É recomendado que o seguro seja tratado como parte essencial do orçamento, assim como a reserva de emergência. Reservar entre 1% e 3% da renda mensal para seguros pode evitar prejuízos muito maiores no futuro.
O Brasil tem avançado no acesso a seguros, mas ainda engatinha quando o assunto é proteção patrimonial. Segundo a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), o seguro residencial cresceu 25% entre 2017 e 2021, mas cobre apenas 17% das residências. Isso significa que mais de 80% das casas permanecem vulneráveis a incêndios, roubos e desastres naturais.
Em 2023, o setor de seguros patrimoniais arrecadou R$ 46,9 bilhões, mas o país ainda apresenta uma das maiores “lacunas de proteção” do mundo: apenas 7% dos prejuízos econômicos são ressarcidos por seguros, segundo estudo internacional. O restante recai diretamente sobre famílias e empresas — muitas vezes, levando à perda total do patrimônio.
Essa resistência ao seguro patrimonial tem raízes culturais e comportamentais. Pesquisas mostram que muitos brasileiros enxergam o seguro como um gasto desnecessário ou acreditam que “nunca vão precisar”. O medo da burocracia ou de não receber a indenização também contribui para essa percepção. No entanto, dados do setor indicam que a maioria dos sinistros é paga corretamente, e o custo médio do seguro residencial representa menos de 0,2% do valor do imóvel por ano. Outro ponto que pode ser percebido,: é que o investimento dos seguros geralmente é “pago” quando olhamos para os benefícios de assistências que podem ser acionados, como chaveiros, eletricistas e outros.
Além disso, a psicologia financeira nos mostra que temos tendência a subestimar riscos e supervalorizar recompensas imediatas. Isso faz com que o seguro, um investimento em prevenção, seja deixado em segundo plano diante de outros desejos de consumo.
Integrar o seguro patrimonial ao planejamento financeiro é sinal de consciência e inteligência. Ele atua como uma rede de proteção, em que a Seguradora assegura o risco de eventos que poderiam comprometer anos de esforço, conforme as coberturas contratadas. Seja para proteger a casa, o carro, a empresa ou objetos de valor, o seguro evita que imprevistos se tornem tragédias financeiras.
Felizmente, a educação financeira vem ajudando a mudar esse cenário. A área de gestão de finanças pessoais do Banco Central, em parceria com o Sescoop, há décadas promove esclarecimentos sobre esse tema por meio das aulas oferecidas em cooperativas de crédito, como o Sistema Ailos, por exemplo.
A escolha do seguro patrimonial deve começar por uma análise honesta dos riscos, vai muito além do produto: Qual o valor do patrimônio? Quais ameaças são mais prováveis na sua região? O que seria mais difícil de repor? Com essas respostas, compare as opções disponíveis, avalie a reputação das seguradoras e leia atentamente as condições das apólices. Inclua o seguro no planejamento anual da família ou da empresa. Revise as coberturas periodicamente e ajuste-as conforme mudanças no patrimônio ou no perfil de risco.
O seguro patrimonial não é apenas um produto: é uma atitude de responsabilidade e cuidado com o que conquistamos. É garantir que nossos sonhos estejam protegidos, mesmo diante dos imprevistos.
Afinal, quem planeja o futuro também protege o presente.
Pot: Diogo Angioleti, especialista em finanças e comportamento do Sistema Ailos
Fonte: Ailos